domingo, 5 de fevereiro de 2012

Resposta a uma amiga Kardecista e Umbandista

Este texto é em resposta a uma amiga que é Kardecista e Umbandista desde os 15 anos de idade. Resolvi publicar aqui porque pode ser útil. Eu sei que será bem polêmico e muitos ficarão bravos comigo, mas, vou correr o risco.

Existe uma frase que fala “tudo que você procura também está a sua procura”.

Agora vamos imaginar um copo com água e óleo, se adicionarmos mais óleo – esse óleo vai se juntar ao óleo que já está no copo e não a água. Isso é devido a densidade do líquido. Eles podem até se misturarem por frações de segundos, mas logo vão se separar porque não são compatíveis.

Então, tudo parte da gente. A freqüência vibracional que nós emanamos pode ser comparada a densidade do óleo e da água. Se queremos ter prosperidade, ser felizes, ser virtuosos..etc. devemos vibrar nesta freqüência energética. Este é um dos motivos para  fazermos a meditação budista pela manhã ( daimoku).

Os elementos da natureza, os 4 reinos (fogo, terra, água e ar) estão representados no oratório e pela manhã no gongyo fazemos a oração:

Com profunda gratidão às Funções Protetoras do Universo pela proteção obtida, ofereço minhas sinceras orações pelo aumento da eficácia de seus poderes.”
Forças protetoras do Universo -  todos os reinos, todas as dimensões, tudo que tem energia no Universo e está relacionado à proteção.

No oratório também colocamos comida – arroz (cozido), frutas, doces, etc. Tenho meu entendimento sobre isso, além é claro, da benevolência e solidariedade que expressão. Mas, não vou falar sobre isso porque ainda não vi nenhum escrito que comprove o que penso.

Como disse acima, os oferecimentos são um culto as virtudes que fazem parte do estado de Buda no Universo e inerente a todo ser humano, animal, vegetal, mineral; ser animado ou não. 
O budismo defende que tudo e todos no Universo têm o potencial de atingir a iluminação – eu explico um pouco isso nos textos do itinen sanzen – vou postar aqui: http://www.soldelotus.com/p/interessante.html

No budismo acreditamos nos 10 estados de vida que são: inferno, animalidade, fome, ira, alegria, erudição, absorção, bodhisattva e Buda, é fundamental entender cada um.

Assim como no espiritismo fala, de forma diferente, porém igual, quando morremos nos unimos ao estado de vida, energia, que vibramos na mesma freqüência.

No livro Vida um enigma, uma joia preciosa ( livro aqui) o presidente Ikeda fala lindamente sobre isso. Coloco abaixo um diálogo que pode ajudar.

Yumitani: O budismo ensina que a vida é eterna. Da última vez, o senhor descreveu o universo como uma grande entidade viva, como um vasto oceano, e cada vida como uma onda desse oceano.

Ueda: A vida pode ser associada ao momento em que as ondas se levantam na superfície do oceano. E quando fundem-se com o oceano, temos a morte.

Yumitani: Ainda não entendi muito bem o que significa exatamente "fundir-se".

Pres. Ikeda: O Sr. Toda disse certa vez que se jogarem um pouco de tinta em um lago, ela será dissolvida e desaparecerá. Assim é a morte. Posteriormente, se utilizarem algum aparelho para recolherem os componentes da tinta dissolvida e juntá-los novamente, isso significaria a vida, disse ele. 

Yumitani: Apesar de a vida da pessoa fundir-se com a vida do universo, sua identidade não desaparece.

Pres. Ikeda: Essa vida não cessa sua existência. Quando encontrar as condições ideais, vai se manifestar novamente. Mas se perguntarem se essa vida existe como algo tangível, a resposta é absolutamente não. Não podemos localizá-la em algum lugar do universo, pois ela se torna una com todo o universo. Isso não significa existência nem não-existência. O budismo refere-se a isso como o estado de não-substancialidade (kuu).

Vamos usar uma metáfora. Atualmente, um número infinito de ondas de rádio cruzam o globo. Exatamente aqui há agora ondas de rádio de todas as freqüências — de transmissões de rádio e de televisão, entre outras — espalhadas ao nosso redor. Algumas delas são do Japão e outras, dos demais países. Apesar de dizermos que essas ondas existem, não podemos vê-las nem ouvi-las. Não podemos cheirá-las nem tocá-las. Mas se tivermos um aparelho de rádio ou TV ou algum outro receptor apropriado, e o sintonizarmos na freqüência correta, conseguiremos ouvir os sons e ver as imagens que essas ondas produzem.

Ueda: Há pessoas que dizem terem visto um fantasma, ou que ouviram a voz de sua avó falecida. Essas experiências são apenas sonhos ou ilusões?

Pres. Ikeda: Não, essas experiências podem ser reais. Mas a pessoa não está vendo um fantasma. Pode ser que as ondas de uma pessoa que está no estado de morte se sobreponham, por alguma razão, às ondas da que está viva, e a pessoa viva percebe algo como uma visão ou a voz de uma pessoa já falecida. A vida é cheia de mistérios. Poderíamos comparar isso a uma linha cruzada no telefone.

