sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De todos os papéis, o melhor é o de ser feliz!

30 DE JANEIRO DE 2010 — EDIÇÃO Nº 2021
Um ator vive os mais variados personagens e histórias. E como encarar o drama da vida diária, livre de um personagem, com os seus próprios conflitos, medos, descobertas, alegrias? Esse grande ator, homem carismático e simplesmente adorável conta como descobriu o seu maior papel — o de ser feliz no palco da vida.
São experiências riquíssimas que tem vivenciado a partir do seu encontro com o Budismo Nitiren.
Rogério Freitas é responsável pelo Distrito Ipanema, Subcoordenadoria Centro, CRJ.

Budismo é comportamento, atitude, exemplo
Posso resumir minha história numa única frase: Sou feliz! Budismo é comportamento, atitude, exemplo. É estar bem não importando o que aconteça. E isso só se consegue por meio de uma revolução interior adquirida pela recitação de Nam-myoho-rengue-kyo.
Levei anos para entender que precisava primeiro realizar a minha transformação interna para então obter a tão almejada transformação externa. Costumo dizer aos iniciantes na prática do Budismo Nitiren: Acreditem! Recitem Daimoku e solucionem os problemas mais prementes; depois, continuem recitando Daimoku que a vida mudará com certeza! E quando sentirem que estão mudando, recitem ainda mais Daimoku em agradecimento!
Como ator de teatro sempre tive uma situação financeira muito difícil. No auge da minha angústia profissional, econômica, emocional, afetiva, depois de muitas noites de insônia, fui a uma reunião para convidados que mudou minha maneira de pensar e agir. Talvez não tivesse a dimensão do que o meu amigo estava me apresentando — a filosofia do Budismo Nitiren. Era algo extraordinário! Sem perceber, iniciava ali a minha revolução humana.
Naquela noite, dormi como há muito tempo não fazia. Não só dormi como sonhei. Sonhei que escalava um pico com muita dificuldade. Ao chegar no cume, descobri um vale muito grande com uma vila onde todos viviam muito felizes e era ali que eu desejava viver... No dia seguinte, iniciei a recitação de Daimoku para valer. Primeiro cinco minutos, depois 20 minutos diários. Os efeitos logo começaram a surgir. Inexplicavelmente, fui começando a sair daquela angústia, parei de choramingar e me fazer de coitadinho. Fui eliminando meus problemas emocionais e afetivos. Entre os amigos, passei a causar espanto. Achavam-me bem, tranquilo, perguntavam o que estava acontecendo comigo. Era a energia do Daimoku!
Os perrengues continuavam, mas eu passava melhor por eles. Comecei a achar que merecia uma vida melhor. Resolvi colocar os meus objetivos num papel, dando-me um prazo para cada um deles. Determinei que tivesse um trabalho com um salário que merecesse, que fosse tratado como o grande ator que sou e passei a recitar 40 minutos de Daimoku diários. Exatamente um mês depois, recebi um telefonema para protagonizar um espetáculo, num dos melhores teatros do Rio de Janeiro, com um elenco de peso, salário fixo e sem depender de bilheteria — o valor que eu havia determinado. Com esse trabalho, conquistei maior respeito da crítica e da classe. Essa foi a primeira prova real que me fez ingressar na BSGI em 2003.

A mudança veio de dentro para fora
Porém, a situação financeira voltou a ficar a mesma logo em seguida. Estudando o budismo, praticando e participando das reuniões fui percebendo que era uma tendência cármica que se repetia, mais ou menos, de quatro em quatro anos. De fato, fui me tornando uma pessoa melhor, mas no que dizia respeito à grana foi ficando cada vez pior. Cheguei ao ponto de ter todos os meus cartões de créditos cancelados por falta de pagamento, meu cheque especial suspenso, devia dinheiro ao meu irmão, à minha irmã, a amigos, além de ter três empréstimos com juros altíssimos no banco. Trabalho que era bom, nada. Não surgiam boas oportunidades.
A essa altura, eu já vinha assumindo funções dentro da organização.
Como líder, eu transmitia as palavras do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, incentivava as pessoas e ajudava os membros a comprovarem a Lei Mística na vida.
Tarefa nada fácil quando não se está comprovando na própria vida. Mas, sabia que não existe oração sem resposta. Se eu ainda não tinha mudado essa questão era porque ainda precisava mudar algo dentro de mim. Seguia em frente nas atividades da organização, sem desanimar, recitando muito Daimoku, às vezes só com o dinheiro da ­passagem ou a pé. Confiante que isso ia mudar. Como diz uma veterana amiga “enquanto se tem dúvida e sofre, nada adianta”.
Ouvi de outra veterana: “Rogério, você tem que transformar sua condição econômica a partir da participação no Departamento de Kofu. O que está esperando?” Palavras duras, mas que me fizeram mudar. A partir daí, comecei a dar mais atenção ao Kofu. Dediquei-me mais às visitas, passando de um total de dez no ano para dez no mês. No banco em que movimentava meu dinheiro, ou seja, minhas dívidas, não conseguia mais manter a conta. Minha contribuição no Departamento de Kofu era sempre de três cotas, que tirava do especial, aumentando meu negativo. “Isso não é budismo!”, pensava.
Determinei tirar a minha contribuição de um saldo positivo e negociar as dívidas assim que pudesse. Antes de praticar o budismo, uma situação como essa me levaria ao total desespero. Paralelamente, procurei algo que pudesse me dar um dinheiro a mais. Não dava para ficar esperando pintar um trabalho no teatro e parti para a área de vendas.
Acordava às 6h da manhã, comecei o treinamento e as visitas aos clientes. E recitava duas horas de Daimoku diárias. Essa era a minha determinação!

