Existem três leituras:
1. A primeira seria pensar que os Goshos foram escritos no Século XIII no Japão para um seguidor. Que relação tinha Daishonin com essa pessoa? Como o orientava em suas circunstâncias? Qual era a realidade nessa época?,etc. Esta seria uma leitura geral, mas superficial.
2. A segunda forma de ler o Gosho é pelo ponto de vista da minha própria fé. Pensar que esse Gosho foi escrito para mim, para as minhas circunstâncias, como se o carteiro tivesse batido à minha porta e entregue em minhas mãos um ensinamento que o Buda escreveu para que eu forjasse a minha fé. Desse modo, o Gosho se converte num ensinamento transcendental, que supera todo limite de tempo e espaço, pois trata-se de uma transmissão direta, de vida a vida, através das três existências.
O fato de que nos sintamos discípulos de Daishonin ou não, depende exclusivamente de nós, pois o mestre sempre está aberto igualmente para todas as pessoas. Quem pode sentir o laço eterno entre a vida do mestre e sua própria vida, quem pode cultivar, através de seus esforços, seriedade e determinação, a relação de mestre e discípulo, é a pessoa que cresce ilimitadamente e que, por sua vez, forja inumeráveis seguidores, sem deter-se diante de qualquer obstáculo.
Quando alguém lê o Gosho a partir deste enfoque, pode sentir a emoção e a riqueza que só se experimenta no mundo da fé. Só com base no Gosho e no Gohonzon, alguém pode forja-se como devoto verdadeiro e levantar-se só com o coração valente de um discípulo...
3. A terceira leitura, a mais profunda, é buscar o ensinamento do Gosho com séria determinação de refleti-la em cada um de nossos atos. Quer dizer, ler o Gosho com a vida e alcançar uma absoluta coerência e inseparabilidade entre o ensino de Daishonin e nosso comportamento como pessoa na vida diária.
A fé não existe fora de nossa conduta diária como seres humanos. Assim o disse o Gosho. Esta leitura, entrelaçada com a ação, implica um compromisso sem reservas e uma decisão que vá mais longe do que as teorias ou palavras. Todos devemos ter este tipo de fé, inseparável da vida cotidiana.
Então, abordemos o estudo do Gosho com toda a seriedade e responsabilidade e reflitamos sobre estas perguntas:
1. Qual é a essência profunda do Gosho que acabo de estudar? Pude compreende-lo verdadeiramente, além do aspecto superficial?
2. Que decisão pude tomar em minha vida diária, para aplicar o espírito deste ensino e triunfar?
Outro aspecto importante é não encarar o estudo do Gosho como uma aquisição de conhecimentos de fora para dentro. Dessa forma, nunca poderá sentir o Gosho como parte de si. Ao contrário, o estudo do Gosho é despertar algo que está dentro de nós e que, portanto, não será necessário memorizar ou recordar, pois nos pertence.
Uma vez que termine a reunião, porque não voltar a ler as frases de ouro a cada semana, depois de fazer daimoku, até sentir a emoção de haver extraído todo seu significado?
O processo de incorporar o Gosho à vida diária e fazer dele a base de nossos atos, é tão árduo e longo, como a vida de todo devoto. De modo que estudemos com perseverança e assiduidade este ano e todos os anos vindouros...
Fonte: Argentina Seikyo (01 de fevereiro de 1992) enviado originalmente em espanhol por SELVIS STOCEL
Tradução: Cristina De Gregório Grimaldi Muniz Revisão: Rita de Cássia Ribeiro