sexta-feira, 22 de março de 2013

Oratório, Oferecimentos Budistas.

O Gohonzon é a entidade da vida de Nitiren Daishonin, o Buda Original dos Últimos Dias da Lei. 
Receber o Gohonzon é como receber o próprio Buda em sua casa, assim sendo, você desejara colocá-lo respeitosamente num lugar onde seria mais apropriado.

O altar ou butsudan aloja o Gohonzon, a fonte de felicidade e prosperidade para você e sua família que medita, faz daimoku, diante dele.

Tente obter um altar que expresse seu sincero sentimento ao Gohonzon. 
Não há necessidade, porém, de gastar além de suas possibilidades. 
À medida que você vai entendendo a grandeza do Gohonzon, naturalmente desejará dignificar o local onde está consagrado.

OS OFERECIMENTOS

Oferecimentos ao Gohonzon são importantes expressão de nossa fé e não devem ser negligenciados. 
O mais importante em fazer tais oferecimentos é o nosso desejo de expressar nossa gratidão ao Gohonzon. 
Limpar o altar, oferecer água fresca todos os dias, frutas e folhagem verde, acender velas e queimar incenso enquanto fazemos o Gongyo e recitamos o Daimoku, são formas de gratidão, respeito e, também,  dignificar o local onde esta consagrado o Gohonzon.



O oferecimento de ramos, velas, incenso. representa devoção aos três tesouros: 
(1º) O Buda  
(2º) A Lei Nam-Myoho-Rengue-Kyo 
(3º) Os praticantes do Budismo 

Pode-se usar duas velas, dois vasos ou uma vela e um vaso. A tríade de ramos, velas e incensos têm vários significados simbólicos, inclusive as três verdades, as três propriedades, e os três potenciais inerentes da Natureza do Buda. 

Em termos de três verdades, as velas simbolizam a verdade de não substancialidade, os ramos verdes, a verdade da existência temporária, e o incenso, a verdade do caminho do Meio

Em termos de três propriedades, o incenso representa a propriedade da Lei; as velas representam a propriedade espiritual iluminada do Buda, ou a propriedade da sabedoria; e o verde representa a propriedade física iluminada do Buda, ou a propriedade da benevolência. 

Em termos dos três potenciais inerentes da natureza do Buda, o incenso representa o inato estado de Buda, as velas, a sabedoria para percebê-lo, o verde, a capacidade nos relacionar com o ambiente que nos permitirá manifestar o Estado de Buda. 

Porta Água
A tradição de oferecer Água originou-se na Índia, o berço do Budismo. Sendo a Índia uma região quente, a água era considerada uma preciosidade desde os tempos mais remotos -  as qualidades de purificar e refrescar eram apreciadas - e era costumeiro oferecê-la aos hospedes. 

Por extensão, veio mais tarde a ser oferecida diante de túmulos e santuários Budistas. Na Soka Gakkai como forma de expressar nossa sinceridade na fé, oferecemos ao Gohonzon um copo de água fresca todas as manhãs, e no decorrer dos anos, o costume de remover e jogar a água, geralmente antes do gongyo (recitação do Sutra) da noite, foi se estabelecendo.



Oferecer Velasa luz significa a sabedoria do Buda porque ilumina a escuridão.

As escrituras budistas relacionam o oferecimento de luz, como a sabedoria que dispersa a escuridão provinda da ignorância. Assim, as velas são um oferecimento de luz.


Entretanto, na época de Nitiren Daishonin, as velas ainda não existiam no Japão e a principal fonte de luz, eram as lamparinas à óleo. De fato, há passagens nas escrituras de Nitiren que comprovam esta teoria: "uma lamparina brilha quando óleo é adicionado".


O significado de oferecimentos de luz é ilustrado por atos como o da mulher pobre que vendeu os seus próprios cabelos para vendê-los e comprar óleo (para o Buda) sendo que as chamas produzidas pelo seu oferecimento não foram apagadas, mesmo pelos ventos vindos do Monte Sumeru.

Castiçal 


Tradicionalmente, velas brancas têm sido utilizadas, mas não há nenhuma doutrina que proíba o uso de outras cores. Esta é uma escolha pessoal. Embora, em locais aonde são realizadas reuniões, é aconselhável o uso do bom senso, para que seja utilizado um cor de preferência da maioria. Geralmente, velas muito coloridas podem distrair as pessoas deixando que elas consigam concentrar no Gohonzon.

Além disso, em locais aonde haja perigo de incêndio, é desaconselhável o uso de velas. Atualmente, muitos membros utilizam velas elétricas. Em suma, o que importa é o nosso sentimento em iluminar em honrar a área diante do Gohonzon.


Oferecer Alimentos e Bebidas: numa época, como hoje, em que muitos passavam fome, o oferecimento de alimentos é o anseio a prosperidade para todas as pessoas

Porta Arroz
No Japão, uma taça com arroz cozido é geralmente oferecida diante do Gohonzon durante a refeição e bolinhos de arroz (mochi) são oferecidos no dia do Ano Novo. 

