domingo, 26 de junho de 2011

O Daimoku poderoso de Paraty!

Durante quase 4 anos, de novembro de 2007 até maio de 2011, moramos num local maravilhoso, numa praia a 6 km de Paraty numa simples casa de pescadores caiçaras. O sol e a lua nasciam na frente da casa e o mar entrava embaixo da varanda e do nosso quarto.

Nesse período, fomos muito felizes desfrutando do convívio com a natureza e realizamos vários chakubukus (ensinamos o Nam-Myoho-Rengue-Kyo e apresentamos a prática budista para as pessoas) . Um deles, um casal madrilenho (Patricia e Gabriel) recebeu o Gohonzon na Espanha em novembro de 2010 e estão se destacando na luta pelo kossen-rufu ( paz mundial através da revolução humana de cada um) espanhol.

Meu filho Diego, que morava conosco, decidiu morar sozinho e recebeu seu Gohonzon ( mandala Budista), no Centro Cultural de Angra dos Reis, em setembro de 2010. Atualmente mora em São Paulo, com a mãe.

Porém, em maio deste ano, como toda vez que vencia o contrato de aluguel da casa, o proprietário disse que precisava da casa...

Desta vez, decidimos não negociar mais e respondemos que entregaríamos a casa no dia 10 de junho, data do vencimento do contrato.

No mesmo dia começamos a procurar uma nova moradia. Não é fácil achar uma casa simples, de frente para o mar em Paraty. Muitas pessoas nos disseram que seria impossível...
No fim da tarde, nosso vizinho, um pescador, irmão do dono da casa, nos disse que tinha achado 2 casas, numa praia a 2 km de onde morávamos.

Fomos ver uma das casas e ficamos encantados. Ficava na areia, frente à Ilha do Araújo, e tinha, como na outra casa, 2 quartos, sala, cozinha, varanda e um gramado que a outra não tinha. O valor do aluguel era exatamente igual!

O contrato dos inquilinos, um casal que só usava o imóvel alguns finais de semana ao ano, vencia no final do mês e tudo indicava que não desejavam renová-lo. O proprietário nos disse que a casa era nossa!

Nosso problema estava resolvido!

Mas, os dias iam passando e o proprietário não resolvia a situação com os inquilinos.. .

Faltando 4 dias para entregar a casa onde morávamos, não tínhamos para onde mudar.
 
Passamos meu 59º aniversário sem perspectivas claras de onde moraríamos.

Faltando 3 dias para entregarmos a casa, uma pessoa que tínhamos conhecido durante a procura nos disse que tinha uma casa do jeito que procurávamos na Ilha do Araújo, uma das maiores ilhas da baía de Paraty.

Enquanto ele ligava para o proprietário, fomos até o cais da praia e pegamos uma carona para a ilha num barco de pescador que já estava saindo.

A casa tem 3 quartos (um a mais que a anterior), sala, cozinha, copa e uma varanda com vista para o mar que fica a menos de 100 metros embaixo da casa.

A vista do mar e do continente, da altura da casa, é espetacular! E está construída no meio da Mata Atlântica e toda sua exuberância. No terreno há várias bananeiras com enormes cachos, coqueiros, jacas, abacateiros, acerola e até aipim (mandioca).

A uns 300 metros, uma praia praticamente deserta com areia fina e águas cristalinas.

E o valor do aluguel é menos da metade do que pagávamos na que morávamos e da outra casa que pretendíamos!!!

Fechamos negócio na hora!

Na noite antes da mudança, fizemos o último chakubuku da casa onde morávamos: um artesão uruguaio, genro de uma chakubuku nossa, também uruguaia, que está realizando a prática provisória ( não recebeu o Gohonzon ainda) há vários meses.

Nossa mudança foi feita num barco de pescadores! Algo que nunca tínhamos imaginado. Como também nunca tínhamos imaginado morar numa ilha num paraíso como é a baía de Paraty!

Pelo que sabemos, nosso Gohonzon é o primeiro consagrado em toda a história da Ilha do Araújo.

Fomos recebidos de maneira maravilhosa pelos moradores da ilha. Alguns nos ofereceram aipim, peixes frescos e camarões.

Estamos realmente encantados!

