sexta-feira, 30 de agosto de 2013

“Há algo tão inevitável quanto a morte, que é a vida”

Relato de Keith Argolo e sua filha Renata.
Comunidade Itapõa/bloco Petromar-Salvador-Ba


Realizar um relato é motivo de grande responsabilidade, por nos colocar diante de nossos sofrimentos, nossas derrotas, nosso orgulho, nossos sentimentos mais íntimos, sobretudo nossa intimidade.

Contudo é necessário por sermos testemunhas vivas de como é possível extrairmos o imenso potencial nos momentos mais difícieis.

É necessário dizer que praticamos o budismo de Nitirem Dashonin para mudar o nosso destino, para redimirmos o nosso carma e sermos felizes.

Até meados de 2007 realizava a prática sem maiores desafios. Entretanto em 23 julho em virtude do trabalho fui acionada pelo serviço social de determinada maternidade para informar sobre o nascimento de uma criança, que teria seus direitos violados. Condicionando a alta hospitalar a presença do Conselho Tutelar.

A genitora teria tido oito filhos e jamais teria cuidado de nenhum deles encontravam-se espalhados em famílias distintas, contudo naquele dia não foi possível atender a demanda, por estarmos sem o carro p/o deslocamento.
Já no dia seguinte fomos ao hospital e só vieram liberar a recém-nascido ás 19:00h. 

Desloquei-me até o juizado, onde também nos foi negado abrigo, impotente diante da situação, eu o motorista a criança e três latas de leite na rua, me pus a questionar, não me restou alternativa a não ser trazê-la para casa, ate amanhecer.

No percurso, liguei pra minha família avisando que estaria chegando e que precisaria de ajuda, afinal era pequenina demais, não saberia como alimentá-la. Ao chegar em casa, reverenciei o Gohonzon realizando o gongyo direcionando para aquela criança que tão pequena já nascia envolta ao sofrimento, desprovida de boa sorte.

Ao amanhecer foi possível colocá-la na instituição, para que fosse cuidada; e lá ouvi do serviço social que pelo estado e histórico da criança, talvez não conseguisse sobreviver.

Em seu relatório de alta hospitalar informava: Genitora com 29 anos não realizou o pré-natal; HIV positivo, usando antiretrovirais e antibióticos, usuária de substancia psicoativa, crack, etilista, tabagista, infecção urinária não tratada, apresentava liquido amniótico purulento.

Diagnóstico:
• Recém-nascido prematuro extremo peso muito baixo.
• Desconforto respiratório precoce (Ronco).
• Risco para infecção perinatal: liquido amonoático purulento + bolsa rota 5 dias antes.(perda de liquido).
• Exposição intrauterina ao HIV – Fez uso de AZT xarope por 06 semanas.
• Agitação psicomotora seguida de abstinência – uso de fenobacbital profilático por 05 dias.
• Icterícia tardia: fez uso de fototerapia.
• Risco de retinopatia da pré-maturidade: Cegueira encaminhada para o Instituto dos cegos para reavaliação.
• Peso da criança 1, 200 g

A partir daí iniciamos a luta com a família para proceder com os encaminhamentos necessários, e em visita domiciliar detectamos a impossibilidade de inserir a criança em sua família de origem.

Para sua segurança, a mantivemos acolhida sem nenhum tipo de contato ou visita, os familiares a desejavam para a prática de mendicância, inclusive já a teriam vendido pelo valor de R$ 200,00 (Duzentos Reais).

Diante do exposto o Conselho Tutelar resolve encaminhar o caso a promotoria da Infância e ao Ministério Público, sugerindo a colocação da criança em família substituta por entender, que se tratava de negligencia, maus tratos, abandono material e humano, já que, uma das crianças da genitora teria sido abandonada em via pública, outro dizimado em um incêndio causado por ela, ao acender uma vela para fazer uso do crack.

Ao realizar as visitas semanais para verificar o seu desenvolvimento e o de outras crianças que estariam inseridas no mesmo local, observava a reação da pequena, realizava daimoku para que ela se tornasse um valor para o kossen-rufu e fosse forte.

