sábado, 4 de setembro de 2010

Qual é a sua Missão?

No final de semana do dia 29 de agosto tivemos a nossa reunião de estudo que foi muito interessante.
A reunião contou com muitos jovens e partiram deles as perguntas mais “intrigantes” da manhã.
 
É interessante a visão que a sociedade tem dos Budistas, muitas pessoas acreditam que todos os praticantes da filosofia são pessoas equilibradas e evoluídas, mas o que é ser evoluído?

Alguns acham que é não ter preocupações mundanas, não se estressar diante das situações difíceis, não entrar em conflito com outras pessoas, etc.

 
Um rapaz, que hoje é budista, foi a reunião e disse que tinha muita resistência com a filosofia porque conhecia uma pessoa que não era “um exemplo” de budista; e se não bastasse, a irmã dele que foi a reunião pela primeira vez, falou que o rapaz não faz o que prega – também não era um exemplo.

Este mesmo budista manifestou a sua angustia de saber que não é um bom budista, que tenta controlar o estado de ira e não consegue e que muitas vezes não acredita em si proprio.

Como jovem, universitário, ele respira o projeto da paz mundial – anseia e trabalha para concretizar o Kossen-rufu dentro da organização, como todo mundo, vive o sonho da grande missão.

Primeiro, Budistas são pessoas cheias de falhas que trabalham para anular os defeitos insanáveis, consertar os sanáveis e fomentar as qualidades. Bom, isso é o que a filosofia fala para praticar, mas sabemos que tem budistas que praticam há 30 anos que ainda esperam que o mantra ( daimoku) faça o milagre,  sem que eles tenham que trabalhar pesado em sí mesmos.

O Sutra de Lótus é claro, assim como as cartas que o Nitiren Daishonin deixou e as orientações presentes do grande estudioso e mestre o Dr Daisaku Ikeda, o maior benefício da pratica budista é a sabedoria, que devemos usar para revoluir, mudar a nossa própria vida, e assim mudar o ambiente em que vivemos ( esho funi). Temos que olhar para dentro e não para fora!
 
Existem sim Budistas há 30, 40 e até 50 anos que são grandes estudiosos das escrituras, mas porém não aplicam a lei na vida diária, também existem outros que são aplicados na sua revolução humana, porém de forma mais lenta e o melhorado ainda não sobressai frente aos deslizes mais aparentes.

O Budismo é muito simples, mas aplicá-lo é o grande desafio, nem todo mundo está disposto a olhar para dentro e descobrir os “defeitos insanáveis”, é muito difícil admitir que a maldade na maioria das vezes não está no que vemos ou na outra pessoa, mas sim, em nós mesmos.

Somos muitas vezes enganados por nossa própria vaidade; muitas pessoa que estudam e entendem a filosofia dão conselhos e incentivos maravilhosos e acabam sendo tratadas como pessoas iluminadas, uma pessoa especial, evoluída, etc.
 
Acreditando na sua própria “luz”, acabam se achando “diferentes” e que não precisam mais refletir sobre o que realmente vai no seu interior.

No filme o Pequeno Buda com o Keanu Reeves, depois de se tornar um “ser evoluído”, ser reverenciado pelas outras pessoas, para alcançar a iluminação ele teve que vencer a si mesmo.
Talvez porque o orgulho de ter chegado onde chegou, de ter a sua bondade interna reconhecida pelas pessoas, o fez cair nas garras da sua própria vaidade.

Muitas pessoas acham que vaidade tem relação com a beleza, entretanto, a sua explicação mais coerente é o desejo de atrair a admiração das outras pessoas.

Uma pessoa vaidosa cria uma imagem pessoal para transmitir aos outros, com o objetivo de ser admirada.

Isso acontece com muita frequência com pessoas espiritualizadas e tidas como evoluidas, também acontece muito com coordenadores de grupos de estudo sobre filosofia, chega um ponto na evolução da pessoa – mais cedo ou mais tarde -, ela se vê na posição de enfrentar a vaidade que devagarinho tomou conta da sua mente.
 
Voltando ao jovem da reunião, não olhe para as pessoas, olhe para você! Se o coordenador do seu grupo de estudos, dirigente da BSGI, sua professora, seus pais, amigos, etc. Não desempenham “o papel” deles na sociedade da forma que você julga correta, não é problema seu!
Tudo que está fora de você naõ é problema seu, porque isso impede que você olhe para dentro de você – desvia a sua atenção e te deixa culpar os outros ou "deixa a vida te levar" sem rumos.
 
