quarta-feira, 2 de julho de 2014

Aprendendo com os meus filhos

por Greg Martin

Consideração é igual a força. Então, quanto mais você considera as pessoas, mais forte você se torna. Daisaku Ikeda

Eu estava meditando Nam-Myoho-Rengue-Kyo um dia quando esta pergunta veio a minha mente: 

Por que pais de adolescentes são tão raivosos? Ou, mais especificamente, por que eu estava tão raivoso como pai de 2 adolescentes?

Demograficamente, pais de adolescentes devem estar no topo da lista de raivosos, eu pensei, abaixo apenas dos descontentes ex-funcionários do serviço postal. Por quê?

Eu fui pego por uma ideia que eu lembrava dos meus estudos budistas: as pessoas se tornam prisioneira da raiva porque elas não conseguem ser honestas com ou sobre elas mesmas. 

Elas ficam presas sustentando uma ilusão sobre quem elas são, morrendo de medo da verdade – as suas inadequações e falhas sejam expostas para todo mundo ver. Elas não têm a segurança de deixar o mundo vê-las como elas realmente são.

De certo modo, em relação aos meus filhos, eu fui pego usando uma máscara, um rosto falso. Era a máscara do “sabe tudo”, do infalível, sábio e pai cuidadoso. É uma máscara que podemos usar com sucesso apenas quando nossos filhos são bem pequenos – quando eles não sabem o que é melhor. 


Mas, quando eles começam a entender o mundo de verdade, fica visível para eles que os seus pais não são os “sabe tudo” ou infalíveis. Eu estava tendo problemas em lidar com isso.


Em momentos como esses, pais tentam enganar os seus filhos. E,  gostando disso ou não, nossos filhos sabem quando não estamos sendo honestos com eles. Eles se sentem magoados e irritados. Nós, talvez, respondemos da mesma forma raivosa e surpresos perguntamos o que teria acontecido com os nossos pequenos anjinhos.

Eu me lembro de um episodio quando um dos meus filhos fez a audaciosa acusação: “ quer saber, você não me ama mesmo”.
Nenhum pai poderia ouvir isso sem um profundo sentimento de “não estou acreditando”. Como pode meu filho pensar uma coisa dessa? Afinal, tudo que eu faço é por e para eles.

Mas, sentando e meditando ( Nam-Myoho-Rengue-Kyo) naquele dia, refletindo sobre isso e outros episódios, de repente tudo ficou claro para mim ( insight): 


Mesmo que eu desejasse o contrário, eu tinha que admitir que a acusação foi um soco direto no meu rosto. Porque , de alguma forma, sem perceber, , eu tinha feito a escolha inconsciente de continuar usando a minha máscara – escolhido manter a ilusão de excelente pai - às custas do meu filho. Eu estava escolhendo o amor a minha própria imagem sobre o amor ao meu filho.
Inacreditável! E profundamente revoltante!

Felizmente, ambos os meus filhos sobreviveram a experiência razoavelmente bem e se tornaram se jovens adultos maravilhosos e seguros de si. Se eu tivesse percebido antes que não era necessário, ou até desejado, ser o pai perfeito e que ser o pai ordinário, amoroso e ser humano imperfeito que eu realmente sou é mais do que suficiente – então, a raiva ,que é resultado da dor emocional, poderia ter sido evitada.

Mas, por que eu era tão raivoso? Por uma razão, eu percebi, é porque os pais usam máscaras. As crianças sabem disso; mas os pais não. Como resultado, para os mascarados ao nosso redor, criar filhos pode se tornar “um pesadelo na rua Elm” ao invés de um episódio de “ papai sabe o que é melhor”.

Desde que os meus filhos sejam importantes para mim, é suficiente para eu querer ser um pai melhor – sendo assim, um novo capítulo no drama da minha revolução humana se iniciou.


O resultado? Assim que eu percebi que o meu sofrimento era meu problema e não dos meus filhos e comecei a usar a minha prática budista para mudar eu mesmo, meu relacionamento com meus filhos começou a melhorar progressivamente.

Mahatma Gandhi disse: nós devemos ser a mudança que queremos ver.

* traduzido do livro The Buddha next Door