“Carta aos Irmãos”
Tradução e transcrição da palestra ministrada por Greg Martin (chefe do departamento de estudos e palestras da SGI EUA) em fevereiro de 2010
Por Marina Almeida
Bem-vindos à palestra de fevereiro. Eu sou Greg Martin e estou muito feliz de ser o seu facilitador aqui hoje.
Antes de começarmos a estudar o material, gostaria de fazer um comentário sobre o estudo. Meus comentários são direcionados aos membros e aos palestrantes, acho que é importante entender a natureza do estudo budista. Estes são os meus pensamentos advindos de anos de experiência, mas acho que se entendermos como os membros podem tirar melhor proveito dos estudos, ajudará você a preparar uma melhor experiência nos estudos também.
Então, como os membros podem tirar melhor proveito das reuniões de estudo?
Primeiramente, é importante entender que o estudo budista não é a mesma coisa que ouvir um sermão inspirador ou ouvir um palestrante motivacional. Isso é denominado de “ouvir passivamente”.
Qualquer sentimento caloroso que um ouvinte passivo possa ter tende a desaparecer gradualmente em um curto período de tempo. Isso acontece às vezes antes mesmo de a pessoa sair da reunião!
Ela não poderá se lembrar o que foi tão encorajador; apenas se lembrará que se sentiu encorajada.
Não há muito tempo atrás, um membro veio até mim depois de uma reunião de estudo dizendo: “Uau, que ótima palestra! Senti-me feliz e encorajada!”
E então, eu a perguntei: “Qual foi a coisa que eu disse que a deixou mais encorajada?”
Ela não conseguia se lembrar de nada do que eu disse, não fez nenhuma anotação. Tudo o que ela se lembrava é de ter se sentido bem, mas não havia aprendido nada. Nada foi retido.
Então, é claro que o estudo não teve sentido algum para ela, mesmo quando ela chegou em casa e ficou na frente do Gohonzon. Ou seja, a palestra não interferiu em sua prática.
É por isso o estudo budista é “ouvir ativamente”, “estudar ativamente”.
“Ouvir ativamente” tem o poder de fazer gravar de forma profunda o estudo budista na vida de uma pessoa, enquanto “ouvir passivamente” não.
Nesse sentido, ser um “aprendiz ativo” faz toda a diferença. Bem, de novo, esses são os meus pensamentos, mas acho que se um membro tem uma boa experiência transformadora em sua vida através dos estudos, precisa-se entender primeiro que esse membro tem as ferramentas, que seriam os goshos ou o livro “Vivendo o budismo” ou os “Escritos de Nitiren Daishonin”...
Esse membro deve ter também uma caneta marca texto e uma caneta convencional, um notebook ou um bloco de anotações.
E antes da reunião esse membro deve se preparar. Eu encorajo as pessoas a escreverem primeiramente o tópico:
1. “Coisas que eu aprendi sobre a minha vida nessa situação através do estudo de hoje”.
E então, à medida que vão avançando pelo material, devem escrever ou marcar os pontos chave que leram e que querem se lembrar depois.
Devem anotar qualquer pergunta que tenham e também anotar algo que não entenderam. Deveriam também anotar todo e qualquer discernimento que tiverem em termos de entendimento profundo sobre eles mesmos ou uma perspectiva de como usar a prática para superar uma dificuldade.
Então, depois de preparados, devem levar o material e essas anotações para a reunião de estudo. As pessoas devem se lembrar de tudo o que você disse ao se sentarem em suas casas na frente do Gohonzon, as pessoas devem participar fazendo perguntas, compartilhando observações, discernimentos e experiências.
Se você vai apresentar uma palestra, é de sua responsabilidade fazer de tudo para, não só preparar uma boa explanação, mas como também fazer com que as pessoas participem e tenham uma experiência de aprendizagem pró-ativa.
Suas orações devem estar modificadas quando elas retornarem às suas casas depois dessa reunião. Então, nesse sentido, você tem vários papéis:
1. Você deve ser uma autoridade. Não autoritário; uma autoridade: alguém que, naquela reunião, sabe ou tem domínio do que está falando. Alguém que preparou sua apresentação, que entende o material e que não deixe que as conversas desenvolvidas ali façam com que as pessoas saiam confusas sobre o que é o budismo de Nitiren ou sobre o que são os ensinamentos de Daisaku Ikeda.
2. Você também deve ser um facilitador: facilitar a participação e o envolvimento. Na minha opinião, metade da reunião deve ser a explanação do material e a outra metade deveria ser abertura ao diálogo pergunta-resposta.
