quarta-feira, 20 de julho de 2011

Relato espírita de um Budista.

A primeira parte do e-mail que recebí são idéias e a segunda um relato. Tanto o Wanderson como eu sabemos que esta é uma questão "delicada" de ser abordada ou de ser contada como relato, mas mesmo assim, ele me permitiu publicar no blog porque achamos que será interessante e esclarecedor para muitos.

O kardecismo realmente é fascinante. É considerado a ciência dos espíritos. De fato tem muito estudo e muitos relatos de verdades. Quem vive esta experiência não tem como contestar. É real. Existe. Mas não podemos deter todo conhecimento. Nem no kadercismo, nem no budismo, cristianismo, nem em religião nenhuma.

O que o budismo Nitiren Daishonin propõe, e que eu de fato entendo, é uma filosofia libertadora.

Liberta não disso ou daquilo, fatos corriqueiros da vida.... ele liberta você de todo apego mundano, toda ilusão maya. O mundo em que vivemos, esse email, essa tela de computador, a nossa casa, nossa sociedade, corpos, planeta, tudo quanto é matéria, tudo, tudo é ilusão. Não é um mundo real, a realidade tem outro significado, não é maior, nem menor, apenas existe em outra condição que não entendemos agora, podemos perceber a pontinha desse iceberg, mas há muitos mistérios.

O budismo Nitiren se preocupa com aquilo que é mais urgente
para cada um de nós.

Imagine um doente no leito de um hospital, agonizando. Ele toma os medicamentos de hora em hora, aplicam lhe soro e dão todos os cuidados necessários. Seria eficiente, mostrar para essa pessoa, nesse momento, as últimas descobertas da física, antropologia ou arqueologia?

Seria ideal ensinar um língua como o francês? É importante ele saber como andam as bolsas de valores do mundo e as relações políticas de cada país? Não. É óbvio. Todos esses assuntos têm grande importância para nosso mundo, para nós mesmo, quando perfeitamente sadios e na ativa, trabalhando e produzindo.

Nossas relações subjetivas são exatamente iguais. O capítulo Hoben do Sutra de Lótus, que recitamos todos os dias, diz exatamente isso. (você tem a tradução?)

Vivemos doentes, embriagados pela ilusão da matéria. Sofremos porque nos apegamos e temos desejos e emoções muito baixos. O budismo Nitiren propõe a chave de ouro para a entrada à iluminação.

Então, ainda que os espíritos se comuniquem, se deus existe, se é Lei mística, se há reencarnação ou isso ou aquilo não é assunto de urgência para nós moribundos.

Necessitamos de eficácia, tomar o remédio certo e urgente (Nam-myoho-rengue-kyo) para nos livrarmos das doenças do ódio, da fome, do inferno, da alegria, da calamidade, das promessas impermanentes de bem estar e vibrar na verdadeira vida de luz e riqueza que são os estados de Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda.

Acredito que isso não me impede, nem você de buscar conhecer os encantos do mundo, olhar atendo, crítico e desapegado.

O nosso Sensei empreende esforços recomendando para lermos mais de 100 obras de variados assuntos e autores. Então ao invés de estudarmos kadercismo, vamos estudar o cristianismo, o alcorão, as religiões pagãs, wicca, enfim, tudo pode ser visto, o budismo não proíbe nada, tudo é conhecimento .... no fim você irá entender, como eu entendi, e por isso abandonei o espiritismo, que o que vale é o caminho direto, os outros são longos e ilusórios atalhos, embora o destino seja o mesmo.

Eu entendo que a postura de busca sempre iluminará mais o budista. Eu estudo de tudo. Tarot, numerologia, religiões, runa , I Ching, teosofia, astrologia, e um punhado de outras coisas, mas permaneço sereno e fiel junto ao nosso grande mestre Sensei, pois tudo o resto é ilusão.

Espero de coração poder ter contribuído para sua reflexão. Não sou dono da verdade ninguém e nada é.

Parte II

Eu fui espírita kardecista por aproximadamente 15 anos.

Neste período me dediquei a estudar a doutrina. Li os livros dos espíritos, dos médiuns e o evangelho segundo o espiritismo, entre outros.

Fiz vários cursos: Curso de desenvolvimento mediúnico, curso de passes espirituais, curso de terapias espirituais....

Desenvolvi minhas muitas mediunidades: psicografia, psicofônia, desdobramento, clarividência, ouvia o mundo espiritual, pictografia, entre outros....

Trabalhava no centro assiduamente às segundas, terças, quintas e sábados.

