sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Prática individual e prática altruística - jigyo keta.

Quando o poeta inglês John Donne escreveu no século XVII, “Nenhum ser humano é uma ilha, ninguém vive somente para si, todos fazem parte do continente, uma parte da terra firme”, ele expressou uma premissa básica do Budismo Mahayana. Ninguém existe isoladamente. Estamos ligados aos nossos pais que nos conceberam e nos criaram, aos professores que nos educaram e aos amigos que nos incentivaram. Estamos também unidos àqueles com quem nunca nos encontramos, mas que nos beneficiam plantando as frutas e verduras que comemos, confeccionando as roupas que vestimos, escrevendo os livros que nos transmitem conhecimento, enfim a uma infinidade de pessoas.

Essa compreensão deu origem ao que o budismo chama de caminho do bodhisattva. Um bodhisattva é aquele que se esforça para atingir a iluminação e para que outros também possam atingi-la.
Ele realiza os dois tipos de prática budista: a prática individual (jigyo) e a prática altruística (keta).

A prática individual consiste, por exemplo, da recitação do Gongyo (liturgia do Budismo de Nitiren Daishonin) e do Daimoku (Nam-myoho-rengue-kyo) diariamente, da participação nas diversas atividades e da dedicação ao estudo do budismo.

Como exemplos de prática altruística, podemos citar os esforços que realizamos para ensinar sobre o Gohonzon aos outros (Chakubuku) e as visitas para incentivar alguém a aprofundar a fé no budismo.
Em termos de benefícios, não há distinção entre os dois tipos de prática, ou seja, a realização tanto de uma como de outra, beneficiam tanto a nós próprios como aos outros. Por exemplo, o Daimoku que recitamos beneficia a nós próprios e àqueles a quem dedicamos nossas orações.

Os esforços que realizamos para incentivar os que se encontram em dificuldades beneficiam a nós próprios também. Quando uma pessoa inicia a prática e consegue comprovar a veracidade do budismo, esse benefício não é desfrutado somente por ela, mas por quem lhe ensinou essa filosofia. Isso se deve à profunda relação que temos com essas pessoas e às causas extremamente positivas que realizamos com essas nobres ações.

É por essa razão que ouvimos com freqüência que o caminho mais seguro para nossa revolução humana é a prática do Chakubuku.

Na escritura “Questões sobre os Três Grandes Ensinos Fundamentais”, Nitiren Daishonin declara: “O Daimoku que Nitiren recita agora no início dos Últimos Dias da Lei é o Nam-myoho-rengue-kyo que abrange tanto a prática individual como a altruística.” (Gosho Zenshu, pág. 1.023.)
Ele afirma também o seguinte na escritura “Perguntas e respostas sobre abraçar o Sutra de Lótus”: “Recite resolutamente o Nam-myoho-rengue-kyo e recomende aos outros que façam o mesmo, isso permanecerá como a única lembrança de sua presente vida neste mundo humano.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 166.)

Com base nessas frases, devemos recitar o Daimoku acreditando no Gohonzon e empenharmo-nos em ensinar sobre seus benefícios às demais pessoas. A fim de atingirmos as principais metas como praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin — a revolução humana e o Kossen-rufu (paz mundial) — precisamos nos empenhar nas duas práticas: individual e altruística. Essas duas formas de prática são como as rodas de um carro, uma completa a outra.

Fonte: TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 401, PÁG. 10, JANEIRO DE 2002.