3. E ao mesmo tempo, você tem um papel de treinador em treinar as pessoas para que elas tenham bons hábitos de estudo.
Vamos agora voltar nossa atenção para “Vivendo o budismo”; esta é a edição janeiro-fevereiro de 2010, “Cartas aos irmãos”, parte 1.
Este é um material muito interessante e “Carta aos irmãos” é um de meus favoritos. Na página 76 encontramos um breve contexto dos beneficiários dessa carta peculiar.
O presidente Ikeda explica que esta carta foi endereçada aos irmãos Ikegami que eram praticantes veteranos e discípulos de Nitiren Daishonin. Eles pertenciam a uma proeminente família que liderava empreiteiras (construção) para o governo.
O pai deles, no entanto, era um defensor do inimigo de Daishonin, Riokon, e se opunha à fé dos irmãos. Foi inclusive manipulado por Riokon a deserdar o filho mais velho.
O que não está escrito aqui é que havia uma relação incestuosa entre o governo e o clero naquela época. Era tão corrupta essa relação que os projetos de engenharia e construção do governo eram controlados pelos sacerdotes.
E neste caso, Riokon era responsável pelos projetos de construção e usava a classe pobre como mão-de-obra barata.
O pai dos irmãos, que era seguidor de Riokon, era economicamente pressionado pelos sacerdotes a deserdar o filho mais velho. Portanto, podemos suspeitar que Riokon não apenas impunha uma pressão espiritual, mas também fazia ameaças econômicas ao pai dos irmãos. E foi nesse ambiente de pressão que o pai resolveu agir dramaticamente contra o seu filho.
Deserdar talvez não pareça algo tão sério para nós, mas naquele tempo significava a perda da sucessão da família, perda de dinheiro e de status social.
E se o filho mais velho fosse deserdado, o mais novo o substituiria em seu lugar se abandonasse sua fé. Era uma tentativa de criar problemas na relação entre os irmãos e na relação entre os irmãos e seu mestre, Nitiren Daishonin.
E qual foi o resultado? Vamos ver a conclusão na página 85 em que o presidente Ikeda escreve:
“Os irmãos Ikegami realizaram com fé exatamente o que Daishonin ensinou e esplendidamente triunfaram sobre os obstáculos que os confrontavam.
Hoje, num mundo que luta numa crise econômica sem precedentes, obstáculos de todos os tipos aparecem. Portanto, é crucial que vençamos em nossos corações recitando Nam-myoho-rengue-kyo continuamente.
Quando fazemos da “fé que supera todas as dificuldades” a base da nossa vida, podemos transformar definitivamente o negativo em algo positivo de acordo com o princípio de “transformar o veneno em remédio.
Podemos também transformar nosso carma definitivamente atingindo o estado de Buda nesta vida e abrir o caminho do kossen-rufu.
Vamos marcar o octogésimo aniversário de fundação da Soka Gakkai fazendo com que cada pessoa mostre provas reais de grande vitória.” Esse é o nosso objetivo no estudo do mês: aprender com essa explicação do Presidente Ikeda de superar as dificuldades e transformar o veneno em remédio.
Agora vamos retornar ao começo dessa palestra. A propósito, acho que os comentários introdutórios feitos por Ikeda antes do início da discussão são a grande questão. Ele transmite qual é o espírito que devemos ter ao estudar os materiais e acho bastante encorajador e informativo. Está na página 75:
“O grande empreendimento do Kossen-rufu é a luta contra as funções diabólicas. Não podemos permitir nos encolher sob suas investidas. Se nós permitirmos a derrota, a humanidade ficará para sempre encoberta pela escuridão. Essa foi uma poderosa declaração de meu mestre Jossei Toda – palavras que carregam uma importante mensagem para a posteridade.”
Parece que essa parte da humanidade ficar encoberta pela escuridão é melodramática, mas à medida que entendemos o material percebemos que precisamos lutar contra as forças maliciosas e que na verdade, essa passagem se refere ao mundo estar encoberto pela escuridão fundamental.
E na página 76, Ikeda diz: “Eu sabia que se perdêssemos de vista o propósito fundamental da prática budista que o senhor Toda nos ensinou, nós arriscaríamos ser derrotados pelas maldades resultando em apatia, estagnação e posteriormente, na desintegração da fé.”
Nessa passagem reafirmamos os três ensinamentos da Soka Gakkai:
1. fé para uma família harmoniosa,
2. fé para que cada pessoa seja feliz e
3. fé para vencer obstáculos.
O presidente Ikeda ainda adiciona:
4. fé para uma vida longa e saudável e
5. fé para alcançar a vitória.