Aos poucos manifestava um carinho especial, encaminhei o caso ao judiciário, informando o desejo de adotá-la. Sabia que teria que suplantar grandes obstáculos, pois não poderia trazer sofrimento para minha família, afinal eu não teria este direito.

Objetivei 3 horas diárias de daimoku, para que pudesse tomar a decisão correta; Recitava e lia as orientações do Presidente Ikeda (minha bússola), recordo-me de uma passagem do livro, Um inverno Rigoroso, que dizia: 

“Há algo tão inevitável quanto a morte, 
que é a vida”. 

Acreditava naquela vida que deveria se manter para o bem do kossen-rufu, ela sobreviveria com saúde para realizar o bem maior, a paz mundial.

Realizava daimoku com espírito de gratidão como se fosse a única oportunidade para comprovar o poder imensurável da lei. 

Ouvia dos funcionários da instituição (fisioterapeutas e enfermeiros) que ela não andaria, não tinha os movimentos das pernas; que não enxergaria, não respondia aos estímulos visuais e por fim que suas fontanelas teriam nascido fechadas (moleiras), que causaria o crescimento desproporcional de sua cabeça.

Eu, sem jamais desistir, usava esses prognósticos como oportunidade de realizar mais daimoku.

Recitava daimoku horas sem parar, durante a madrugada, ainda na leitura do livro “Um inverno Rigoroso”, li as suas diretrizes para mudar o mau destino de uma pessoa:
  1. • Prática sincera de gongyo e daimoku
  2. • Prática constante de chakubuku
  3. • Desenvolvimento contínuo por intermédio da fé
  4. • Espírito de procura
  5. Jamais ser vencido por obstáculo
  6. • Lutar pelo kossem-rufu com união
  7. • Convicção absoluta no gohonzon

Ao visitá-la me surpreendia com o brilho de seus olhos e sua luta pela vida. Enquanto eu a olhava, ela me respondia de forma silenciosa, que o melhor estaria por vir.

Como o budismo é vitória ou derrota, na primeira audiência com o juiz ele entendeu que teríamos desenvolvido fortes laços afetivos.

Hoje se passaram 06 anos, estamos bem diferentes; Renata ( misticamente, o mesmo nome do Renato do livro "Um Inverno Rigoroso") é referenciada no Creaids, realizam a cada seis meses o exame de carga viral (que tem negativado o vírus HIV), vê e ouve bem, anda, corre, aprendeu a falar e desfruta de uma ótima saúde, segundo pediatra e infectologista.

Vários são os problemas e sofrimentos que um ser humano carrega, no budismo tudo é causa e efeito, é preciso experimentar o desafio da prática, sem ela nunca poderá sentir o benefício do NAM MYOHO RENGUE KYO, é preciso prová-lo.

Agradeço ao meu mestre IKEDA SENSEI, por ter semeado o budismo em terras brasileiras em meio às dificuldades, e aos companheiros pela oportunidade de atuar em prol da propagação da lei mística, em especial a minha família por compartilharmos a revolução humana.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O ciclo da energia vital

Jornal BS 2189 - Publicado em 20/Julho/2013



O budismo surgiu como resposta à seguinte questão universal: como enfrentar a realidade do sofrimento humano e ajudar as pessoas mergulhadas nessa amargura?



Quando esse propósito é esquecido, você gera mais sofrimento para as pessoas ao redor

Com isso, seu ambiente se torna sofrido e, em resposta ao sofrimento provocado pelo ambiente, você gera ainda mais sofrimento. Muitas vezes, as pessoas passam a vida inteira prisioneiras desse ciclo da negatividade.

Transforme o ciclo

A solução está na mudança do ciclo negativo. Uma ferramenta poderosa nesse sentido é a recitação do Daimoku. Antes de continuar, atente-se a dois pontos importantes:

01. O ciclo negativo é gerado por você mesmo da seguinte forma: 
o sofrimento interno provoca ações externas influenciando as pessoas ao redor, que reagem a isso gerando mais sofrimento no ambiente; como resultado, o ambiente gera mais sofrimento interno e assim por diante.