No terceiro dia na ilha fizemos o primeiro chakubuku na localidade! Ela conheceu o Gohonzon e já está orando Nam-Myoho-Rengue- Kyo. Alguns dias depois, trouxe o esposo para conhecer o Gohonzon e recitar o mantra.

Com menos de 10 dias de ter conhecido o Gohonzon e a prática Budista, já se declara budista e está treinando o Gongyo!

No domingo atravessaram até o continente numa canoa a remo, junto com a Marly, para participar da reunião de palestra em Paraty.

Agora entendemos perfeitamente as razões para virmos morar na Ilha do Araújo! E, mais uma vez, devemos saber aguardar o completo desenvolvimento dos fatos para compreender as situações que estamos vivendo!

Marly Contesini & Ariel Ricci

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Não faça nada pela metade

Edição 2088 - Publicado em 18/Junho/2011

O princípio místico da “Verdadeira Causa”

Ação e comportamento

Conforme tratado na edição anterior, a oração produz respostas por meio do comportamento. Sem uma ação coerente não há benefício.

Qual tipo de ação é capaz de tornar real as orações?

Como a Lei Mística se manifesta na vida diária?

O princípio da “Verdadeira Causa” trata desse ponto. Dê o melhor de si em tudo. Tal postura abre as portas para que a Lei Mística manifeste toda a sua força na vida diária.

O princípio da “Verdadeira Causa”


Este princípio é a causa para se atingir o estado de Buda. É a fonte da felicidade absoluta. Nitiren Daishonin identificou esta “Verdadeira Causa” como a Lei do Nam-myoho-rengue-kyo.


A causa da iluminação de todos os Budas

Todos os Budas se iluminaram a partir deste princípio. É chamada verdadeira ou fundamental porque é a causa original da iluminação de todos os Budas.

Importante

A causalidade expressa por este princípio indica as causas e os efeitos que dizem respeito a atingir o estado de Buda. O estado de Buda é o efeito, e a prática para atingi-lo é a causa. Para funcionar, os dois devem ocorrer simultaneamente.


Não confunda

A ideia apresentada por este princípio pode chocar com a visão geral das pessoas que pensam que ao realizar a prática budista (a causa), podem posteriormente atingir a iluminação (o efeito). Não é nada disso!

Simultaniedade


Sobre isso, o presidente Ikeda comenta: “Quando praticamos o Nam-myoho-rengue-kyo (a ‘Verdadeira Causa’ para atingir o estado de Buda), a nossa prática já abarca o mundo do estado de Buda (o ‘Verdadeiro Efeito’). O Nam-myoho-rengue-kyo é, ao mesmo tempo, a ‘Verdadeira Causa’ e o ‘Verdadeiro Efeito’ do estado de Buda” (Brasil Seikyo, edição no 1.455, 4 de abril de 1998, p. 3).

Por que só funciona simultaneamente?


O “Verdadeiro Efeito” representa um ideal. A “Verdadeira Causa” representa a realidade. A realidade deve ser inspirada por um ideal elevado; caso contrário, ela não muda.

Não espere
Um budista não espera que a simultaneidade ocorra magicamente. Esperar que de algum lugar, em algum momento, ela vai ocorrer, é errado.

Não é mágico, é místico!


Simultaneidade na prática, significa agir sempre como um Buda em todos os aspectos. No trabalho, por exemplo, ao realizar algo você decide: “Executarei esta tarefa como um Buda executaria, empregando o máximo do meu entusiasmo, sabedoria e alegria”. Isso é aplicar a simultaneidade da causa e efeito na vida diária. Agindo assim, você vai se surpreender, ao ver o “místico” agir em sua vida.

A postura do Mestre


O presidente Ikeda demonstra pelo próprio exemplo como aplicar este princípio: “Desde que eu era jovem, minha firme determinação tem sido ‘empenhar milhões de kalpas de esforço’ em todas as batalhas como discípulo do Sr. Toda. Para apoiar e ajudar meu mestre e concretizar cada um de seus sonhos e objetivos, jurei dar o máximo de mim em cada instante da vida” (Brasil Seikyo, edição no 2.004, 19 de setembro de 2004, p. A3).

