BS, edição Nº 502
Rodrigo vive uma experiência única nos Emirados Árabes Unidos. Natural de Santos, São Paulo, o jovem está em Dubai a trabalho e busca adquirir conhecimentos para que, num futuro breve, possa aplicar o aprendizado no Brasil.
Perfil por Rogéria e José Manuel, pais; e Danilo , irmão Descrever o Rodrigo é falar em alegria. Em todos os lugares em que ele está, não há tristeza. É um companheiro excepcional e sempre disposto a estar junto com os amigos. Ele é muito sensível.
Um fato que demonstrou isso foi quando a responsável pela DF do Bloco Carvalho de Mendonça, adoeceu gravemente. Junto com o BS, Rodrigo entregou a ela uma carta de incentivo, que a deixou bastante emocionada.
Nosso filho é muito determinado, persegue seus sonhos até conseguir. Quanto mais difícil for o objetivo, maior é o seu empenho. Rodrigo é um eterno menino grande!
As caminhadas no fim de tarde à beira-mar e o bate-papo com os amigos na Ponta da Praia são recordações de Rodrigo, membro da DMJ da Comunidade Campo Grande, RM Santos. Há dois anos, a rotina do jovem mudou radicalmente. Viajou cerca de 12.700 quilômetros e desembarcou em Dubai para trabalhar no único hotel sete estrelas do mundo. Por seus cuidados, já passaram chefes de Estado, famílias reais, celebridades e diretores de grandes empresas.
Determinação, oração e persistência são as palavras-chave que fizeram Rodrigo concretizar seu grande sonho.
Rodrigo nasceu numa família de praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin. Aos sete anos começou a participar das atividades da Divisão dos Estudantes e da Banda Infanto-Juvenil do Taiyo Ongakutai.
O jovem recorda com carinho os momentos vividos no grupo. “No Ongakutai, tive a oportunidade de conhecer meus grandes amigos, além de receber treinamento para ser uma pessoa vitoriosa na Organização e na sociedade”, conta.
Em 1995, Rogéria, mãe de Rodrigo, sofreu uma parada cardíaca por quarenta minutos. Ela ficou em coma durante três dias e permaneceu 59 dias internada. “A única sequela que ela teve foi a perda parcial da memória, além do implante de um desfibrilador cardíaco no coração. Minha mãe surpreendeu todos os médicos com a sua recuperação.”
Em 2000, o jovem terminou o Ensino Médio. Ingressou na faculdade de Fisioterapia no ano seguinte e conseguiu o primeiro emprego numa rede de fast-food. “Depois, trabalhei como vendedor de roupas e de computadores”, lembra.
Em 2004, ele trancou a matrícula na faculdade, pois descobriu que não gostava da área. “Realizei várias pesquisas de mercado de trabalho e pensei muito sobre os possíveis ramos de atuação. Optei pela área de Hospitalidade.”
Dois anos depois, Rodrigo iniciou um curso técnico de Hotelaria. No fim do ano, ele foi selecionado para trabalhar por seis meses num cruzeiro marítimo pelo México, Estados Unidos, Canadá e Alasca. Nesse período, o jovem se apaixonou pela área de Hospitalidade. Quando retornou concluiu o curso técnico e decidiu que seguiria essa área.
A determinação é o que importa!
No ano de 2008, o jovem começou a cursar Hotelaria. Durante uma aula, a professora comentou sobre o único hotel sete estrelas do mundo, localizado em Dubai. “Quando ela terminou de apresentá-lo, levantei-me e disse: ‘Professora, um dia vou trabalhar nesse hotel!’”
Rodrigo diz que a oportunidade de morar no exterior iniciou com aquela determinação, conforme a frase de Nitiren Daishonin: “Suponhamos que alguém escreva algo à noite, sob a luz de uma lamparina. Ainda que a luz se apague, os caracteres gravados permanecem exatamente como foram escritos”.1
Em 2009, ele recebeu o convite para participar de um processo seletivo numa empresa ligada à área de Hospitalidade com matriz em Dubai.
“Havia 350 pessoas com o mesmo objetivo. Depois de uma semana, recebi a confirmação de que fora selecionado para trabalhar em Dubai.
O agente da seleção me deu os parabéns por ser privilegiado para trabalhar no único hotel sete estrelas do mundo. Fiquei surpreso porque não sabia que a empresa era administradora desse hotel”, ressalta.
Antes de embarcar, um susto
Quando Rodrigo fazia os exames médicos para admissão na empresa, uma radiografia do pulmão acusou a existência de tubérculos.2 Ele realizou outros procedimentos que confirmaram a tuberculose. “Não poderia embarcar para os Emirados Árabes naquela condição”, conta.
Desolado, Rodrigo enviou uma notificação para a agência dizendo que precisaria cancelar o contrato de trabalho.
Imediatamente, ele começou o tratamento de quinze dias com fortes medicamentos. Os pais de Rodrigo incentivaram-no a procurar a opinião de outro médico.
“O mestre também sofria de tuberculose. Tomando a determinação dele como exemplo, continuei orando e marquei consulta com uma médica pneumologista.
Ela solicitou a repetição dos exames. O resultado revelou que as manchas haviam desaparecido”, afirma.
Rodrigo ainda fez o último exame a pedido da médica. Uma vez mais, o resultado deu negativo.
Nesse mesmo dia, o jovem abriu sua caixa de e-mails e leu uma mensagem da agência com o contrato de trabalho redigido.