02. Você sofre porque sua energia vital enfraquece. 
Uma energia vital fraca expõe a vida à negatividade do ambiente. 
A falta de sabedoria cega a percepção de que é você que gera aquele ambiente. Mesmo acreditando que não é o causador, como sua energia vital está mais fraca, você se torna suscetível e reage em “harmonia” com aquela negatividade.

O ciclo do Daimoku
O Daimoku expande a sua energia vital e 
a sua vida não é mais influenciada pelo ambiente. 

A oração transforma seu interior, assim, você recomeça um ciclo de felicidade.
Ao recitar Daimoku, manifestando o poder da fé e da prática, a energia vital é fortalecida e você adquire uma condição de bem-estar. 

Essa condição instantaneamente influencia de forma positiva as pessoas ao redor e as circunstâncias, gerando um ambiente benéfico e propício para sustentar sua iluminação e a das outras pessoas. 

Sendo assim, esse ambiente fortalece a convicção no Daimoku; você recita mais Daimoku, agora com a convicção ainda mais fortalecida e esse ciclo de iluminação se repete.

O que é crucial no Daimoku é a consciência de que você possui o infinito potencial para transformar quaisquer circunstâncias. Essa consciência surge em forma de compaixão, sabedoria e coragem.

Ao recitar Daimoku, o que determina a resposta das orações é a fé intensa e profunda (poder da fé) e a determinação e a atitude (poder da prática). O Daimoku recitado com esses dois poderes manifesta em você a energia vital do estado de Buda. 

O ciclo da revolução humana

Essa energia vital é a sua revolução humana, que significa experimentar a força da vida livre e criativa, isto é, a liberdade para transformar as circunstâncias de acordo com seus desejos. 


Essa revolução humana gera um estado de vida em que se desfruta “a maior das alegrias”. Ou seja, é a consciência de que não há alegria mais verdadeira para os seres humanos que recitar Nam-myoho-rengue-kyo.


A alegria, uma vez sentida por você, instantaneamente é sentida por todos ao seu redor, desencadeando um processo de transformação da sociedade por meio da própria determinação e atitude das pessoas.

Portanto, recite o Daimoku até se sentir preenchido pela maior das alegrias.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Relato da Valentina - SGI Itália

meu último dia em Londres, despedida.
Nesta manhã eu acordei com uma mensagem no meu celular de uma amiga da Europa pedindo para checar o email. Nós moramos em Londres na mesma época e a Valentina foi a responsável pelo meu início na prática budista - eu sou shakubuku dela.

Serei sempre grata a Valentina por ela ter me apresentado ao Budismo e orgulhosa da pessoa que ela se tornou - é um relato forte e maravilhoso!

Valentina Santoro – SGI Itália.
Abril de 2013

Meu nome é Valentina, eu tenho 40 anos de idade e comecei a praticar o budismo de Nitiren Daishonin a cerca de 10 anos atrás, depois de hesitar por um par de anos. Naquela época, eu morava em Londres, mas eu entoei o mantra Nam Myoho Rengue Kyo pela primeira vez em Roma, minha cidade natal, e desde então nunca parei de praticar.

Ao longo dos anos, eu vivi muitas situações difíceis e eu venci inúmeros obstáculos, graças à força que eu ganhei da minha prática budista. No entanto, nos últimos quatro anos e meio tem sido muito complicado para mim e também para minha família e amigos, pessoas que me amam.

Tudo começou no mesmo dia do meu casamento, em junho de 2008. Eu tinha muitas dúvidas sobre casar ou não, mas eu pensei que eu estivesse com medo de dar um passo tão importante, o casamento. Eu já havia cancelado um casamento, em 2002, apenas dois meses antes da data prevista.

Eu não ouvi a minha voz interior me dizendo "não se case" nem mesmo quando eu meditava, fazia daimoku. Em vez de usar a estratégia do Sutra de Lótus eu segui minha mente, eu me casei e inesperadamente fiquei grávida no mesmo dia do casamento. 

Digo inesperadamente porque o meu ginecologista me afirmou categoricamente que eu não poderia ter filhos. O que a minha médica não sabia é que eu estava fazendo daimoku ( recitando o mantra) para ser fértil e minha oração foi respondida!

