domingo, 7 de março de 2010

A tríplice transformação da terra

Desastres naturais e tríplice transformação da terra: evite ''achismos''
Revista BS, 06 DE MARÇO DE 2010 — EDIÇÃO Nº 2025


Os desastres naturais ocorridos nos primeiros meses deste ano levantaram uma questão: a ligação estes desastres e religião. É natural opinarmos sobre assunto. Mas antes devemos pesquisar e buscar respostas no Gosho e nas orientações do presidente da SGI, Daisaku Ikeda e evitar os “achismos” ou reproduzir falas preconceituosas. Tratá-los simplesmente como castigo divino não reflete a visão do Budismo Nitiren.
 
Em meados de agosto de 1957, o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, levou o presidente Ikeda e mais um jovem para visitar sua terra natal, Karuizawa.
Num passeio, sentados e desfrutando de “brisas refrescantes”,1 relembraram a erupção do Monte Asama e dialogaram sobre os efeitos dos desastres naturais sob a luz do budismo.

Com base na frase do Gosho “quando todas as pessoas estiverem recitando simultaneamente o Nam-myoho-rengue-kyo, o vento não vergará a ramagem ou os galhos e nem cairá torrencialmente a chuva para cavar a terra”2; os jovens questionaram se as erupções vulcânicas como aquela não mais ocorreriam quando o tempo do Kossen-rufu chegasse.

E Toda respondeu: “Mesmo as montanhas passam pelo ciclo dos quatro estágios de formação, continuidade, declínio e desintegração. Portanto, é inverossímil que vulcões parem de entrar em erupção no processo de sua formação. Todavia, se uma erupção ocorre, devemos ser capazes de evitar uma situação que cause sofrimento às pessoas.“3

Ao discorrer sobre a “tríplice transformação da terra”, o presidente Ikeda diz que “os contínuos esforços que cada um de nós está realizando para concretizar nossa revolução humana [...] são os meios pelos quais conseguimos transformar o mundo ao nosso redor”. Isso porque, “transformar a nação depende no final das contas de as pessoas transformarem seu coração e seu pensamento. [...] quando os princípios da verdade e da justiça triunfam, a nação, o local onde vivemos, recebe um impacto positivo. É por isso que a batalha inerente na “tríplice transformação da nação” é realmente uma feroz batalha para garantir que a verdade prevaleça”.4

A viagem do presidente Ikeda à terra natal do mestre foi o ponto catalisador de sua determinação férrea de construir o Kossen-rufu mundial com as próprias mãos. Foi nessa ocasião que ele escreveu o poema “Atsuta Mura” (Vila Atsuta), que mais tarde foi transformado em canção. Oito meses após essa viagem, Toda veio a falecer.

O que podemos aprender com essa lição do mestre, é que o mais importante é a determinação de uma única pessoa, é o quanto cada um cria empatia com os que sofrem em meio a desastres naturais e determina transformar o mundo saha na “terra iluminada do Buda”.

De acordo com o princípio dos “três mil mundos num único momento da vida”, a nação tem também um estado de ser ou condição de vida. Já que o budismo considera a vida e seu ambiente como inseparáveis, quando o coração das pessoas que vivem num determinado local fica perturbado ou infeliz, a nação e seu ambiente também ficarão. Quando o coração das pessoas irradia força interior e convicção, a terra também floresce e prospera.

Para fazermos com que nosso precioso planeta cintile com a luz da paz, da prosperidade e da felicidade, é essencial dominarmos, nos aprofundarmos e polirmos esse único elemento do coração, ou da mente. Áreas tais como as da ciência e da tecnologia da informação não conseguem mais contribuir para a felicidade humana quando perdem essa verdade de vista.5
 
A força de um indivíduo genuinamente comprometido, diz o presidente Ikeda, supera a força de um milhão de pessoas. Quando mudamos o “único elemento da mente” e assim nos transformamos, nosso ambiente muda. E quando isso ocorre, o mundo muda.
 
1. “Brisas Refrescantes” é o título do capítulo 12 da Revolução Humana. In Terceira Civilização, novembro de 1992, encarte especial, pág. 2. 2. As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 118. 3. Revolução Humana, vol. 12. In Terceira Civilização, novembro de 1992, encarte especial, pág. 2. 4. Brasil Seikyo, edição no 2.003, 12 de setembro de 2009, pág. 5. 5. Preleção dos capítulos Hoben e Juryo, pág. 296.