Yumitani: Há vidas que não se fundem tranqüilamente com a vida do universo?

Pres. Ikeda: Sim. Algumas se fundem com a vida universal sofrendo as dores mais medonhas. Outras ficam aterrorizadas, como se estivessem sendo perseguidas por um monstro horrível. E outras não têm repouso, como se estivessem tendo pesadelos. 

Yumitani: O que determina se uma vida está sofrendo ou se está no estado de tranqüilidade após a morte? O Inferno e o Pico da Águia existem realmente?

Pres. Ikeda: Sim, eles existem. Mas não se encontram em nenhum lugar. 

O estado de Fome não está em algum lugar além de Saturno, tampouco o Pico da Águia se encontra do outro lado do Sol. Gostaria que vocês estudassem mais a respeito dos Dez Mundos (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqüilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda), mas o importante é lembrar-se de que assim como os Dez Mundos existem em cada pessoa, também estão presentes no universo.

A vida daquela pessoa cuja tendência básica enquanto viva é permanecer no estado de Inferno vai se fundir, após o falecimento, com o estado de Inferno do universo. 

O estado de Inferno existe em nossa própria vida, mas não podemos dizer que se encontra em algum lugar particular dentro de nós. Simplesmente porque sentem uma dor de dente não podem dizer que o estado de Inferno está em seu dente. Todo seu ser sente dor, e todo seu ser está no Inferno. 

Da mesma forma, quando morre uma pessoa cuja tendência básica da vida é o estado de Inferno, todo o universo torna-se o Inferno para esse indivíduo.

Ueda: O que o senhor quer dizer com "tendência básica da vida"?

Pres. Ikeda: É a natureza essencial ou a tendência de vida para a qual vocês sempre retornam.

Estamos todos os dias sujeitos a muitas causas e condições externas que estimulam em nós várias emoções e efeitos. Nós ficamos zangados, rimos, pensamos, e nossa vida está sempre num estado de constante mudança. No entanto, cada pessoa tem sua própria tendência básica. 

Por exemplo, há pessoas que são fundamentalmente iradas por natureza e são sempre rápidas em perder a compostura, e há outras cuja força vital é fraca e ficam facilmente deprimidas, e pessoas que vivem no estado de Bodhisattva e sempre pensam nos outros em primeiro lugar. Nossa tendência básica de vida é o que determina em qual dos Dez Mundos nossa vida ficará após a morte.

Yumitani: Isso é um tanto assustador!

Pres. Ikeda: Após o falecimento, as condições e causas externas não são as mesmas de quando a pessoa estava viva, e assim sua tendência de vida torna-se todo seu ser. 

Em vida, mesmo uma pessoa cujo estado básico é o de Inferno, que está sempre sofrendo e cuja própria vida é dolorosa, pode experimentar momentos de alegria e prazer. Mas, após a morte, essa pessoa permanecerá somente no estado de Inferno.

Ex: o filme “As mães de Chico Xavier” ilustra bem o estado da fome e como depois da morte, ele se torna todo o ser, como o Presidente Ikeda falou acima.

Porém, ao contrário do espiritismo, o budista não tenta contatar o individual ou investigar a “fome de quê” ele tem neste estado vibracional. 

O Budista tenta fortalecer a energia protetora do Universo e os estados de vida de vibração mais elevada, assim como, em estado de Buda, no momento da meditação, ajudar a esta consciência individual a elevar o seu estado vibracional.

Oro sinceramente em memória de meus parentes, amigos e de todos os membros falecidos.
Toque o sino continuamente lembrando os nomes dos falecidos.

O Budismo acredita que TODOS SOMOS UM SÓ

Por exemplo, eu, neste momento estou no estado de vida Bodhisattva – dispensando meu tempo e energia para escrever um longo e-mail para que possa AJUDAR muitos de vocês que ainda tem dúvidas. Eu, neste momento, estou em contato direto com todos e tudo que vibra no estado de vida Bodhisattva – seres encarnados, desencarnados, nesta dimensão ou em outra, neste planeta ou em outro, animados ou não.

No espiritismo seria a incorporação de um ser individual, no budismo seria estar em um estado vibracional elevado onde você pode usufruir da sabedoria de tudo e todos que se encontram neste estado ( nesta mesma vibrtação) em todo o Universo.

Como isso acontece? É natural, faz parte, brota, vai como uma onda e muitos chamam de intuição, voz interior, etc.

Por que os budistas não invocam Deus, Jesus, Oxalá ou Buda? Porque acreditamos que cada um de nós é Deus ou Buda ou Oxalá, ou melhor, temos o potencial interno de atingir a iluminação e vir a ser um Deus ou Oxalá ou Buda – todos eles ao mesmo tempo agora.

Como disse anteriormente, “Tudo que você procura, está a sua procura”. A única maneira de se encontrar com Deus ou Buda é vibrar na mesma freqüência da energia que eles vibram.