Meu ex-marido não ficou feliz com a notícia que eu estava esperando um filho e ele começou a desrespeitar o nosso casamento com apenas 2 meses de casados. Quando eu estava grávida de quatro meses ele se tornou violento comigo, mas eu o perdoei, então ele fez isso novamente e nos separamos.

Passei as minhas férias de Natal na Itália, no início do último trimestre de gravidez, e fiquei presa em Roma, eu não poderia voar de volta para Londres pois eu estava correndo o risco de perder o meu bebê. 

Durante a minha gravidez eu costumava fazer muito daimoku, eu sentia que precisava proteger - com a minha meditação - tanto a mim quanto o bebê que eu carregava em meu ventre.

Foi um período complicado, eu estava com muita raiva do mundo inteiro, eu costumava chorar muito e eu estava, principalmente, com raiva de mim mesma por ter me casado com um homem hipócrita e insensível que não estava feliz pela família que estávamos formando juntos.

Naquela época eu não conseguia entender que ele estava com medo, e eu só via que ele não estava cuidando de mim e do nosso bebê, e que ele estava negligenciando os seus deveres como marido e futuro pai.

Durante meus tempos sombrios, havia muitos membros da SGI em torno de mim, companheiros que estavam prontos para me oferecer apoio, compartilhando comigo Goshos ( escritos budistas) e orientações  do Presidente Ikeda.

Na minha mente, eu poderia sempre ver no nosso Sensei Ikeda sorrindo para mim, e isso foi uma grande fonte de confiança e encorajamento para acreditar que eu poderia superar qualquer obstáculo que estava na minha vida, inclusive não saber o motivo da minha saúde debilitada durante a gravidez. 
Algo estava errado comigo, mas nenhum médico conseguia descobrir o que era!

Flávia nasceu a termo pesando apenas dois quilos e meio, e nesse ponto a situação se tornou clara. Flávia não tinha o esôfago totalmente formado e foi afetada por uma doença chamada FTE (Fístula traqueoesofágica). Ela deveria ter nascido por cesariana, mas tive um parto normal – bem tranquilo.

Ela foi imediatamente transferida para um dos melhores hospitais pediátricos da Itália e, felizmente, tinha vaga no CTI neonatal. Ela foi colocada em uma incubadora, com agulhas e tubos ligados a seu corpo para mantê-la viva. Ela não conseguia respirar sozinha e ela não podia ser alimentada naturalmente.

Vendo o meu bebê no hospital era como ter uma espada em meu coração, mas esta situação me incentivou a lutar ainda mais determinada uma batalha que eu tinha que ganhar de qualquer jeito – foi o meu momento crucial

Eu me senti como uma leoa que tinha que proteger seu filhote e a melhor maneira de fazer isso era usando a minha prática budista e pedindo às pessoas para fazer daimoku para ela.

Flávia foi operada pela primeira vez quando tinha apenas 2 dias de vida e a cirurgia correu muito bem. Demorou três semanas, porém, um delas a Flávia ficou em coma induzido, antes que eu pudesse segurar em meus braços a minha filha, e nesse ponto eu tive que ensiná-la a sugar o meu leite porque ela não sabia como fazê-lo. 

Os médicos me diziam que a Flávia era uma verdadeira guerreira e eu estava orgulhosa dela!

Minha “conta bancária” de Daimoku estava cheia e eu estava usando-a ao máximo. 

Quando Flavia tinha 6 meses de vida e ela já havia passado por cinco cirurgias na Itália, eu decidi que era hora de voltar para Londres, para a minha casa, o meu trabalho e também meu marido. Tivemos um bebê que precisava de nós dois juntos e eu queria ter certeza de que eu tinha tentado de tudo, o meu melhor,  para dar a Flavia uma família adequada. 

Não deu certo e eu pedi o divórcio em 2010. No final daquele ano, mudei-me de volta para Roma, depois de deixar para trás tudo o que eu tinha construído em mais de 10 anos de trabalho duro.

Eu tinha que ser sábia: eu não estava me sentindo bem novamente e não poderia ficar em Londres por conta própria, sozinha, com uma criança que precisava ser cuidada adequadamente. 

