21 DE NOVEMBRO DE 2009 — EDIÇÃO Nº 2012
A história de Ângela Kátia Paiva Déa, responsável pela DF do Distrito Mem de Sá, CRJ, comprova que, de fato, não há nada mais forte do que a oração de uma mãe. Enxergar o filho como um verdadeiro tesouro tirou a angústia de seu coração e deu lugar à esperança de vê-lo longe das drogas e construindo um futuro promissor. “Eu era a única pessoa que acreditava em meu filho!” Um ato de amor incondicional e muita coragem.
Kátia, Lauro e Nelson Jerônimo compartilham a alegria de viver em harmonia e de conquistar muitas vitórias
Como a sra. Kaneko Ikeda afirmou em sua mensagem à Divisão Feminina pela passagem do Ano-Novo: “... meu marido e eu sempre costumamos dizer um ao outro, todas as adversidades e provações são uma fonte de crescimento, sementes de grande boa sorte para nós que praticamos o Budismo de Nitiren Daishonin”1, é exatamente assim que vejo cada “provação” que passei.
Como a sra. Kaneko Ikeda afirmou em sua mensagem à Divisão Feminina pela passagem do Ano-Novo: “... meu marido e eu sempre costumamos dizer um ao outro, todas as adversidades e provações são uma fonte de crescimento, sementes de grande boa sorte para nós que praticamos o Budismo de Nitiren Daishonin”1, é exatamente assim que vejo cada “provação” que passei.
E talvez a maior de todas tenha sido a vitória que conquistei como mãe, ao ver meu filho Lauro recuperado das drogas, trabalhando, atuando na organização.
Nada pode deixar uma mãe mais feliz do que ver o filho no mundo Soka. Quando criança, tive uma família com muitos problemas por causa do desajuste emocional da minha mãe, que era internada regularmente, havia tentado suicídio e me culpava pelos sofrimentos dela.
As brigas entre minha mãe e eu eram constantes.
Em meio a uma delas, um amigo da minha irmã deixou uma frase escrita num papel.
Era Nam-myoho-rengue-kyo.
Na época, fiquei sem entender como isso poderia me ajudar. Fugi de casa, aos 18 anos, para me livrar dos problemas. Dessa “aventura”, resultou uma gravidez. Voltei para casa com um filho nos braços. Meus pais aceitaram o neto, mas pediram que eu procurasse um lugar para morar. Foi tudo muito difícil. Nessas condições, encontrei o Budismo Nitiren novamente.
Li um Brasil Seikyo no qual constava um trecho do escrito de Nitiren Daishonin, “Carta de Ano-Novo”: “O inferno está no coração da pessoa que insulta seu pai ou desrespeita sua mãe”. 2
Decidi recitar Daimoku disposta a mudar os sentimentos que tinha em relação a meus pais. A partir do momento em que passei a ter gratidão por eles, os benefícios começaram a surgir. Fui contratada para trabalhar num conceituado instituto de pesquisa e meus pais permitiram que eu voltasse para casa e consagrasse o Gohonzon na sala. Os resultados da harmonia familiar eram evidentes.
Uma filosofia de vida, um direcionamento correto, aceitar é fácil, difícil é manter a prática budista, pouco tempo depois, por falta de entendimento e compreensão do Budismo Nitiren, minha mãe começou a criticar.
Mais uma vez, por desentendimento com ela, fui obrigada a deixar a casa de meus pais. Agora era diferente: eu tinha uma filosofia de vida e um Mestre. Com base na frase “Quando se sentir derrotada, inicie novamente seu objetivo recitando Nam-myoho-rengue-kyo”, renovei minha decisão de contribuir ainda mais pelo Kossen-rufu e, nessa fase, ajudei três pessoas a ingressarem na BSGI.
Lauro morava com o pai em Guapimirim, Magé, município do RJ, e passava alguns fins de semana comigo. Depois de muitos anos, já na adolescência dele, casei-me novamente. Morando comigo, a rebeldia de Lauro se evidenciava fortemente e era proveniente da minha ausência como mãe na infância dele.
Lauro não me perdoava por ter ido morar com o pai. Em Guapimirim, ele começou a usar drogas e até a cometer pequenos furtos para comprá-la. Frequentemente, sumia dinheiro da minha bolsa.
