Revista TC Edição 519
A parábola das ervas medicinais
A igualdade não contradiz a diversidade. As duas formam os pilares que sustentam uma cultura de paz e, ao mesmo tempo, são o caminho para que cada ser humano atinja a felicidade absoluta.
Dentre as sete parábolas contidas no Sutra de Lótus, a dos Três Tipos de Ervas Medicinais e dos Dois Tipos de Árvores é a única a enfatizar a diversidade dos seres vivos e a benevolência igual e imparcial da sabedoria do estado de Buda. Por meio dessa metáfora é apresentado o empenho persistente do Buda em conduzir as pessoas a atingir o mesmo estado iluminado da vida que ele possui.
Três tipos de ervas e dois tipos de árvores
Em resumo, a parábola diz que vários tipos de árvores e de ervas medicinais crescem nas montanhas e nas corredeiras, nas ravinas e nos vales de todo o mundo. Além disso, essas plantas são diferentes no nome e na forma. Dessas várias gramas e árvores, as ervas medicinais distinguem-se como “superiores”, “médias” e “inferiores”; e as árvores, como “largas” ou “pequenas”. Por isso, a parábola recebeu o nome de Três Tipos de Ervas Medicinais e dos Dois Tipos de Árvores.
A chuva
“Uma grande nuvem se forma no mundo e encobre tudo. Essa nuvem benéfica é carregada de umidade”(LS, v. 5, p. 100–101). A chuva provocada por essa nuvem cai em todos os lugares, molhando as árvores e as ervas medicinais. Embora sejam da mesma terra e molhadas pela mesma chuva, as árvores e as ervas medicinais crescem de acordo com sua respectiva natureza e produzem diferentes flores e frutos.
O significado da parábola
“A ‘grande nuvem’ representa o Buda; seu surgimento e o ato de envolver o mundo representam o aparecimento do Buda. Da mesma forma, a chuva que cai em todos os lugares igualmente representa o ensino do Buda e é chamada ‘chuva do Dharma’. As diversas plantas e árvores são os vários seres vivos e a chuva sobre elas representa o fato de ‘ouvir a Lei’. O crescimento das flores e dos frutos corresponde à prática e ao benefício.”
A chuva cai igualmente
“A chuva cai igualmente” significa que a Lei que o Buda ensina é “única em forma, única em sabor” (LS, v. 5, p. 99). Isso quer dizer que, definitivamente, o ensino do Buda contém o benefício de possibilitar todas as pessoas tornar-se igualmente budas; é o veículo único do Buda.”
Igualdade não é totalitarismo
“Igualdade não significa agir em detrimento de suas características individuais. Não é totalitarismo.
Igualdade e diversidade
Igualdade conforme apresentada na filosofia budista significa que o respeito pela diversidade deve ser o mesmo para todos. Ou seja, cada ser humano é único e digno de ser respeitado como um buda e de acordo com suas características individuais. A igualdade e a diversidade são vitais para nossa existência.
O coração determina tudo
“A atitude de dar importância somente ao tesouro do cofre, ou seja, à economia, não tornará melhor a situação econômica. As coisas podem melhorar por algum tempo, mas isso definitivamente não contribui para o bem da sociedade. O mais importante são as pessoas e o coração. O coração é o que determina tudo” (BS, edição nº 1.549, 25 de março de 2000, p. A3).
Relógio
As diferentes engrenagens de um relógio permitem seu funcionamento harmonioso. Para o ser humano, a diversidade gera harmonia.
Onde começa o Budismo?
O Sutra de Lótus, sem fugir o mínimo da ‘realidade’ do indivíduo, esclarece o caminho para todos atingirem o estado de Buda. O Budismo começa do reconhecimento da diversidade humana.
Valorizar cada indivíduo
O humanismo do Sutra de Lótus transmite o princípio de valorizar o indivíduo. Este é o espírito do Buda. O objetivo fundamental da iluminação universal do Sutra de Lótus inicia com a valorização do indivíduo e somente pode ser percebido seguindo firmemente esse ponto.
Indivíduos reais
“‘Amar as pessoas’ ou ‘amar a humanidade’ de forma abstrata é fácil. Mas sentir compaixão com indivíduos reais é difícil.”
Aparente contradição
“O grande escritor russo Fiodor Dostoiévski ressalta essa aparente contradição, nos sentimentos expressos por uma personagem de uma de suas obras: ‘Quanto maior meu amor pela humanidade em geral, menos eu amo as pessoas em particular, isto é, separadamente, como indivíduos’.
E, em outro trecho, ele diz: ‘No amor abstrato pela humanidade, uma pessoa não ama ninguém a não ser ela mesma’”.