Viva com a força de um leão no ataque


Nitiren Daishonin afirma: “Diz-se que o leão, rei dos animais, avança três passos e então recua um para saltar, desprendendo a mesma força quando apanha uma diminuta formiga ou ataca ferozes animais. Ao inscrever este Gohonzon para a sua proteção, Nitiren é igual ao rei leão. É isto o que o sutra quer dizer com ‘a força de um leão no ataque’” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, p. 275). 
Esforço concentrado


“Nitiren pede a nós, praticantes da Lei Mística nos Últimos Dias da Lei, para realizarmos um esforço concentrado digno de incontáveis kalpas a cada momento de nossa vida. Esta, diz ele, é a prática da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Em outras palavras, recitar Daimoku é a verdadeira prática que condensa a eternidade num único momento da vida” (Brasil Seikyo, edição no 2.004, 19 de setembro de 2004, p. A3).

“Nunca me esforcei pela metade”

“Por toda a minha vida, dediquei-me ao máximo em cada batalha que empreendi. Nunca me esforcei pela metade. É por isso que consegui alcançar uma longa e consecutiva lista de vitórias. Cada um de nós deve aplicar as habilidades ao máximo e brilhar com todo esplendor, cada um a sua própria maneira, que é única. Esse é o mundo Soka.

Seja recitando o Gongyo ou o Daimoku, estudando o Budismo, participando nas reuniões de palestra ou nos esforçando para concretizar Chakubuku, as atividades da Soka Gakkai nos proporcionam oportunidades inestimáveis para transformar nossa vida. Vamos continuar a avançar com coragem, abraçando a filosofia da revolução humana, que permite a cada indivíduo extrair seu infinito potencial” (Brasil Seikyo, edição no 1.914, 3 de novembro de 2007, p. A3).

Conclusão


Você se coloca inteiro numa tarefa, com o único propósito de vencer. Isso é agir de acordo com a “Verdadeira Causa”.

Doar-se, dar aquilo que você tem de melhor é “não poupar a própria vida”. Dê o seu melhor.

E o melhor que um ser humano pode oferecer é o próprio estado de Buda. Não poupar a própria vida significa doar o seu estado de Buda. Não há ação em que isso aconteça melhor do que na prática do Chakubuku. Realizar o Chakubuku é realizar a prática da “Verdadeira Causa” no seu grau máximo. Em outras palavras, é o Kossen-rufu.

Poesia

Um poema do universalmente conhecido poeta português Fernando Pessoa resume também, e de forma bela, este princípio:

Para ser grande, sê inteiro:

nada Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa.

Põe quanto és
No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

sábado, 18 de junho de 2011

Oração e comportamento

Edição 2087 - Publicado em 11/Junho/2011 - Página A6

A garantia de resposta das orações

Oração e ação

O resultado da prática budista se sustenta em dois pilares: oração e ação [comportamento].

O que fazer quando tudo dá errado?

A vida diária de uma pessoa é reflexo da sua oração e do seu comportamento. Quando algo não vai bem, ela deve analisar como estão esses dois aspectos.

Coerência é fundamental

Oração e ação devem ser sempre coerentes. Quando não são compatíveis, não produzem o resultado almejado.

Exemplo

Uma pessoa que ora pela transformação financeira, mas gasta muito mais do que ganha, não possui comportamento coerente com a oração.

Outro exemplo

Alguém que ora por proteção individual, mas vive perigosamente, negligenciando a própria segurança, obviamente, não terá proteção.

Mais um exemplo

Alguém que ora pela felicidade de outras pessoas, mas não perde a oportunidade de falar mal dos outros, maltratá-los ou desprezá-los não terá bons resultados.

A resposta das orações

Se alguém viver de acordo com os exemplos acima, sua oração não encontra meios para funcionar. O comportamento é a expressão da fé da pessoa. É por meio do comportamento que a oração produz respostas.

Gosho

Em um dos escritos do Buda Nitiren Daishonin consta: “Não deve comentar com outras pessoas se lamentando que este mundo é difícil de ser suportado. Se o senhor proceder dessa forma, estará agindo contra a atitude de um sábio” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. 1, p. 296).

O que está errado?

Quando não existe resposta das orações, o erro pode estar em dois pontos: a oração não encontra “espaço” para se manifestar na vida diária ou a pessoa muda sua fé de acordo com seu comportamento.

Perigo

Algumas pessoas simplesmente não querem mudar o comportamento. Inacreditavelmente, elas passam a adaptar suas orações e sua fé para justificar seus atos. Isso só piora as coisas.