O que acho interessante aqui é a conexão entre esses ensinamentos... São como lembretes do propósito da prática budista.
Qual é o propósito da prática budista?
Qual é o propósito da nossa organização?
Enquanto esses ensinamentos nos fornecem orientação em termos de fé e prática individual, eles também nos fazem lembrar da nossa organização, da nossa liderança e de ter fé pelas pessoas.
E é importante que essas regras permaneçam firmes ou seremos derrotados pelas maldades. Essa correlação para mim é muito interessante. Essa é a minha opinião, mas se perdermos de vista o propósito de nossa organização – que é para as pessoas e sua felicidade – sucumbiremos às maldades e seremos derrotados, principalmente pelos três venenos.
Mas enquanto mantivermos esses cinco discernimentos individuais e coletivos, estaremos aptos a combater os três venenos e o demônio do sexto céu.
Na página 76, o Presidente Ikeda inclui: “A não ser que vençamos na luta contra as funções diabólicas, não poderemos alcançar a verdadeira harmonia, felicidade, saúde, longevidade ou vitória – objetivos que formam o coração dos cinco ensinamentos. Neste e nos próximos dois fascículos, vamos estudar “Carta aos irmãos” e aprender a fórmula para a total vitória que Nitiren esboça para os seus seguidores neste escrito.”
Mas antes quero falar sobre o demônio do sexto céu; quero falar mais profundamente sobre sua natureza. Quero retornar a uma palestra do presidente Ikeda em que ele fala dos diferentes aspectos das funções diabólicas.
E ele diz em “Vivendo o Budismo”, edição de Junho de 2009 que Nitiren escreve: “A escuridão fundamental se manifesta como o demônio do sexto céu.
A escuridão fundamental significa ignorância fundamental do fato de que nossas vidas e as dos outros – e também todas as coisas do universo – são entidades da Lei Mística.
Essa ignorância fundamental é a fonte de toda a ilusão que alimenta a miséria e o sofrimento. Ela também se manifesta como impulsos nebulosos que resultam em ações negativas e destruidoras.”
Esse é um ensinamento muito poderoso. Nossas vidas e as dos outros são entidades da Lei Mística e a ilusão fundamental ou ignorância fundamental dá origem à crença de nós pensarmos inferiores ou superiores aos outros; não iguais.
E voltando aos meus comentários sobre os cinco ensinamentos... É por isso que eles são tão cruciais. Nossa organização deve se basear na iluminação fundamental, na igualdade fundamental. As pessoas importam.
Essa escuridão fundamental ou o demônio do sexto céu faz com que permitamos usarmos as pessoas ou sermos usados por elas por conta desse sentimento de inferioridade ou superioridade.
O Presidente Ikeda continua: “Qual é a natureza diabólica do poder? É a derradeira função negativa manifestada pela escuridão fundamental que rejeita a crença de que todos os seres vivos são entidades nobres e supremas da Lei Mística.” Ou seja, rejeita a crença da igualdade.
“Mais especificamente, se refere à tendência de se desprezar a vida humana e usar os outros para maldades.
A natureza diabólica do poder é a mais potente manifestação do funcionamento maldoso que impregna o mundo humano e que foi moldado pela ativação da escuridão fundamental ou ignorância fundamental.”
Então, o que é esse demônio do sexto céu?
Achei no dicionário budista o seguinte: “O rei dos demônios, que habita no lugar mais alto ou no sexto céu do mundo dos desejos... que faz uso indisciplinado dos frutos dos esforços de outros para o seu bel-prazer. Servido por inúmeros, ele obstrui a prática budista e se delicia em enfraquecer a força da vida de outros seres vivos. Um dos quatro demônios dos três obstáculos.”
Quando alguém usa o outro, mas não o está sendo útil, esse alguém está sob essa influência.
Quando alguém usa os ensinamentos para controlar os discípulos, esse alguém está sob essa influência.
Quando alguém pede aos discípulos que se sacrifiquem em prol de um líder ou de uma religião, ao invés de o líder ou a religião servir os discípulos, esse alguém está sob essa influência. Aí está a crença de superioridade frente aos outros.
Essa tendência deve ser combatida por um líder verdadeiro e correto. E os discípulos devem ser vigilantes a essa questão em seus líderes e em sua organização.
Temos vários exemplos na história da própria organização: no final dos anos 80, atingir objetivos organizacionais para enaltecer a reputação da organização nacional ou de alguns líderes se tornou mais importante do que as pessoas.
Nos anos 90, uma pessoa tentou usar os membros para seus propósitos utilizando o acesso ao Dai Gohonzon para coagir obediência e fé.