O caminho extraordinário da filosofia budista
A partir dessa ação, os trabalhos como ator começaram a surgir. De tal maneira, que eu não tive mais tempo de ir ao treinamento. Não vendi nada. Os cachês aumentaram a partir do momento em que decidi me valorizar, recusando trabalhos com cachês baixos mesmo precisando muito e estando zerado. Concluí que precisava apenas fazer o movimento para que o Universo conspirasse a meu favor. Como disse outro veterano: “você ainda não transformou isso porque é covarde!”.
Entendi... O que faltava era a ação! Ao encerrar aquele trimestre, eu tinha triplicado o valor da minha contribuição, somando vários papeizinhos de depósito de cada dinheiro que entrava e parte das minhas contas também já tinham sido pagas. Os trabalhos continuaram aparecendo com cachês muito bons e o dinheiro surgia de situações que eu jamais poderia imaginar. Quitei todas as dívidas e ainda fiquei com uma pequena poupança. Profissionalmente, nunca mais faltou trabalho.
Participo do espetáculo “Estranho Casal”, em São Paulo , com mais três budistas (Carmo Dalla Vecchia — meu apresentador; Edson Fieschi — ator e produtor do espetáculo junto com Luciano Borges Rezende, também produtor). Este espetáculo é fruto de oração e ação, principalmente da determinação do Luciano. É um sucesso de crítica e de público! Participei da novela “A Favorita” e hoje já estou ensaiando um musical para estrear em março no Rio de Janeiro. Procuro sempre ensinar às pessoas esse caminho extraordinário da filosofia budista. Oito pessoas se tornaram membros da BSGI. Tenho a boa sorte de ter alguns deles como líderes de bloco, comunidade e distrito (minha responsável pela DF de distrito, por exemplo, Giselda Mauler, foi apresentada ao budismo por mim).
O budismo me trouxe serenidade, sabedoria para enfrentar qualquer dificuldade quer seja no trabalho, na família, na roda de amigos ou na sociedade. Hoje, muito mais do que me ajudar a resolver meus problemas, é perceber que não existe problema que me abale.
Foi num desses elencos, numa produção que pagava muito mal também, que conheci o Carmo. Durante os ensaios, ele me chamava a atenção porque estava sempre bem. Tudo dava errado, mas ele saía feliz, tranquilo, enquanto eu me estressava totalmente. Quando me falou sobre o Budismo Nitiren, comecei a perceber de onde vinha a tranquilidade dele e a felicidade que ele me apresentava tinha fundamento. Estava apoiado numa convicção de viver bem, independentemente do obstáculo.
Ele prometeu me levar numa reunião para convidados. Nesse meio tempo, ele me falava de carma, causa e efeito, veneno em remédio, Daishonin, onshitsu (levei séculos para decorar essa palavra), me passou o Nam-myoho-rengue-kyo e me pediu que recitasse por cinco minutos. Eu fazia de vez em quando só para dizer a ele que fiz, caso perguntasse. Quando eu perguntava o que significava vinha um monte de coisa confusa (para mim).
Às vezes, ele ainda dizia: “tô com uma vontade de recitar Daimoku!” Eu ficava besta... mais besta ainda fiquei ao ver o tamanho do oratório na casa dele. Pensei: “Esse móvel não tem nada a ver com a sala...” Um dia entre um ensaio e outro de uma cena, ele pediu que eu lesse um artigo na Terceira Civilização e sentou do meu lado. Tive que ler! (risos). Era um artigo do presidente Ikeda sobre como recitar Daimoku e os benefícios que traz. Foi aí que passei a aceitar mais algumas coisas que o Carmo falava. Um tempo depois fui a reunião para convidados e descobri a extraordinária força da Lei Mística. Bom... essa parte já contei!
Agradeço ao meu amigo Carmo Dalla Vecchia por ter me apresentado essa poderosa filosofia de vida e ao meu Mestre, Daisaku Ikeda.