Não inverta

Você não deve adaptar a prática budista de acordo com sua conveniência. Nesse caso, “a ordem dos fatores piora o produto”. O correto é corrigir o comportamento de acordo com a oração. E nunca alterar a prática para justificar ações erradas.

Exemplo

Uma pessoa que usa o momento da oração para lamentar, assim como ela já faz no cotidiano, naturalmente dissemina essa negatividade nas atividades, na família, no trabalho etc. A oração deve ser feita com alegria e certeza absoluta da vitória.

Essa postura errada tem nome

Quando o comportamento errôneo influencia e modifica a prática budista, recebe o nome de “ideias próprias” (gaken).

Por que piora?

Quando a pessoa ensina para outras sua “nova forma de praticar”, ela fecha todos os caminhos para a própria iluminação e impede que outras pessoas se iluminem.

Siga a Lei

No romance Nova Revolução Humana, consta: “Nitiren Daishonin nos ensina sobre a prática da fé dizendo: ‘Siga a Lei e não as pessoas.’ Portanto, a base fundamental de nossa fé é a Lei” (NRH, vol. 7, p. 83–84).

Já era previsto

O Buda já havia previsto que surgiriam pessoas assim. Sem acreditar em sua capacidade de se iluminar, fazem da fé uma expressão de seus medos e frustrações. A partir daí, surgem “estranhamente” novas formas de orar, novos tipos de Daimoku, novas “interpretações” de princípios, novos caminhos para a iluminação etc.

Carta de Sado

Na Carta de Sado consta: “Um asura declarou que o Buda havia ensinado apenas dezoito elementos, mas ele próprio expôs dezenove. Os mestres não budistas alegaram que o Buda havia oferecido somente um caminho para a iluminação, enquanto eles ofereciam noventa e cinco.
De modo semelhante, os discípulos traidores declararam: ‘Embora o reverendo Nitiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra de Lótus de maneira mais branda’. Com tal declaração, eles mostraram ser tão ridículos quanto o vaga-lume que ri do Sol e da Lua.” (TC, edição no 511, março de 2011, p. 40).

Explanação do Gosho

Sobre o trecho acima, o presidente Ikeda afirma: “Ele destaca que os arrogantes tentarão inserir pensamentos próprios e arbitrários nos ensinos do Buda(...)Entre os discípulos do Buda Nitiren Daishonin havia os que o menosprezavam com grande arrogância, dizendo: ‘Embora o reverendo Nitiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra de Lótus de maneira mais branda’.

Apesar de, no início, aparentarem ter fé no Sutra de Lótus, na realidade, eles tinham perdido totalmente de vista a essência do Sutra. Consequentemente, não puderam apreciar a verdadeira grandeza com que o mestre Nitiren Daishonin propagava o Sutra de Lótus nos Últimos Dias” (Ibidem).

A solução

Praticamos o Budismo para agirmos como um buda, tanto nas orações quanto no comportamento.

A diferença está nas ações

O presidente Ikeda afirma: “Não há diferença substancial entre o mortal comum e o Buda. A diferença reside em sua mente, em suas ações” (TC, edição no 419, julho de 2003, p. 27).

A importância da Soka Gakkai

Uma vez que a oração manifesta a energia do estado de Buda, para usufruir de seu efeito máximo, a pessoa deve agir como tal. As atividades da Soka Gakkai inspiradas pelo espírito de Chakubuku servem justamente para isso.

Elas reeducam a pessoa a agir motivadas pela dedicação em prol do Kossen-rufu ( alcançar a paz mundial através da revolução humana de cada indivíduo). Orar e agir com esse propósito garante a manifestação da condição iluminada no cotidiano.

Dificuldade não é desculpa

Outro exemplo: uma pessoa acha difícil fazer o Chakubuku ( ensinar a prática Budista a outra pessoa). Pode até ser. Mas o Buda não usa essa dificuldade como desculpa.

Ele ora e age para tornar o impossível possível. Já quem está influenciado pela maldade (ou escuridão fundamental) usa a dificuldade como desculpa para não fazer e ainda critica quem faz. Além disso, passa a orar e agir para tornar o possível em impossível. Comportamento errado é adaptar as orientações do Mestre à sua realidade. Nosso mestre nunca recuou diante do rigor das dificuldades. Ele é mestre porque sempre segue em frente e transforma a realidade.

