domingo, 3 de julho de 2011

Unicidade de Pessoa e Lei “Faça da Lei uma ilha e nela construa sua vida”

BS 2090 - Publicado em 02/Julho/2011 -
Introdução

Este princípio explica a relação da pessoa com a Lei. Existem diversas maneiras de considerá-la. Nesta matéria, será exposta a mais simples relação e seu desdobramento no cotidiano. O Budismo Nitiren não possui como ponto central o conceito de um salvador.

Portanto, não existe diferença entre a pessoa e a Lei; a relação é da mais absoluta igualdade. A filosofia budista ensina um meio prático e eficaz de transformar o destino por meio do princípio da Unicidade de Pessoa e Lei.
 
O objetivo da prática

Uma pessoa não pratica o Budismo para atingir aquilo que ela já é. Todos são budas. A prática da fé existe para manifestar essa verdade na realidade diária. Ela reeduca as ações a ponto de torná-las totalmente baseadas no estado de Buda. Sendo direto, uma pessoa não pratica para ser conduzida, ela pratica para conduzir a própria vida, inspirada pelo estado de Buda.

O mortal comum é o buda

“O mortal comum é o Buda verdadeiro. Gostaria de interpretar esse ponto como a suprema declaração da ‘humanização do Budismo’”.

Por que é tão difícil acreditar que sou um buda?

Porque, no fundo, o que se deseja é viver na dependência de alguém ou de algo superior. Aparentemente, é mais fácil viver como vítima ou subserviente; mas na verdade não é. Muitos usam a fé para adorar algo externo ou pessoas, para esconder seu desejo por dependência. O resultado de uma vida assim são dificuldades, sofrimentos e infelicidade.
 
Suprema igualdade

Todos são iguais na iluminação, somos budas, e um buda é a Lei Mística. Portanto, cada pessoa representa a Unicidade de Pessoa e Lei. Todas são dignas do mais elevado respeito.

Religiões autoritárias

Devido a esse princípio, uma religião autoritária não produz resultados concretos. Quando seus ensinos pregam a diferença entre as pessoas, revelando que algumas são superiores, essas ­religiões falham em enxergar a natureza iluminada do ser humano. E, sem essa visão, são incapazes de transformar a vida das pessoas.

Torne-se uma ilha

“Ananda, que sempre havia seguido as orientações do Buda Sakyamuni, em certo momento, questiona o Buda: “’Como iremos orientar nossa prática após sua morte?’’
E Sakyamuni responde: ‘Ananda, torne-se uma ilha e dependa de si mesmo. Por meio de seus esforços, faça da Lei uma ilha e nela construa sua vida’.” Sobre o trecho acima, o presidente Ikeda comenta: “Na verdade, ele está dizendo: ‘Torne-se senhor de sua mente’, para nós, isso significa devotar-nos completamente à fé.
 
Coragem indomável

“O ensino de Nitiren Daishonin refuta todas as filosofias e religiões que forçam as pessoas a se ajoelharem diante da ‘autoridade religiosa’, e faz que abram a ‘grandiosa vida sagrada’ que existe dentro delas. Foi por essa razão que Daishonin enfrentou grandes perseguições. Ele empreendeu uma nobre luta pelos direitos humanos com uma coragem indomável.”
 
Entenda o funcionamento da Lei Mística

A Lei Mística é o ritmo vital constante que conduz todos em direção à iluminação. É o fluxo natural da vida, e esse fluxo é o próprio estado de Buda.
 
Como ela se manifesta na vida diária?

A Lei Mística se manifesta na realidade diária por meio da pessoa. E o princípio da Unicidade de pessoa e Lei ensina como fazer isso.

Gosho

“Em Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Nitiren Daishonin afirma:
‘Se pensa que o estado de Buda existe fora do seu coração, isso já não é mais Lei Mística; é um ensino contrário a ela’.
Embora a ‘Lei’ pareça sugerir algo separado de nossa vida diária, na verdade, ela somente pode existir em nosso coração.”