Estado da vida elevado
Uma pessoa com um estado da vida elevado é capaz de reconhecer e valorizar a individualidade das pessoas. Uma pessoa de sabedoria esforça-se para fortalecer os outros e para ajudá-los a extrair o melhor de si.
O oposto da sabedoria
Aqueles que parecem ter sabedoria mas carecem de benevolência não conseguem fortalecer os outros. Pelo contrário, eles desenvolvem uma “sabedoria” cruel e astuciosa, causando mal aos demais. Esta não é uma genuína sabedoria.
Comportamento como ser humano
Por mais que as pessoas insistam em dizer que atingiram a iluminação, se não agem com benevolência, elas estão mentindo. A sabedoria é invisível. Por essa razão, o comportamento de uma pessoa é o indicador ou o barômetro que mede sua sabedoria. Afinal, o propósito do aparecimento do Buda neste mundo é alcançado por meio de seu comportamento como ser humano.
Mahatma Gandhi
“Certa vez, quando uma importante conferência política estava para iniciar, Gandhi buscava algo ansiosamente. Quando alguém lhe perguntou o que estava procurando, ele respondeu: ‘Perdi meu lápis’. Como a conferência já ia começar, a pessoa ofereceu-lhe outro lápis. Mas Gandhi disse-lhe: ‘Não posso perder aquele lápis’, e continuou sua busca. Quando o lápis finalmente foi encontrado, era velho e tinha somente uns três centímetros. Havia sido doado à causa de Gandhi por uma criança.”
“Certa vez, quando uma importante conferência política estava para iniciar, Gandhi buscava algo ansiosamente. Quando alguém lhe perguntou o que estava procurando, ele respondeu: ‘Perdi meu lápis’. Como a conferência já ia começar, a pessoa ofereceu-lhe outro lápis. Mas Gandhi disse-lhe: ‘Não posso perder aquele lápis’, e continuou sua busca. Quando o lápis finalmente foi encontrado, era velho e tinha somente uns três centímetros. Havia sido doado à causa de Gandhi por uma criança.”
Um belo coração
“Para Gandhi, o pequeno lápis não era de forma alguma um lápis. Era um belo coração. Por isso ele não poderia simplesmente desfazer-se dele. Parece-me que o “segredo” de Gandhi, a razão pela qual as pessoas o reverenciavam como Mahatma (Grande Alma), e, ao mesmo tempo, carinhosamente referiam-se a ele pelo apelido familiar de “Bapu” (Pai), se encontrava em sua extraordinária sinceridade.”
Nitiren Daishonin
Em resposta ao sincero oferecimento de arroz branco que havia recebido, Nitiren Daishonin escreveu: “Deve compreender que o arroz polido não é simplesmente isso, é a própria vida” (END, v. 1, p. 432).
Em resposta ao sincero oferecimento de arroz branco que havia recebido, Nitiren Daishonin escreveu: “Deve compreender que o arroz polido não é simplesmente isso, é a própria vida” (END, v. 1, p. 432).
Personalidade única
Pelas cartas aos discípulos, Nitiren Daishonin os orientava com base em uma compreensão verdadeiramente meticulosa de sua personalidade e de seu caráter únicos.
Cartas a Shijo Kingo
Por exemplo, por meio das cartas enviadas a Shijo Kingo, percebemos que ele tinha um temperamento forte. Isso mostra a grande consideração que o Buda Nitiren Daishonin demonstrava a cada um de seus discípulos. Com Shijo Kingo, Daishonin era bem detalhista, como um pai instruindo seu pequeno filho.
Por exemplo, por meio das cartas enviadas a Shijo Kingo, percebemos que ele tinha um temperamento forte. Isso mostra a grande consideração que o Buda Nitiren Daishonin demonstrava a cada um de seus discípulos. Com Shijo Kingo, Daishonin era bem detalhista, como um pai instruindo seu pequeno filho.
Sinceridade dos membros
O presidente Ikeda não despreza nem mesmo um simples pedaço de papel que esteja imbuído da sinceridade dos membros. Sobre isso, ele comenta: ”Num mundo verdadeiramente humano, mesmo as coisas inanimadas não são meros objetos. Elas são vida, um reflexo de nosso coração. E os seres humanos são os mais preciosos de todos”.
Conclusão
“Somente quando respeitamos a individualidade de cada um, partilhamos as alegrias e tristezas uns dos outros e inspiramos coragem e esperança uns nos outros é que podemos nos unir em solidariedade.
É esse espírito de harmonia e esse senso de inspiração que tornam possível um verdadeiro movimento popular. Um movimento popular tem de ser guiado, em seu nível mais fundamental, pelo humanismo.”