Orar, agir e conseguir

O presidente Ikeda atingiu 11.111 Chakubuku em Kansai. Era algo impossível para a maioria mas ele orou na certeza absoluta da vitória e se comportou dessa forma, transmitindo alegria e segurança aos membros. Ou seja, não recuou e transformou a realidade.

Batalha

No fim das contas, a vida é uma guerra entre o Buda e a Maldade. A maldade é o ímpeto que age para alterar a fé e justificar comportamentos errôneos; isso te leva à infelicidade.

O Buda faz o contrário; se utiliza da fé para mudar o comportamento. Os integrantes da SGI oram e se comportam como budas.

Conclusão

Portanto, as orações no Budismo Nitiren ativam a energia do estado de Buda latente em nossa vida. Agir em total coerência com essa oração faz manifestar imediatamente o estado de Buda na vida diária. Orar e agir como um buda é a garantia que todas as orações sejam respondidas.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Pode-se atingir o estado de Buda sem ser um budista praticante?

Revista TC, Edição 502 - Publicado em 01/Junho/2010 - Página 17

Pergunta:
Gostaria de saber se existem pessoas que atingiram o estado elevado de Buda sem a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo ou se o único caminho para atingir a iluminação é a recitação do Daimoku.
Anônimo, SP.

Caro leitor,

De certa forma, podemos dizer que existe sim essa possibilidade, porém são condições de vida bem específicas, pois vai de acordo com o que se entende por iluminação.

Há pessoas grandiosas na história da humanidade. O presidente Ikeda frequentemente cita muitas delas em suas orientações — Gandhi, Martin Luther King Jr., Nelson Mandela, Charles Chaplin, Helen Keller, Jesus Cristo, entre outras.

Essas pessoas tornaram-se grandiosas na história não porque tiveram uma vida perfeita, de benefícios ou riquezas. Muito pelo contrário, nenhuma delas teve uma vida fácil. Foram privadas, perseguidas, atacadas e até mortas, justamente porque dedicaram a vida em prol de algo maior do que si mesma. Ou seja, encontraram um propósito elevado, que despertou nelas um forte senso de missão — ideal de paz, libertação de um país, liberdade de expressão, luta em defesa dos direitos humanos, combate à discriminação e à miséria.

Em suas orientações, o presidente Ikeda transmite a grandiosidade do budismo sempre com base nos escritos de Nitiren Daishonin, de uma forma atual, prática e acessível.

Quando ele cita essas pessoas grandiosas, enaltece a força do ser humano dedicado a um propósito elevado de vida — o ideal do humanismo em prol de muitos outros individuos.

Essas personalidades na história são extraordinárias! Elas possuem de maneira inata, qualidades incomparáveis e um ímpeto corajoso, que as levam a avançar mesmo em meio a terríveis provações. Coragem, benevolência, senso de missão, integridade, comprometimento inabalável, visão, sabedoria, ilimitada esperança, são aspectos inatos dessas pessoas grandiosas.

Mas, e eu, que sou uma pessoa comum e que não nasci com nada de especial?
Por ser comum, não tenho direito de me tornar extraordinário?
Será que, devido ao meu carma de mortal comum formado desde infinitas existências, não tenho causas para esses feitos extraordinários?
Se assim fosse, somente pessoas especiais teriam direito à iluminação.

De certa forma, pensar assim, pode ser até perigoso. Pode-se chegar a justificar o porquê de alguns poucos especiais dominarem muitos outros comuns. Uma verdade grandiosa tem de servir para toda a humanidade, ser universal a todos sem nenhuma distinção.

Budismo é humanismo, pois elucida a força do ser humano e a força da vida como um todo.

Nitiren Daishonin nos revelou o Nam-myoho-rengue-kyo e o Gohonzon justamente para nos despertar para esse supremo estado de vida do Buda inerente em cada um de nós.

Por pior que seja o meu carma, mesmo que eu não tenha causas para os feitos grandiosos como os destas personalidades, por abraçar o Gohonzon, abraço a causa original da iluminação de todos os budas e bodhisattvas das três existências e das dez direções. É a causa original, a essência da iluminação de todos os budas.