Realize o trabalho do Buda

A Lei Mística direciona as ­pessoas à iluminação, este é o trabalho do Buda. A pessoa que realiza o mesmo trabalho, se torna una com a Lei e manifesta o estado de Buda. Isso é Unicidade de Pessoa e Lei, é atingir o estado de Buda.

Felicidade absoluta

Ao realizar o “trabalho do Buda”, a pessoa deixa de ser vítima, de ficar nas mãos do destino e torna-se livre e capaz de viver feliz, absolutamente.

Missão de vida é viver no ritmo da Lei

O presidente Ikeda afirma: “O Buda do tempo sem início, ou kuon ganjo, o buda que existe eternamente sem início ou fim é a própria vida do universo. É o constante e incessante trabalho de conduzir todas as pessoas à iluminação, sem um instante de pausa.

De fato, esse buda eterno e nós próprios somos um só. Isso significa que viemos trabalhando para conduzir as pessoas à felicidade e empenhando-nos pelo Kossen-rufu desde o remoto passado, e não somente nesta existência.

Quando nosso ponto de vista expande-se do presente para a totalidade de todo o eterno universo, despertamos para a nossa profunda missão de vida”.

O meio prático e direto

Para se manter nesse ritmo universal, existe o Daimoku e o Gohonzon. “O Nam-myoho-rengue-kyo é a Lei mas, ao mesmo tempo, é também a vida do Buda.
A Pessoa e a Lei são unas. E a Unicidade de pessoa e Lei é o ponto mais importante.”
 
O propósito do Gohonzon

Foi exatamente por isso que Nitiren Daishonin inscreveu o Gohonzon. Nada poderia ser mais concreto ou verdadeiro. Pela recitação da Lei Mística ao Gohonzon, Daishonin tornou possível para as pessoas comuns dos Últimos Dias ficarem unas com o ‘Buda que está sempre aqui, pregando a Lei’. O Gohonzon incorpora a Unicidade de Pessoa e Lei.”
 
Oração e ação

‘‘Quando abraçamos o Gohonzon e nos empenhamos pelo Kossen-rufu, o ‘Buda eterno que está sempre aqui, pregando a Lei’, surge em nossa vida. [...] Sobre isso o presidente Toda fez o seguinte comentário:

‘Isso significa que o universo é uno com o Gohonzon. Desde o remoto passado, a vida do Nam-myoho-rengue-kyo é una com o universo. Como nossa vida é o Nam-myoho-rengue-kyo, ao orarmos ao Gohonzon e fundirmos nossa vida com a vida do Gohonzon, o poder deste flui dentro de nós. Podemos observar as questões do mundo sem nenhum erro de julgamento.’”
Conclusão

O presidente Ikeda conclui: “A essência do Budismo consiste no desenvolvimento do próprio indivíduo por meio de sua determinação e árduo esforço e não na dependência de alguém ou de algo. Devemos desenvolver um espírito de iniciativa própria, sem ficarmos na dependência de outros.

Não precisamos da compaixão nem da piedade alheias. Devemos nos levantar sozinhos e seguir adiante, mesmo que não haja ninguém para nos incentivar. Com alegria e determinação, nós assumimos a responsabilidade de transformar nossa vida, nossa vizinhança, a sociedade e o país onde vivemos. (...)

O Budismo não ensina teorias abstratas, ou um modo de vida covarde de se apegar constantemente a algo para sobreviver. Por outro lado, não torna o indivíduo egoísta a ponto de ele mesmo acreditar arrogantemente que ‘eu sou o dono da verdade e mereço consideração’.

Se a pessoa acreditar na grandiosa força vital inerente em sua vida, simultaneamente compreenderá que a mesma força vital existe na vida de todas as outras pessoas. O Budismo ensina que devemos valorizar a vida dos outros da mesma maneira que valorizamos nossa própria vida”.

Todas as citações desta matéria constam nas seguintes fontes: Brasil Seikyo, edição no 1.477, 19 de setembro de 1998, p. 3 e 4 e Ibidem, edição no 1.478, 26 de setembro de 1998, p. 3.