Na carta de Ano Novo de Nitiren Daishonin há menção sobre o oferecimento de bolinhos de arroz, pois este tem sido o alimento básico de muitos países asiáticos, e por esta razão, é natural que tenha sido usado como um oferecimento budista.

Frutas também tem sido um oferecimento comum em muitos países, talvez porque não seja um alimento que pereça rapidamente. 

No dia do Ano Novo e outras datas significativas ( casamento, nascimento, fundação da Soka Gakkai, etc), é comum no Japão oferecer duas garrafas de sake (destilado feito à base de arroz). 

Oferecimento de Frutas e Água
Como declarou o 28th Sumo Prelado, Nichiu, no seu "Sobre as formalidades": "Desde que a sinceridade é expressa através do ato de oferecer sake dentro da sociedade secular neste país, a sinceridade no Budismo também pode ser expressa através do oferecimento de sake".

Como mencionado acima, o oferecimento de alimentos e bebidas são significativos quando feitos com sinceridade. A escolha do alimento pode ser uma questão de preferência cultural e pessoal. Como temos visto, as formalidades budistas são derivadas das culturas indiana, chinesa e japonesa e desta maneira, irá envolver outras culturas locais no decorrer dos tempos.

Incenso que eu uso.
O incenso tem sido usado tradicionalmente pra criar uma atmosfera de pureza e fragrância em frente ao oratório Budista. O oferecimento de fragrância na presença do Buda e freqüentemente mencionada em muitas escrituras Budistas, inclusive no Sutra de Lótus. Na Soka Gakkai o incenso e queimado diante do altar durante o Gongyo da manhã e da noite como uma expressão de sinceridade ao Gohonzon.

Algumas escolas budistas acendem incensos de pé. Nossa tradição tem sido de queimá-los na horizontal

Esta também, não é uma questão doutrinária, embora algumas explicações tenham sido acrescentadas no decorrer dos séculos pelos clérigos.


Queimador de Incenso


Em ocasiões especiais e missas para falecidos, há o oferecimento de três pitadas de incenso em pó sobre uma brasa. Embora, em certas ocasiões, somente uma pitada é oferecida. Elas simbolizam as três formas na qual o carma é criado – pensamentos, palavras e ações.

Ramos Verdes. Flores são coloridas e agradáveis aos olhos, mas murcham e secam em pouco tempo - assim temos que trocá-las quase que diariamente. 

Do ponto de vista Budista, todos os oferecimentos devem ser frescos. Não devemos representar a efemeridade  e sim a eternidade do Buda cujo ensino leva todas as pessoas a iluminação “por dez mil anos e mais”. 

Vaso com Shikimi artificial
As plantas oferecidas diante do eterno e supremo Gohonzon devem expressar as virtudes da eternidade e pureza da vida. Ramos verdes, com sua perpetua vitalidade, são mais apropriados do que flores. No Japão, uma aromática planta verde chamada “SHIKIMI” é bastante usada. Mas qualquer planta verde disponível pode ser usada.

Como o shikimi não é disponível no Ocidente, outros tipos de folhagens – incluindo as artificiais – tem sido utilizadas pelos membros da SGI. O oferecimento de folhagem tem sido feito com o espírito de seguir as palavras de Daishonin
"Caso se recite o nome do buda, o sutra ou meramente se ofereça flores ou incenso, todos os seus atos virtuosos irão implantar benefícios em sua vida. Como esta convicção, deve-se transformar sua fé, em prática". 

Além disso, consta no Sutra de Lótus

"Os reis Brahma..levaram as flores celestiais e jogaram-nas sobre o Buda". O Sutra de Lótus também narra sobre os monumentos erigidos com a perfumada madeira de sândalo e outras plantas em homenagem ao Buda, após o seu falecimento.

O presidente Ikeda escreveu: 

"Há um conceito no Budismo conhecido como zuiho bini – que, enquanto não se desvia dos ensinos básicos do budismo de Daishonin, é adequado seguir as formalidades budistas de acordo com os costumes e maneiras de cada região e de acordo com a época.


Sobre o Sino: o primeiro capitulo do Sutra de Lótus diz: 
“Deus e dragões, seres humanos e não humanos, fazem continuamente oferecimentos de perfume e musica...”. 

O Sutra de Lótus e outras escrituras Budistas, mencionam freqüentemente o oferecimento da musica ao Buda. De modo similar, tocar o sino durante o Gongyo serve para louvar o Buda e alegrar o espírito. 
Não deve tocar o sino de modo agressivo, mas de forma agradável aos ouvidos. Não é necessário preocupar-se muito sobre isso; apenas tenha em mente este ponto fundamental; se você mora em apartamentos ou com outras pessoas, tenha o cuidado de não tocar o sino muito alto de modo que possa perturbá-los. 

Nós também usamos o sino como um sinal para os outros, quando recitamos com um grupo de pessoas."

