Edição 2087 - Publicado em 11/Junho/2011 - Página A6
A garantia de resposta das orações
Oração e ação
O resultado da prática budista se sustenta em dois pilares: oração e ação [comportamento].
O que fazer quando tudo dá errado?
A vida diária de uma pessoa é reflexo da sua oração e do seu comportamento. Quando algo não vai bem, ela deve analisar como estão esses dois aspectos.
Coerência é fundamental
Oração e ação devem ser sempre coerentes. Quando não são compatíveis, não produzem o resultado almejado.
Exemplo
Uma pessoa que ora pela transformação financeira, mas gasta muito mais do que ganha, não possui comportamento coerente com a oração.
Outro exemplo
Alguém que ora por proteção individual, mas vive perigosamente, negligenciando a própria segurança, obviamente, não terá proteção.
Mais um exemplo
Alguém que ora pela felicidade de outras pessoas, mas não perde a oportunidade de falar mal dos outros, maltratá-los ou desprezá-los não terá bons resultados.
A resposta das orações
Se alguém viver de acordo com os exemplos acima, sua oração não encontra meios para funcionar. O comportamento é a expressão da fé da pessoa. É por meio do comportamento que a oração produz respostas.
Gosho
Em um dos escritos do Buda Nitiren Daishonin consta: “Não deve comentar com outras pessoas se lamentando que este mundo é difícil de ser suportado. Se o senhor proceder dessa forma, estará agindo contra a atitude de um sábio” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, v. 1, p. 296).
O que está errado?
Quando não existe resposta das orações, o erro pode estar em dois pontos: a oração não encontra “espaço” para se manifestar na vida diária ou a pessoa muda sua fé de acordo com seu comportamento.
Perigo
Algumas pessoas simplesmente não querem mudar o comportamento. Inacreditavelmente, elas passam a adaptar suas orações e sua fé para justificar seus atos. Isso só piora as coisas.
Não inverta
Você não deve adaptar a prática budista de acordo com sua conveniência. Nesse caso, “a ordem dos fatores piora o produto”. O correto é corrigir o comportamento de acordo com a oração. E nunca alterar a prática para justificar ações erradas.
Exemplo
Uma pessoa que usa o momento da oração para lamentar, assim como ela já faz no cotidiano, naturalmente dissemina essa negatividade nas atividades, na família, no trabalho etc. A oração deve ser feita com alegria e certeza absoluta da vitória.
Essa postura errada tem nome
Quando o comportamento errôneo influencia e modifica a prática budista, recebe o nome de “ideias próprias” (gaken).
Por que piora?
Quando a pessoa ensina para outras sua “nova forma de praticar”, ela fecha todos os caminhos para a própria iluminação e impede que outras pessoas se iluminem.
Siga a Lei
No romance Nova Revolução Humana, consta: “Nitiren Daishonin nos ensina sobre a prática da fé dizendo: ‘Siga a Lei e não as pessoas.’ Portanto, a base fundamental de nossa fé é a Lei” (NRH, vol. 7, p. 83–84).
Já era previsto
O Buda já havia previsto que surgiriam pessoas assim. Sem acreditar em sua capacidade de se iluminar, fazem da fé uma expressão de seus medos e frustrações. A partir daí, surgem “estranhamente” novas formas de orar, novos tipos de Daimoku, novas “interpretações” de princípios, novos caminhos para a iluminação etc.
Carta de Sado
Na Carta de Sado consta: “Um asura declarou que o Buda havia ensinado apenas dezoito elementos, mas ele próprio expôs dezenove. Os mestres não budistas alegaram que o Buda havia oferecido somente um caminho para a iluminação, enquanto eles ofereciam noventa e cinco.
De modo semelhante, os discípulos traidores declararam: ‘Embora o reverendo Nitiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra de Lótus de maneira mais branda’. Com tal declaração, eles mostraram ser tão ridículos quanto o vaga-lume que ri do Sol e da Lua.” (TC, edição no 511, março de 2011, p. 40).
Explanação do Gosho
Sobre o trecho acima, o presidente Ikeda afirma: “Ele destaca que os arrogantes tentarão inserir pensamentos próprios e arbitrários nos ensinos do Buda(...)Entre os discípulos do Buda Nitiren Daishonin havia os que o menosprezavam com grande arrogância, dizendo: ‘Embora o reverendo Nitiren seja nosso mestre, ele é enérgico demais. Nós propagaremos o Sutra de Lótus de maneira mais branda’.
Apesar de, no início, aparentarem ter fé no Sutra de Lótus, na realidade, eles tinham perdido totalmente de vista a essência do Sutra. Consequentemente, não puderam apreciar a verdadeira grandeza com que o mestre Nitiren Daishonin propagava o Sutra de Lótus nos Últimos Dias” (Ibidem).
A solução
Praticamos o Budismo para agirmos como um buda, tanto nas orações quanto no comportamento.
A diferença está nas ações
O presidente Ikeda afirma: “Não há diferença substancial entre o mortal comum e o Buda. A diferença reside em sua mente, em suas ações” (TC, edição no 419, julho de 2003, p. 27).
A importância da Soka Gakkai
Uma vez que a oração manifesta a energia do estado de Buda, para usufruir de seu efeito máximo, a pessoa deve agir como tal. As atividades da Soka Gakkai inspiradas pelo espírito de Chakubuku servem justamente para isso.
Elas reeducam a pessoa a agir motivadas pela dedicação em prol do Kossen-rufu ( alcançar a paz mundial através da revolução humana de cada indivíduo). Orar e agir com esse propósito garante a manifestação da condição iluminada no cotidiano.
Dificuldade não é desculpa
Outro exemplo: uma pessoa acha difícil fazer o Chakubuku ( ensinar a prática Budista a outra pessoa). Pode até ser. Mas o Buda não usa essa dificuldade como desculpa.
Ele ora e age para tornar o impossível possível. Já quem está influenciado pela maldade (ou escuridão fundamental) usa a dificuldade como desculpa para não fazer e ainda critica quem faz. Além disso, passa a orar e agir para tornar o possível em impossível. Comportamento errado é adaptar as orientações do Mestre à sua realidade. Nosso mestre nunca recuou diante do rigor das dificuldades. Ele é mestre porque sempre segue em frente e transforma a realidade.
Orar, agir e conseguir
O presidente Ikeda atingiu 11.111 Chakubuku em Kansai. Era algo impossível para a maioria mas ele orou na certeza absoluta da vitória e se comportou dessa forma, transmitindo alegria e segurança aos membros. Ou seja, não recuou e transformou a realidade.
Batalha
No fim das contas, a vida é uma guerra entre o Buda e a Maldade. A maldade é o ímpeto que age para alterar a fé e justificar comportamentos errôneos; isso te leva à infelicidade.
O Buda faz o contrário; se utiliza da fé para mudar o comportamento. Os integrantes da SGI oram e se comportam como budas.
Conclusão
Portanto, as orações no Budismo Nitiren ativam a energia do estado de Buda latente em nossa vida. Agir em total coerência com essa oração faz manifestar imediatamente o estado de Buda na vida diária. Orar e agir como um buda é a garantia que todas as orações sejam respondidas.