Muitos falam em Mestres iluminados, seres de outros planetas super evoluídos, anjos, santos, etc. e passam a vida inteira tentando fazer contato ou ter a prova física da existência deles. Não percebem que a única forma desta conexão acontecer é através da elevação do estado de vida. Contatos físico-emocional-intelectual-espiritual entre seres da mesma freqüência no Universo é uma questão natural, como o caso do óleo e da água.

O budismo de Nitiren ensina um caminho direto, simples e rápido; porém, muito difícil de se por em prática porque depende apenas de você mesmo.

O último ensinamento do Buda Shakyamuni, o primeiro Buda que se tem noticia na história, existiram muitos Budas antes e depois do Shakymuni, ele mesmo afirma isso em vários sutras, nos ensina que devemos seguir a lei e não as pessoas, que devemos adorar a lei e não as pessoas ( no caso ele) e nos conduz ao juramento do final do gongyo:

Mai-ji-sa-ze-nen.I ga-ryo-shu-jo.
Toku-nyu-mu-jo-do. Soku-jo-ju-bu-shin.

Medito constantemente: Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda?

O grande voto do Buda de conduzir todas as pessoas à felicidade.
Este trecho revela a determinação eterna do Buda, seu grande desejo desde o tempo sem início. O Buda anseia por uma única coisa: ajudar as pessoas a atingir a felicidade suprema. Esse é o pensamento constante de Sakyamuni, conforme suas próprias palavras.

Porque esse juramento? Como o Presidente Ikeda explicou, apenas os seres animados e racionais, através das suas escolhas, pensamentos, palavras e atitudes podem influenciar na mudança de estado de vida próprio, dos outros seres do Universo e do próprio Universo.

Então, muitos de nós passam a vida inteira tentando entender, provar a existência, utilizar a força e entrar em contato com algo divino, o que, segundo nós budistas, é pura perda de tempo. O “divino” só pode existir nas ações e virtudes de pessoas comuns, por isso, “orai e vigai”, “conheça a ti mesmo”, etc.

Nitiren Daishonin afirma em seus escritos: “O propósito do advento do lorde Buda neste mundo estava em seu comportamento como ser humano”.
O objetivo fundamental de Sakyamuni ao expor o budismo não era algo especial, mas, tão somente, o de mostrar a forma correta de viver como ser humano. 

Quando nos apresentamos para a Cerimônia no Ar pela manhã e a noite, devemos levá-la muito a sério e ter uma profunda gratidão por este momento. Não é fácil encontrar pessoas que entenderam a real mensagem dos 84.000 sutras ensinados há mais de 3.000 anos pelo Buda Shakyamuni. E principalmente, basear a sua forma de viver na prática do seu maior ensinamento – o Sutra de Lótus.

Quando pronunciamos o mantra NAM-MYOHO-RENGUE-KYO, a vibração perfeita das suas vogais se funde com a vibração do estado de vida de Buda no Universo fazendo emergir o nosso estado de Buda inerente. Tornamos-nos UNOS com toda sabedoria, coragem, força e prosperidade no Universo ( texto aqui).

Quando encerramos a cerimônia no Ar e fechamos o oratório, precisamos ancorar esse estado de vida no nosso dia-a-dia para que essas características se manifestem no físico: no nosso trabalho, família, etc. 

O caminho, é cultivar atitudes positivas, proativas, responsáveis, solidárias, amorosas, respeitosas, em suma, atitudes virtuosas e construtivas.

A atitude mais nobre que um budista pode ter, é ensinar o “caminho das pedras” para outras pessoas.

Passar adiante os ensinamentos e pratica budista para que todos tenham a oportunidade de realizar a sua revolução humana e assim iluminar todo o Universo. 

Iluminamos o nosso caminho à medida que iluminamos o caminho dos outros, é outro ensinamento budista que devemos por em prática.

O estudo é fundamental para que não percamos o foco dos ensinamentos budistas e tenhamos conhecimento para passar para outras pessoas. Devemos aprender diretamente dos sutras, goshos e tratados que o presidente Ikeda escreve.

A prática consiste em 3 pilares: prática, fé e estudo.

Fé no potencial humano de atingir a iluminação e principalmente, fé na sua capacidade de superação e de ser feliz!

Ao contrário do espírita, o budista acredita que podemos mudar até mesmo o carma mais pesado que carregamos e se manifesta na nossa vida. Por favor leiam um exemplo disso no “Um Inverno Rigoroso” - http://www.soldelotus.com/p/relatos.html

Outro filme fantástico que dá para ver nitidamente os estados de vida e o relacionamento de uma pessoa num estado de vida mais elevado com o estado inferno e fome é "Meu nome não é Johnny", presta a atenção na parte do manicômio e quando ele faz o interprete na cadeia p um bandido.

Espero que o Texto tenha sido útil!

Fé na vida e Fé em sí mesmo.

Abraços,

Anne Almeida