O Juzu é um implemento para oração usado quando se faz o Gongyo e Daimoku. O rosário da Soka Gakkai tem 112 contas, sem contar as das bordas. 

Essas 112 contas representa os 108 desejos mundanos e os quatros lideres dos Bodhisattvas da Terra. 


Os quatros Bodhisattvas representam as quatro virtudes de vida do Buda: o verdadeiro eu, a eternidade, a pureza e a felicidade da vida. 

Eles significam, que abraçando o Gohonzon e devotando a pratica do Nam-Myoho-Rengue-Kyo, podemos transformar nossas ilusões e sofrimentos desde o infinito passado, não importando quais sejam as causas, em alegria e iluminação. 

O juzu deve ser usado colocando a extremidade com três bordas no dedo médio da mão direita e a outra com duas borlas no dedo médio da mão esquerda, conservando os cordéis centrais cruzados em forma de X.

A respeito do ato de esfregá-lo ou não em nossas orações, não há uma clara explicação sobre este ponto. Devido ao budismo de Nitiren Daishonin não ser restringido por rígidas formalidade, é incorreto dizer que não se deve esfregá-los, mas devemos ter em mente que o ato de esfregar continua e vigorosamente pode demonstrar um hábito gerado pelo nervosismo, que poderá atrapalhar a nossa concentração e daqueles que estão ao nosso redor. 




No último capítulo do Sutra de Lótus, consta a passagem: "Sente-se ereto e pondere sobre a realidade última". Assim, com o objetivo de alcançar a mais plena satisfação em nossas orações, é melhor sentar-se de forma calma e sem emoções excessivas enquanto oramos.

Desde que utilizamos o rosário como parte de nossa prática budista, é aconselhável tratá-lo com respeito. Caso ele se quebre, não há problema em jogá-lo fora, o mesmo pode ser dito em relação aos sutras antigos que não iremos usar mais.

Muitas pessoas carregam seus juzus todo o tempo, mas, não há regras sobre tal hábito. Poderia se dizer que portá-lo, ajudaria a aumentar o orgulho e sendo de responsabilidade como um Budista. Provavelmente por isso tenha ouvido dizer para portá-lo sempre.
Entretanto, as circunstâncias individuais diferem de pessoa para pessoa . Logo, será melhor decidir caso por caso. Como em tudo, o importante é manter uma fé pura no Gohonzon e baseando neste principio, decidir o que fazer em cada situação.

Veja a explicação com a ilustração aquio significado do Juzu.

Outras formalidades

Existe um princípio budista chamado zuiho-bini , ou seja, ou a prática do budismo de acordo com a condição e cultura do local. Assim, o budismo de Nitiren Daishonin foi introduzido no Ocidente por praticantes que imigraram do Japão. Este ponto deve ser sempre lembrado. 

Sutras - Livrinhos de Gongyo.
Entretanto, é importante reconhecer que este pioneiros trouxeram consigo algumas formalidades que eram natural dentro do contexto da cultura japonesa, mas não podem ser estritamente aplicados em outras culturas.

Por outro lado, não é possível simplesmente rejeitar as formalidades, mas sim, devemos observá-las como uma expressão de sinceridade. Pois, caso as rejeitarmos totalmente, poderemos enfraquecer nossa própria fé e prática e consequentemente, nosso crescimento. Em outro extremo, se insistirmos sob a égide de uma rígida formalidade não haverá espaço para ações espontâneas que irão desenvolver nossa prática.

Em qualquer caso, a essência do budismo reside sempre em desafiar a si mesmo e fazer emergir o nosso estado de Buda, não de adotarmos um ritual religioso cheio de cerimônias. 

Naturalmente, o elevado estado de vida que alcançamos através da prática budista pode ser refletido nos atos de sinceridade expressos no comportamento individual. Neste sentido, a qualidade de nossos oferecimentos e a prova real em nossas vidas são um claro espelho da condição de nossa fé.

Conclusão

O presidente Ikeda referiu-se sobre a relação dos ensinos budistas e as formalidades: 

"O ensino essencial no budismo de Nitiren Daishonin é recitar o Nam-Myoho-Rengue-Kyo ao Gohonzon. Estudá-lo e propagá-lo são de significado ímpar no âmbito da prática da fé. Todas as outras questões pertencer ao campo da formalidade, na qual varia de acordo com a condição da época.

O budismo de Nitiren Daishonin é seu correto caminho de prática é uma filosofia convincente para qualquer pessoa nos dias de hoje. Desde, que Nitiren Daishonin será sempre o buda dos Últimos Dias da Lei, ele não iria propor um ensino que não fizesse senso para gerações futuras".

Por esta razão, as formalidades concernentes ao ato de oferecimento ao Gohonzon devem ser facilmente compreensíveis para aqueles que vivem no local onde o budismo está sendo propagado. (WT-16 de abril)

Fontes:
Ted Morino 
World Tribune – Semanário publicado pela SGI-USA – 16/04/1999

Paulo Junior (DMJ)
Terceira Civilização, Janeiro de 1987.