quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A importância do Gohonzon.

" Hase: Poderíamos iniciar falando da fé, pois, na cultura ocidental, é, realmente, muito comum, antes de crer, desejar saber o porquê das coisas, não é mesmo?

Fonseca: É verdade, principalmente quando se trata de religião. Falando do povo brasileiro, especificamente, muitos crêem que existe um ser superior coordenando suas ações, ou então não acreditam em nada que lhes é externo. Não há meio termo. (Risos.) Por isso, muitas vezes, não entendem a importância de receberem o Gohonzon, por acharem que se trata de mais um objeto do qual dependerão para serem felizes.

Cláudia: O budismo ensina que todas as pessoas possuem dentro de si o estado de Buda, e que precisa ativá-lo para manifestar a sabedoria e, dessa forma, compreender a real essência de todos os fenômenos. O Gohonzon seria o meio para manifestar o estado de Buda. Nitiren Daishonin o deixou escrito para que nós, ao recitarmos Daimoku diante dele, sempre lembremos desse infinito estado que possuímos e manifestemos a coragem de transformar tudo.
Além disso, como também aprendemos com o presidente Ikeda, tudo que se tem valor é registrado em papel. O dinheiro é papel, nossos documentos estão em papel. Enfim, dependendo do que consta no papel, ele tem um valor imensurável. No caso do Gohonzon, contém o estado de Buda. Por isso, tem seu grande valor.

Hase: Ao inscrever o Dai-Gohonzon, Nitiren Daishonin não deixou gravado nele sua imagem, mas sim seu elevado estado de vida após comprovar sua condição máxima como Buda Original dos Últimos Dias da Lei. Ou seja, deixou registrado seu estado de Buda. Se simplesmente tivesse apenas falado do Nam-myoho-rengue-kyo, mas não registrado, certamente o valor da Lei seria perdido.

Cláudia: No Gohonzon estão contidos todos os estados de vida, sendo que no centro está a palavra Nam-myoho-rengue-kyo, a Lei fundamental por meio da qual as pessoas manifestam o estado de Buda. Por isso, quando uma pessoa recita Nam-myoho-rengue-kyo diante do Gohonzon, é capaz de manifestar a mesma condição iluminada do Buda.

Fonseca: Muitos não conseguem compreender a importância de ter o Gohonzon consagrado por acreditarem que, pelo fato de possuírem o estado de Buda em sua vida, ele não é necessário. Mas, fazendo uma analogia, é dito que dois terços do organismo humano é composto por água. Ou seja, por que então é necessário tomar água todos os dias? Certamente, para repor o que é perdido diariamente. Em nosso cotidiano, podemos ser levados por diversas situações, que nos fazem manifestar desde o estado de vida mais baixo até o mais elevado. O estado de Buda continua sempre ali, dentro de nós. Quando oramos ao Gohonzon, é como se alimentássemos esse estado de vida para termos sabedoria em nosso dia-a-dia. É como se “hidratássemos” nosso corpo, como no caso da necessidade da água, para enxergarmos tudo com base na visão de um buda.

Cláudia: Este exemplo é muito interessante. Todos necessitam de água, independentemente de já terem uma certa quantia em seu organismo. Da mesma forma, todos precisam elevar, a cada dia, seu estado de vida para enfrentar as difíceis situações que se apresentam no dia-a-dia e não se deixarem abalar por elas.

Hase: Um ponto muito importante que gostaria de ressaltar é que, quando estamos diante do Gohonzon, exercitamos também a relação de mestre e discípulo, princípio essencial da doutrina budista. Por quê? Se pararmos para analisar, quem foi o mestre de Nitiren Daishonin?
Ao estudar o budismo com o coordenador do Departamento de Estudo da SGI, Katsuji Saito, ele nos esclareceu que o mestre do Buda é a própria Lei. Ou seja, que Nitiren Daishonin se empenhou efetivamente em seus dias, passou por todas as provações para comprovar a grandiosidade da Lei. Foi após a Perseguição de Tatsunokuti, em que ele se declarou como Buda Original, comprovando realmente a veracidade da Lei, que começou inscrever e a conceder o Gohonzon a alguns de seus discípulos.

Cláudia: No Gohonzon está contida a grandiosidade da Lei. Ao recitar Daimoku diante dele, manifestamos em nós justamente a grande força da Lei, do Universo, e conduzimos nossa vida a um rumo correto, iluminando nossa escuridão fundamental. "

TC - JANEIRO DE 2007 — EDIÇÃO Nº 461