E no final dos anos 90, início de 2000, um líder daqui de Los Angeles usou a deslealdade para lutar contra suas próprias batalhas enquanto ele mesmo, covardemente, se escondia nas sombras.
Essas são manifestações em que as pessoas são tomadas pelo poder, pela autoridade e usam as outras para os seus próprios fins. Esses professores, mesmo que tenham sido anteriormente bons ou maus professores, sucumbiram à natureza diabólica do poder, da popularidade. Tornaram-se o demônio do sexto céu em ensinar o budismo.
Mas ao mesmo tempo, nós, intimidados por sua autoridade, poderíamos acreditar no seu julgamento e sermos enganados e derrotados pela mesma natureza diabólica.
Em outras palavras, uma pessoa não pode usar outras a não ser que essas outras queiram e permitam serem usadas.
Uma pessoa não pode controlar as outras a não ser que essas outras tenham vontade de serem controladas.
Existem dois lados dessa “natureza diabólica”: um é tomar o controle e o outro é desistir desse controle. São dois lados que expressam desigualdade.
“Não acredito em mim mesmo, portanto penso que eles sabem o que estão fazendo.” É acreditar facilmente no julgamento dos outros porque eles “parecem” mais “religiosos” ou mais “sagrados” ou porque eles têm uma relação mestre-discípulo melhor do que a que eu tenho. Isso é desconfiar dos nossos corações e do nosso poder.
Enquanto essas influências estão fora de nós, superficialmente, a verdadeira batalha toma lugar dentro da gente.
Vitória e derrota são decididas se suas influências são positivas ou negativas. Se uma pessoa está presa a uma força exterior ao encarar um obstáculo ou dificuldade... Se não somos influenciados por ela, então, não está funcionando. Como os três obstáculos e quatro demônios...
Na verdade, se uma força nos faz levantar e tentar mais e melhor, então está funcionando como uma força protetora.
Então, em última análise, nós decidimos seu papel e sua função.
E é por isso que é uma batalha interior e foi também para os dois irmãos tendo que suportar a pressão do pai, uma figura autoritária no feudalismo japonês que eles amavam e gostariam de responder... Era uma verdadeira batalha interior, uma luta interior permanecer firmes contra uma pessoa que eles amavam, respeitavam, confiavam e acreditavam profundamente.
Essas batalhas que acontecem no nosso coração são genuínas e cheias de fé. Então, o Presidente Ikeda diz na página 79 de “Vivendo o Budismo”: “Quem é este que os praticantes do Sutra de Lótus devem temer?
Nitiren Daishonin diz que... nós devemos temer aqueles que tentam obstruir nossa prática.”
Mas agora quero olhar mais profundamente. Porque isso é um problema? Claro que se não praticarmos, não obteremos nenhum benefício. Mas estou sempre à procura do significado mais profundo em termos da minha própria vida. E quais seriam as implicações mais profundas? Na página 78, Presidente Ikeda diz o seguinte:
“Num nível mais profundo, abandonar o Sutra de Lótus equivale a rejeitar os princípios fundamentais que o Sutra incorpora, como a iluminação universal, respeito por todas as pessoas e coexistência harmoniosa.”
É isso que estaremos rejeitando se jogarmos fora o Sutra de Lótus e abandonarmos a nossa fé. “
Fazendo isso obrigamos os três venenos – ganância, raiva e loucura – o que induz as pessoas a agir em oposição à Lei – a se intensificarem na vida das pessoas até que eventualmente a escuridão domine e que elas estejam destinadas a perambular pelos maus caminhos da existência.”
E aqui, de novo, “escuridão” quer dizer, “escuridão fundamental” e é aí que os três venenos nos dominam e dominam também a vida das pessoas ao nosso redor.
Este é o perigo, este é um risco que alguém assume, este é o preço do abandono da prática. Mas há mais; ao descartar o Sutra de Lótus, os irmãos Ikegami estariam descartando também o professor do Sutra de Lótus.
Apesar de o Sutra de Lótus estar existindo por aproximadamente dois mil anos já naquela época, ninguém o estava praticando, a não ser algumas poucas pessoas. Eles estariam trocando o professor o Sutra de Lótus por outro professor. Eles teriam tomado a decisão de ter seu pai como professor, por exemplo.
O Presidente Ikeda diz na página 78: “Em última análise, nem o ensinamento mais elevado pode se igualar a algo a não ser que a pessoa o ponha em prática. Isto está indicado no pronunciamento de Nitiren:
“A Lei não se espalha, não se divulga por si só: porque as pessoas a propagam, ambas as pessoas e a Lei são dignas de respeito. É extremamente raro encontrar uma pessoa que interpreta o Sutra de Lótus exatamente como o Sutra de Lótus direciona e orienta.”