A mudança de volta a Roma foi extremamente dolorosa para mim, e eu tive que reduzir muito a minha vida – me desfazer de muitas coisas físicas e emocionais, me afastar de amigos queridos e da cidade que tanto amava. Mas, mais uma vez eu usei a sabedoria, benefícios da minha prática budista, e a escolha de voltar para Roma acabou por ser a escolha certa.

Mais uma vez, ninguém podia me dizer por que eu estava doente, porque eu me sentia tão mal. Eu tinha um caroço no meu peito, mas foi-me dito que era um cisto benigno. De alguma forma, eu nunca acreditei nessa história e como eu senti o caroço crescendo sob meus dedos, eu decidi usar a prática para ter um diagnóstico preciso sobre a minha saúde. 

Foi quando eu estava fazendo daimoku, me preparando para uma Conferência Budista Europeia que aconteceria em Roma, em Outubro de 2011, que eu achei um nódulo linfático debaixo do braço, do mesmo lado do caroço no meu peito.

Eu sabia, eu tinha câncer de mama e isso, naquele momento, tornou-se claro! Outra batalha enorme perante mim para eu lutar e vencer! 

Eu tinha a consciência de que esse tumor era certamente perigoso e que estava no meu corpo por pelo menos um ano. Eu fui ver alguns médicos e nesse ponto todos me disseram que era um caso muito urgente e que eu tinha que rezar para não ter nenhuma metástase dado que o nódulo era grande, cerca de 3 cm, e o tempo que já estava detectado no meu corpo.

Eu confiava no universo, mantive a calma, fiz todos os exames necessários e tive o benefício da descoberta de que tinha câncer só no meu seio e debaixo do braço. Mas, o câncer estava se espalhando rapidamente, e eu tive que tomar oito ciclos de quimioterapia para garantir que o nódulo diminuísse e as células do tumor não se espalhassem para outros lugares.

Determinei para o universo, em frente ao meu Gohonzon ( mandala budista) através do meu daimoku, que seria tratada pelos melhores especialistas da Itália, e eu consegui o que queria. Eu não tinha medo de morrer, mas pela primeira vez em 39 anos, eu estava enfrentando uma escolha entre a vida e a morte. Eu escolhi a vida!

Lembrando, apesar de tudo, de todas as vezes, nos últimos anos, quando eu sentia um grande desprezo por mim mesma a ponto de querer morrer. Eu me culpava e condenava por causa de todas as minhas escolhas ruins e que tinham me colocado na situação em que eu estava: divorciada, desempregada e com uma criança pequena para educar e cuidar sozinha. 

Eu sempre tive receio de ser uma mãe solteira, mas a partir daquele momento eu estava tendo que ser uma mãe solteira, desempregada e doente.

Naquela situação, eu tinha que me manter sob controle, porque eu não podia perder o foco de tudo que precisava ser feito. Eu queria que a Flavia tivesse uma vida normal, apesar de tudo!

Cada quimioterapia era mais difícil do que a outra e após o quarto ciclo o meu corpo começou dar sinais de exaustão, foi quando eu passava quase todo o dia na cama. Minha prática foi a minha principal força e mesmo quando eu não tinha energia para meditar (fazer daimoku) ou ler ou fazer alguma coisa, eu costumava segurar a meu omamori ( pequeno Gohonzon) em minhas mãos e assim encontrar a conexão com o Nam Myoho Rengue Kyo

Eu me sentia protegida e, apesar de todos os efeitos colaterais que a quimioterapia me causava, principalmente, uma fraqueza enorme que me fez dependente de outras pessoas, eu consegui terminar os oito ciclos de quimio dentro dos 6 meses  que foi planejado. Com o fim da quimio eu passei por uma cirurgia em junho de 2012 para retirada do restante do tumor. Eu meditava todo tempo e com todo o coração para tomar a melhor decisão sobre a cirurgia e, então, optei por uma mastectomia radical, em vez de uma cirurgia conservadora que teria poupado o meu seio.

