Waneta Boutin Tew
Nenhum pessimista nunca descobriu o segredo
das estrelas, ou navegou para uma terra desconhecida, ou abriu uma nova porta
para o espírito humano – Hellen Keller
Eu tenho que dizer, me tornar
budista foi um dos grandes acontecimentos da minha vida. Eu comecei a praticar
o budismo 5 meses antes de me converter e filiar a SGI ( Soka Gakkai Internacional). Eu era uma budista de “armário” que não queria que as pessoas
soubessem da minha prática.
Eu nasci legalmente cega (
deficiente visual). Quando eu tinha 4 anos de idade eu fiz uma cirurgia nos
olhos, mas antes que eles pudessem se recuperar, eu recebi um chute no rosto e
meu olho esquerdo teve hemorragia. O estrago tinha sido feito. Eu perdi toda a
visão, até percepção de luz, no meu olho esquerdo. Meu olho direito tinha
miopia degenerativa e descolamento da retina, o que significava que eu só
conseguia enxergar metade do campo de visão daquele olho.
Meus pais me mandaram para uma
escola de deficientes visuais em Massachusetts até os meus 18 anos. Meus últimos
3 anos de escola eu frequentei uma escola particular. Depois de graduar, eu
arrumei um emprego em Montpelier, Vermont, como administradora de uma
cafeteria. Devido eu ser a primeira pessoa naquela posição que conseguiu dar
lucro para a empresa, eu fui orientada a me qualificar mais em alguma área que
interessava a mim.
Eu decidi ir para o Arkansas onde
eles tinham um programa para cegos, onde eu poderia ter uma educação mais avançada.
O que eu não sabia era que ao mesmo tempo, meu futuro marido, Danny, estava deixando Greensboro, California do
Norte, para se matricular no mesmo curso. Normalmente, muitos alunos se
apresentam todos os dias, mas naquele dia, foi apenas nós dois.
Nossa amizade, que mais tarde se
transformou em amor, começou naquele primeiro dia. Danny me ensinou sobre o
Budismo de Nichiren e como meditar entoando o mantra NAM-MYOHO-RENGUE-KYO. Nós
nos casamos na noite de natal daquele mesmo ano.
Depois que nos formamos, eu me
mudei para Greensboro com o Danny. Eu não
dirigia e, até aquele momento, nunca tinha sonhado em poder dirigir. Danny não
tinha carteira de motorista também, porque, obviamente, ele também era cego.
Eu comecei a conversar um amigo
budista sobre os meus olhos e decidi meditar para que a minha visão melhorasse.
Eu queria algo que parecia impossível:
Eu gostaria de poder dirigir.
Meu amigo me orientou a entoar o
mantra com a determinação de encontrar o médico oftalmologista certo que entenderia a minha doença
profundamente. Ele também me orientou a determinar que eu teria um carro e
tiraria a carteira de motorista.
Eu comecei a meditar 2 horas por
dia e perceber as mudanças na minha vida e na do Danny. Então, eu finalmente
decidi contar para o Danny e sua mãe sobre os meus objetivos, o que eu queria
realizar, e sobre o meu diálogo com o meu amigo budista. Eu disse a eles que
estava determinada a ter um carro e estar dirigindo ele em no máximo 1 ano.
Danny e a mãe dele estavam
céticos, mas eu estava focada e determinada a alcançar o meu objetivo. Meu
marido e eu estávamos desempregados e recebendo ajuda do governo por sermos
deficientes e certamente não tínhamos dinheiro para comprar um carro, mas isso
não me fez parar de correr atrás do meu sonho.
Após anos e anos de ter sempre o
mesmo diagnóstico e prognóstico, que eu seria totalmente cega, eu encontrei um
médico que achou que poderia me ajudar. Ele entendeu completamente como era a
minha deficiência. Eu tinha encontrado o médico oftalmologista certo!
Exatamente o que eu vinha determinando no meu daimoku ( meditação).
Pouco tempo depois, com a ajuda
dele, a minha visão melhorou o suficiente para que eu pudesse dirigir! Acredite em mim, isso foi um desafio enorme.
Eu não sabia usar o pedal dos freios, mas a mãe do Danny me ensinou. Ela não é
apenas um apoio maravilhoso na nossa vida, mas ela também nos ajudou
financeiramente. Em fevereiro, nós compramos o nosso primeiro carro!
Todos os anos, para continuar a
dirigir, eu tenho que ir ao médico, passar pelo exame de vista e assim renovar a
minha licença anualmente. No início da minha prática, a minha visão era 20/80,
agora ela fica entre 20/60 e 20/70; isso depende da minha meditação.
Quando eu não estou fazendo a
minha pratica budista diariamente, a minha fé em mim mesma e no que eu acho que sou
merecedora tende a sofrer um pouco, e consequentemente a minha visão piora.
Minha prática budista reforçou o
meu verdadeiro valor e meus olhos não tiveram escolha a não ser responder positivamente a esta mudança. Tudo
na minha vida responde mais positivamente. Não preciso dizer que não sou mais
uma “budista de armário”, todos sabem que faço a prática budista e os incentivo
com a minha história.
Tradução não oficial do livro: The Buddha Next Door, ordinary people,
extraordinary stories.
Autores: Zan Gaudioso e Greg
Martin
ISBN: 978-0-9779245-1-6