Ao rejeitar Nitiren Daishonin e ao rejeitar o Sutra de Lótus se rejeita a grande sorte. Por mais de dois mil anos, ninguém conseguiu explicar o Sutra de Lótus claramente e corretamente. As pessoas ficavam confusas.
A maioria no Japão, sob a influência de Nambutsu e outros, descartavam o Sutra de Lótus e o jogavam fora. Simultaneamente, eles estavam jogando fora a crença no seu estado de Buda e aceitavam seus papéis de serem “menos”, serem subservientes, de serem pessoas inferiores em face ao governo e a autoridade religiosa.
E como isso era verdade para os irmãos Ikegami, é também verdade para nós, mais de setecentos anos depois da morte de Nitiren Daishonin... Naquela época esse budismo foi descartado, não foi entendido, mesmo pelos praticantes. É extremamente raro encontrar e aceitar um professor do Sutra de Lótus. Eu e você estamos no grupo de privilegiados que tiveram a sorte de achá-lo.
E é por isso que na página 79, estou perto de minha conclusão, há dois parágrafos que gostaria de ler, Presidente Ikeda diz...
A relação entre mestre e discípulo; espero que vocês consigam ver a relação entre Nitiren e os irmãos Ikegami.
Era uma relação professor-estudante. Nitiren queria que eles se fizessem unos com ele, que permanecessem firmes em suas atitudes e determinação. Se eles o tivessem abandonado para ficarem com o pai, por exemplo, sob a influência de Riokon, protegendo seu ambiente, seu status, suas economias, eles também estariam jogando fora a crença no seu estado de Buda universal. Não é uma boa troca. Acho que era isso que Nitiren estava tentando transmitir a eles.
Continuando com o Presidente Ikeda: “Pelo ponto de vista do Budismo, a relação mestre-discípulo é um vínculo supremo e nobre. Se não fosse pelo mentor, Tsunessaburo Makiguti e seu discípulo, Jossei Toda – o primeiro e o segundo presidentes da Soka Gakkai - o renascimento do budismo de Nitiren nunca teria seu lugar na era moderna.” Eu e você não estaríamos aqui aproveitando os benefícios dessa prática.
“Isso é porque a Lei só toma vida nas vidas daqueles que a praticam, e o seu real valor apenas se manifesta através de suas ações e comportamento. A não ser que haja pessoas que corretamente apóiem-se nos ensinamentos do Buda, que pratiquem verdadeiramente de acordo com o seu espírito, nada de valor será criado por aquele ensinamento. Ter um professor em fé é vital para uma correta prática do budismo. E é pelos discípulos agindo com o mesmo espírito de seus mentores é que a Lei é transmitida.
A relação mestre-discípulo é crucial no Budismo de Nitiren.” E como eu li antes, os irmãos Ikegami, de volta à página 85, realizaram com fé exatamente como Daishonin os ensinou; como mestre e discípulo. E eles esplendidamente triunfaram sobre os obstáculos que os confrontaram. E é por isso que Daishonin diz a eles, retornando a essa passagem no Gosho:
“Uma vez que é assim, as pessoas que acreditam no Sutra de Lótus, devem temer aqueles que tentam obstruir a prática mais do que elas temem os bandidos, ladrões, assaltantes da noite, tigres, lobos ou leões – mais ainda do que a invasão dos Mongóis – este mundo é de domínio do demônio do sexto céu.”
E então, o Presidente Ikeda conclui com essa carta aos irmãos Ikegami e pede para que aprendamos com o exemplo deles aplicando-o na nossa própria vida, na nossa batalha interior contra as funções negativas e diabólicas. Através deste estudo pudemos aprender que a fé supera as dificuldades e que também transforma o veneno em remédio. Portanto, devemos marcar o octogésimo aniversário da Soka Gakkai com a nossa vitória pessoal.
Muito obrigada e tenha uma ótima reunião de estudo!
Obervações:
Mais uma vez, gostaria de sugerir o estudo deste texto do Greg Martin na reunião da BSGI.
A BSGI, segundo a cultura de oceano e o legado de Nitiren Daishonin e Presidente Ikeda, é humanista ou institucionalista?
O que cada um pode fazer para construir uma BSGI mais dinâmica e Humanista?
Como podemos direcionar as publicações, principalmente o jornal BS, para divulgar esta cultura e incentivar os membros a quebrarem antigos paradigmas da cultura de vila que ainda se manifesta fortemente dentro da organização?
Vamos ser proativos, vamos construir a BSGI que sonhamos - como diz o mestre!