Enfim, por meio dessa causa maior, enxergo, desperto e comprovo a natureza de Buda inerente desde o tempo sem início. Esta verdadeira causa torna-se minha própria vida mediante a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon.

O verdadeiro efeito dessa verdadeira causa é o estado de Buda dotado de todos estes aspectos extraordinários da vida humana. Qualquer carma pode ser transformado por meio do libertar deste poder de Buda inerente.

O presidente Ikeda orienta que esta é a era das pessoas comuns, a era do povo.

O ensino essencial do Sutra de Lótus de Sakyamuni é justamente o capítulo “Revelação da Vida Eterna do Buda”.

Isso significa que, não importa o carma, por mais negativo que seja, o estado de Buda é inerente, sempre existiu na vida das pessoas. A natureza de Buda não é algo a ser adquirido com o tempo ou com a prática, quando me tornar melhor ou especial. Não. O potencial de Buda é eterno. Despertar para isso é atingir a iluminação.

Por abraçar o budismo, vejo com extrema clareza a grandiosidade da força humana. E, ao contrário de negar, com o budismo percebo a razão de existir e a força de outras religiões, quando inspiram ao ser humano evidenciar o humanismo e a grandiosidade da força de sua própria vida. Daí o respeito a todas as crenças, culturas e religiões.

Existem outros caminhos? Sim.

Mas, abraçar o Gohonzon, ter um mestre e o ideal grandioso do Kossen-rufu alicerçam a inabalável convicção como praticante budista de que este é o caminho direto e pleno para a condição de iluminação. Quando um caminho não é direto, podemos nos perder em direções que podem ser até contrárias.

Podemos dizer que a iluminação é a imensa alegria de consolidar o “grande eu”. “Grande eu” significa “verdadeira autonomia” que possibilita fazer a vida agir sempre na relação de causa e efeito da iluminação, independentemente do que aconteça.

Na causa e efeito da iluminação, a causa original ou verdadeira causa é recitar o Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon com fé no potencial inato de Buda. Efeito original ou verdadeiro efeito é a comprovação do estado de Buda.

A nossa vida frequentemente é controlada por causas e efeitos da infelicidade que nos arrastam para as causas e efeitos da impermanência.

É viver à mercê das circunstâncias, como um barquinho no meio da tempestade. Contudo, a vida das pessoas que, por mais que enfrentem dificuldades e adversidades na vida cotidiana, conseguem superar a tudo com base na recitação do Daimoku, estará sempre fazendo a relação de causa e efeito da iluminação, embasada na Lei Mística.

O benefício fundamental da recitação do Daimoku é fazer com que a causa e o efeito da iluminação torne-se o centro das ações da vida. Dessa forma, estabelece-se uma plena autonomia ou autodomínio da realidade ao invés de ser influenciado ou arrastado por ela, no ciclo do mau carma de pessoa comum.

Transformar os sofrimentos e inconstâncias de mortal comum, ou seja, os sofrimentos de causa e efeito da infelicidade em benefícios de causa e efeito da iluminação — é o caminho mais direto e pleno da prática budista.

Isso se estabelece na grande verdade de que a iluminação só pode ser encontrada na própria vida e nunca fora dela.

Quando minha vida muda, o mundo muda. A esse processo de profunda transformação chamamos de “revolução humana”.

Abraçar o budismo não é meramente escolher um caminho e descartar outros, estabelecer uma convicção, abandonando as demais. Quando se abraça a Lei Mística, abraçamos tudo.

Toda fé religiosa, todas as crenças, todas as culturas, todas as filosofias estão contidas na Lei Mística. Por isso, não estou negando. Na verdade, não é escolher, e sim expandir a visão do mundo e da vida.

Por sermos budistas, compreendemos o ilimitado poder da vida humana, pois horizontes inteiros se abrem diante de nós.

Quando compreendemos isso, não somente com a lógica mas também com a vida, a esperança deixa de ser um sonho e torna-se uma convicção de vencer infalivelmente.

Isso está de acordo com a máxima “quem olha para fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”.

A transformação do carma é possível justamente porque compreendemos que a iluminação não está fora de nós. Enfim, os horizontes se abrem, não quando se olha para fora, mas sim ao enxergar a si mesmo. Enxergar a si mesmo é o significado de iluminação.

Caro leitor, espero ter ajudado.

Reginaldo Tateigi