“Eles me questionavam se eu tinha certeza de que desejava cancelar o contrato. Respondi dizendo que estava pronto para embarcar a qualquer momento. Alguns dias depois, tranquei a matrícula da faculdade de Hotelaria, recebi a passagem aérea e embarquei para Dubai.”
Ao chegar a Dubai, Rodrigo ficou impressionado com a moderna tecnologia e infraestrutura no meio do deserto.
Porém, o que mais lhe chamou a atenção foi a falta de alegria e de calor humano na população.
“No início foi difícil, pois me encontrava sozinho, longe das pessoas que amo. Estava num país de cultura bem diferente, com muitas regras a serem seguidas e uma comida que por diversas vezes, era impossível digerir”, diz.
Rodrigo divide o pequeno apartamento de quinze metros quadrados com um amigo da Macedônia. O jovem tem o Gohonzon consagrado no quarto, às vezes, para não incomodar o amigo, recita o Gongyo e o Daimoku mentalmente.
Ele sabe que precisa vencer as dificuldades diariamente. “Não é fácil, afinal, quando decidi morar no exterior foi com o objetivo de me desenvolver profissionalmente, aprender outros idiomas e estreitar os laços de amizade entre os povos.”
Daqui a alguns anos, Rodrigo retornará ao Brasil para concluir a faculdade de Hotelaria e aplicar o conhecimento adquirido em seu campo de atuação. “Pretendo ser um empresário na área de Hospitalidade e de alimentos e bebidas”, sonha.
Enquanto esse momento não chega, ele continua caminhando pelas ruas de Dubai com a missão de plantar as sementes do Kossen-rufu nos Emirados Árabes.
“Gostaria de agradecer aos meus pais que sempre me apoiaram em minhas decisões, ao meu irmão que pacientemente me orienta e ao presidente Ikeda por enviar toda semana, por meio dos impressos, os incentivos que fizeram com que eu não desistisse”, conclui.
"O que vale não é o quanto se vive...
mas como se vive." (Martin Luther King Jr.)
"LAYSA ALAMR KAM SATAEESH BAL KAYFA TAEESH." (Martin Luther King Jr.)
Em outubro de 1999, participei da Convenção Cultural dos Jovens, conhecida como “Convenção da Chuva”.
Como integrante da banda masculina Taiyo Ongakutai compreendi quanto posso mudar qualquer tipo de circunstância adversa.
Num determinado momento, o Taiyo Ongakutai se apresentaria junto com a banda feminina Nova Era Kotekitai. Porém, a chuva não parava de cair. Estávamos concentrados nos bastidores com os instrumentos cobertos e recitando intenso Daimoku para que a chuva parasse.
No instante em que nossa apresentação foi anunciada, a chuva cessou. Esse fato é algo que guardarei por toda a vida. É uma prova de que “não existe oração sem resposta”.3
Dubai faz parte dos Emirados Árabes Unidos — uma confederação de sete estados de grande autonomia, situados no sudeste da Península Arábica, na entrada do Golfo Pérsico.
Num determinado momento, o Taiyo Ongakutai se apresentaria junto com a banda feminina Nova Era Kotekitai. Porém, a chuva não parava de cair. Estávamos concentrados nos bastidores com os instrumentos cobertos e recitando intenso Daimoku para que a chuva parasse.
No instante em que nossa apresentação foi anunciada, a chuva cessou. Esse fato é algo que guardarei por toda a vida. É uma prova de que “não existe oração sem resposta”.3
Dubai faz parte dos Emirados Árabes Unidos — uma confederação de sete estados de grande autonomia, situados no sudeste da Península Arábica, na entrada do Golfo Pérsico.
Os Emirados Árabes têm a sexta maior reserva de petróleo do mundo e uma das mais desenvolvidas economias do Oriente Médio.
A religião predominante é o islamismo com 76,4% de praticantes e o idioma oficial é o árabe.
Dubai é uma das principais economias no turismo e mercado imobiliário do Oriente Médio. A cidade é famosa por suas obras grandiosas e de forte apelo turístico, dentre elas destacam-se os arquipélagos artificiais Palm Islands e The World, o hotel Burj Al Arab e o edifício Burj Dubai.
Sementes do humanismo
Para suprir a saudade que sente do Brasil, seus pais lhe enviam o jornal Brasil Seikyo. O jovem já ensinou o Daimoku para uma muçulmana.
“Enquanto trabalhávamos, comentei que era budista. Impressionada, ela me disse:
‘Mas como você é budista? Você não é brasileiro?’
Nesse momento falei sobre o budismo e ensinei o Nam-myoho-rengue-kyo a ela. Foi difícil, mas depois de várias tentativas, ela conseguiu recitar!”
O jovem também propagou o budismo a uma amiga quando vivia no Brasil. “Por várias vezes, a convidei para reuniões, mas os horários nunca batiam. Ela estava interessada em saber sobre a religião e a orientei a recitar Daimoku”.
O objetivo da amiga de Rodrigo era trabalhar em Dubai. “Seis meses depois, ela conquistou seu sonho. Meus esforços para concretizar o Chakubuku continuam. O próximo passo é ensinar a ela o Gongyo e fazer com que realize a prática regularmente junto comigo!”
1. END, v. 1, p. 59. 2. Pequenas lesões que consistem em tecidos mortos de cor acinzentada, contendo a bactéria da tuberculose. 3. Frase de Nitikan Shonin, 26º sumo prelado.