Eu não acreditava que poderia ser o meu filho. Não dava mais para fugir, como na adolescência, tinha de encarar os problemas de frente.
Até que meu filho começou a sair de casa e a não voltar mais. Desesperada, eu saía atrás dele pelas ruas e o encontrava com mendigos, às vezes cheirando cola, buscava-o nas praças, nos parques à noite e sempre o encontrava com más companhias, usando crack.
Eram momentos dramáticos. Muitas vezes, não o reconhecia, sentia medo. Sofria demais e também me culpava por isso.
Escrevi uma carta ao Mestre, o líder da SGI, Daisaku Ikeda, relatando minhas angústias e meus sentimentos. A resposta foi: “Estarei orando pela saúde e felicidade de seus familiares”. O que me encheu de esperança e coragem!
Decidi fazer uma grandiosa luta para dissipar esse sofrimento. Assumi a função de responsável pela Divisão Feminina de comunidade. Realizava as reuniões em minha casa; às terças-feiras, recitávamos Daimoku; às quintas-feiras, era reunião para membros e convidados.
Também estudava os discursos do presidente Ikeda com os companheiros e, por meio dessas ações, obtivemos um grande avanço nas assinaturas mensais e semestrais. As atividades me ajudavam a superar.
O relato de Kurumi Maruyama, coordenadora da DF de Hiroshima, no Japão, que constava na matéria a ser estudada numa atividade do Grupo Coração me trouxe ainda mais coragem.
O filho dela também era rebelde e tinha se tornado líder de uma gangue.
Ela orava até amanhecer e quando o filho voltava para casa, gritava que não adiantava ela praticar o budismo porque nada ia mudar. Assim como eu, ela também sentia medo e era responsável de comunidade.
Uma líder disse a ela: “Enquanto achar que o problema é do seu filho, nada mudará. A partir do momento em que sentir de coração que ele é um tesouro, a situação irá se transformar”.3
As palavras de Kurumi neste relato, “Eu, como mãe, conheço mais do que ninguém meu filho, e sei o quanto ele é amável. Vou confiar nele mesmo que todos o abandonem”4, tornaram-se a minha própria decisão. Como mãe, eu também precisava acreditar no meu filho e reconhecer que ele possui o estado de Buda. Comecei a orar com a disposição de mudar a mim mesma, de forjar minha própria vida.
A mudança do coração da mãe muda o filho De fato, quando comecei a mudar o meu coração, Lauro também começou a mudar. Eu agora enxergava o meu filho como um verdadeiro tesouro. Consegui perceber que, com a própria vida dele, dava-me a chance de me empenhar mais e mais pelo crescimento da comunidade e pela felicidade das pessoas.
A angústia do meu coração deu lugar a uma enorme esperança.
Fui nomeada responsável pela DF de distrito e meu marido, Nelson Jerônimo, responsável de comunidade e do Grupo Alvorada pelo distrito.
Fizemos uma grande campanha de divulgação dos impressos e entrega do BS.
Espontaneamente, Lauro decidiu se internar numa clínica para dependentes químicos.
Conseguimos uma excelente clínica, onde ele ficou por dois meses e de onde saiu recuperado.
Assim como o filho da sra. Kurumi, ele hoje trabalha dignamente, é um grande valor no bloco onde atua e toda vez que conversamos sempre diz que me ama e agradece por eu ser a única pessoa que não desistiu dele e acreditou em sua vitória. Cada vez que ouço isso, meu coração se enche de alegria.
Recordo-me sempre das palavras do meu Mestre: “Estarei orando pela saúde e felicidade de seus familiares”. E me vem à mente, uma frase da mensagem enviada por ele e Kaneko Ikeda pela comemoração da Reunião Comemorativa do Dia da DF da BSGI este ano: “Avancem conquistando a vitória junto comigo”.
Avancei e venci junto com o meu Mestre!
Notas: 1. Brasil Seikyo, edição no 1.968 e 1.969, 1o de janeiro de 2009, pág. A2. / 2. Gosho “Carta de Ano-Novo” / 3. Brasil Seikyo, edição no 1.949, 26 de julho de 2008, pág. B6. / 4. Ibidem.