Como ele disse, eu tento fazer o que eu estudo no budismo e o que eu acho certo – mas eu não consigo!

Mas o budismo é isso, é treino! A gente ler muito sobre forjar um estado de vida indestrutível, mas o que é isso?

Forjar significa: dar, por meio do fogo e do martelo, a um metal quente e ainda maleável, uma forma aproximativa ou definitiva. Fabricar, compor.

Então, temos que fabricar o nosso estado de vida indestrutível, e como fazemos isso?

Começamos com pequenas coisas na vida diária e vamos evoluindo para coisas mais complexas e mais enraizadas nas nossas vidas – hábitos difíceis de mudar.

Por ex: se você reclama muito, se comprometa a não reclamar durante 1 dia, depois 1 semana, 1 mês e assim já está forjado um novo hábito e um defeito a menos no caminho da evolução.

Como não estou reclamando mais, agora vou elogiar, é um passo a mais.

Morro de preguiça da aula de matemática e detesto a professora, pare de reclamar e depois se comprometa a se esforçar mais justamente nesta matéria.

E assim por diante, com filho, marido, vizinho, chefe, dirigente, em toda situação ou ponto da sua vida que você precisa mudar.

O problema é justamente que a gente pensa muito grande, quer mudar o país, o mundo, o Universo, sendo que a mudança tem que começar primeiro por nós mesmos, o princípio do esho funi explica direitinho isso.

" Quando você muda, tudo muda", o ambiente responde a sua mudança interna com uma mudança externa.

Então, qual é a sua missão? Não precisa ficar tentando adivinhar ou tentando elaborar uma coisa linda, evoluída e politicamente correta.

A sua missão, como diz o Greg Martin, é o seu maior desafio NO PRESENTE, niji – neste momento.
 
Mas então, o que é a missão de cada um? Esta preocupação comum está no alto da lista das grandes questões da vida.

Quando indagado a respeito disto por uma pessoa jovem, o Pres. Ikeda, da SGI, repondeu em “O Rumo da Juventude”, que não precisa ser algo glamoroso ou extraordinário;
 
Pessoas regulares, vivendo vidas regulares, também são importantes. Ele simplesmente disse, sua missão é escalar a montanha que está a sua frente.
 
Qualquer que seja a montanha, isto é, problema ou dificuldade, que estivérmos enfrentando, vamos sobrepujá-lo, vamos resolvê-lo, escalemos a montanha. E então, quando chegarmos ao topo, olharemos ao redor e descobriremos novos picos, novas montanhas para escalar. E outras novas, após outras…

Nós nunca alcançaremos um platô livre de problemas, mas continuemos a escalar, do começo ao fim de nossas vidas.”
 
A confiança, a determinação o positivismo que vemos em muitos Budistas e que segundo o jovem da reunião, ele tenta mas não consegue ter – se sente um fracassado -, também é forjado no dia-a-dia. Comece com pequenos desafios diários e incorpore esta “energia” na sua vida.

Ex. você tem preguiça de acordar cedo, mas gostaria de acordar cedo para ser uma pessoa mais produtiva. Então, decida acordar cedo e acorde! Tenho certeza que se sentirá um vencedor.

O Stephen Covey diz que um hábito se forma em 21 dias, se você acordar durante 21 dias no mesmo horário, segundo este cientísta, o hábito se incorporará na sua vida. Você não precisará mais se esforçar para acordar naquele horário, será algo normal, rotineiro para o seu corpo e mente.

O caminho do meio é a chave para vivermos neste mundo dual, material e espiritual, então, comece por cuidar do seu corpo, mente e espírito.

Outro caso, são pessoas que se sentem diminuídas por não terem o hábito de leitura, comece por livros finos e até infantis. Como disse antes, tudo é treino, comece com pequenos objetivos e vença!

Assimile a vitória, comemore cada passinho, seja um vencedor hoje! As pequenas vitórias com certeza te levarão a outras cada vez maiores, é só treinar!

Então, o caminho não é difícil, mas também não é fácil, depende de inúmeras pequenas decisões ou montanhas que decidimos escalar todos os dias. Assim como você treina em simulados para passar no vestibular, no Budismo treinamos na vida diária com pequenos desafios para alcançarmos o grande resultado, um estado de vida elevado,  permanente e INDESTRUTÍVEL que contribuirá de forma decisiva para a paz mundial!

Anne Almeida