Os colegas budistas do meu distrito foram fantásticos e muitos líderes me  apoiaram de perto. Eu me senti privilegiada, especialmente quando o Presidente Ikeda respondeu às minhas duas cartas, dizendo-me que ele e sua esposa estavam fazendo daimoku para mim. Eu tinha feito uma promessa a ele que eu iria me recuperar do câncer em julho de 2012, e gostaria de usar a minha experiência para cumprir a minha missão na construção de um mundo melhor ( Kossen– rufu) , e isso é exatamente o que eu estou fazendo nestes dias.

Durante a minha luta para derrotar o câncer, eu tive muita sorte de ser apoiada por Ian, meu namorado Inglês, que costumava vir de Londres para Roma para me levar a quimioterapia e, em seguida, ele cuidava  de mim nos dois primeiros dias após cada tratamento, fase crítica de efeitos colaterais. Ian foi extremamente atencioso e generoso comigo, e eu sinto imensa gratidão por ele e por tudo o que fez por mim, assim como eu acredito que sem a sua preciosa ajuda e amor, eu não teria sido tão forte e determinada quanto fui.

No entanto, após a minha recuperação, eu senti uma vontade enorme de fazer mudanças em minha vida, e eu também acordei com uma espécie de versão diferente de mim. Eu era como uma adolescente novamente e eu tinha que aproveitar a vida ao máximo, pois me foi dada uma segunda chance.

Eu fui oficialmente declarada saudável novamente em 03 de agosto de 2012, no mesmo dia que a minha conversão ao budismo completava  9 anos ( aniversário de Gohonzon) e dia do aniversário do Ian.

Ian recebeu o seu Gohonzon em Londres, poucos meses depois - ele se sentiu inspirado por minha experiência! Durante o último verão, como eu tinha determinado de ter férias maravilhosas e desfrutar ao máximo a minha filha e minha saúde recuperada, eu conheci um rapaz muito alegre e espirituoso chamado Agostino. Ele foi imediatamente inspirado por minha história e nós acabamos nos envolvendo romanticamente - foi uma relação intensa por alguns meses. Eu estava voltando a ter uma, assim chamada, vida normal e aparência normal e com Agostino, eu comecei a dançar tango, algo que eu estava querendo fazer há anos, mas nunca tive a coragem de tentar.

A vida estava fluindo novamente em meu corpo e eu estava redescobrindo o prazer de estar viva!

Em fevereiro passado, depois que terminamos, Agostino recebeu o Gohonzon em Roma, e agora ele é um forte praticante budista.

No momento eu estou saindo de um túnel negro chamada depressão pós-recuperação sem a ajuda de qualquer droga, como eu me recusei a tomar anti-depressivos,  mais uma vez eu uso a minha prática budista para superar este obstáculo.

Meu mais recente benefício é um novo emprego no meu campo de trabalho, área de comunicação. Eu sou novamente uma mãe saudável e empregada que tem a boa sorte de  poder de deixar o escritório às 17:00h todos os dias e correr para casa para ficar com a sua filhinha que está crescendo serena e feliz.

Abril 2013, dia do relato para os membros da SGI Itália
Todas as minhas vitórias são baseados em minha profunda fé nos ensinamentos do Sutra de Lótus e no seu mantra, Nam Myoho Rengue Kyo.

Eu sei que através da prática budista é realmente possível transformar o veneno em remédio. 

Eu me sinto extremamente feliz por ter abraçado o budismo uma década atrás, pois sem ele, provavelmente hoje eu não estaria aqui tão forte e saudável como eu estou.

Como Nitiren Daishonin escreveu: 
"uma mulher que se dedica ao Gohonzon convida a felicidade nesta vida e na próxima, o Gohonzon vai estar com ela e protegê-la sempre. 

Como uma lanterna no escuro, como um braço forte apoiando em um caminho traiçoeiro, o Gohonzon irá protegê-la aonde quer que vá ".

Para terminar, estou determinando criar a base até o final de 2013, para construir uma nova família, harmoniosa e feliz, com o homem certo para mim. Não existe karma negativo que permanece o mesmo quando entoamos sinceramente o Nam Myoho Rengue Kyo!