Foi um período muito bom na minha vida. Aprendi muito. Foi lá que aprendi sobre a lei de causa e efeito, reencarnação e vida após a morte.

Na época que ouvia espíritos e me comunicava com eles não percebia nenhuma conduta de baixo estado de vida. Pelo contrário, vivia feliz e muito mais equilibrado antes mesmo de chegar lá no centro.

Com o kardecismo aprendi a administrar melhor minha sensibilidade e desenvolver minha autocura. Acrescentou em muito as técnicas de autopasses, por exemplo. Cheguei a ter bons amigos espirituais que me acalentavam muito, os bons espíritos me assistiam e me passavam mensagens que ajudou em muitos períodos de crise, cresci e realizei uma verdadeira reforma íntima no meu ser.

Quando fui convidado a ser budista (e dia 06/07/2011 fez três anos) pensei muito nessa mudança. Deveria haver um significado maior nesta religião que superasse minhas expectativas diante do espiritismo cristão.

Eu já estava cansado do cristianismo, acredito que a mensagem do Cristo, um verdadeiro Buda, foi totalmente deturpada e moldada às manipulações do clero interesseiro e egoísta. Nada tem haver hoje a Bíblia dos verdadeiros propósitos do Cristo. [opinião minha].

Eu já percebia também que o espiritismo passa uma mensagem subliminar de pedinte. Você é encorajado a se libertar de várias amarras karmicas, mas ao mesmo tempo, a essência da doutrina te põe aos pés de um deus superior, espíritos superiores, anjos, mentores, o qual você tem que pedir, pedir, pedir...

Lembro de várias orações que praticávamos, além das espontâneas: Pai nosso.... o pão nosso de cada dia DAI-NOS hoje.... Senhor, FAZEI-ME instrumento de vossa paz.... perdoe nossos pecados... dai nos a fé e a razão, dai nos a caridade pura.... dai... dai... dai..... peço perdão, perdoai, perdoai...

Entendi, tempos depois, que não devia pedir perdão por nada. Que não existe nada e ninguém superior. Somos todos iguais, veja a contradição cristã:

"Deus fez o homem a sua imagem". Oras, se você faz alguém a sua imagem, como pode ser superior a ela? Deus é deus.

Ainda somos dotados de fraquezas e mazelas, mas o cristianismo prega um deus fora de você, uma cura fora de você, uma felicidade fora de você, distante, vindoura, num lugar que não é esse, não está em você.

Os cristãos só fazem lamentar, pedir para que se retire o mal, para que cessem os sofrimentos..... "oramos ao senhor nosso deus para que haja paz no mundo, pedimos que nunca nos deixe sofrer, oramos para nos conduzir pela paz, pedimos sua benção, pedimos que me perdoe, pedimos, pedimos.

Descobri no budismo de Nitiren Daishonin que não devemos pedir nada nem a deus, nem a ninguém. Somos responsáveis exatamente por aquilo que temos.

Se minha vida vai mal, não é castigo, é consequência. Isso significa que fiz algo antes que desencadeou o que vivo agora. Se quero um futuro melhor, de paz, saúde, prosperidade, "benção" ou boa sorte. Ninguém vai me dar isso, ninguém mesmo.

Eu é que tenho que fazer causas positivas, desafiar meu karma, talvez de preguiça, talvez de reclamão, de intolerante, de vítima, de ódio, eu e somente eu, tenho o destino nas minhas mãos, eu vou mudá-lo, eu transformo meu karma, minha vida e meu mundo a partir de bons atos, bons pensamentos, boas atitudes, ou seja, com criação de novos valores efetivando uma verdadeira revolução humana na minha vida.

Como pode, por exemplo, você tratar bem as pessoas que convivem com você, com amor, respeito, valorização, dar bom dia as pessoas de seu bairro, comunidade e cidade. Honrar seu pai e sua mãe, tecendo o diálogo com eles, sendo verdadeiro. Sendo menos mesquinho e possessivo nos relacionamentos amorosos, sendo menos sovina com seu dinheiro, menos capitalista e materialista.... adotar o humanismo como padrão de vida, semear a paz, conduzir as pessoas ao verdadeiro estado de felicidade.... como.... como ainda assim, você vive em lamentação, doença e desgraça? Não.

A partir do momento que você muda, que você transforma seu karma, que você se responsabiliza pela sua vida, por tudo que vive nela, que você tem que mudar sua sorte, seu destino, ninguém, nenhum deus irá interferir.

Porque você encontrou a verdadeira felicidade, é realmente feliz, independentemente das condições, nada é problema ou sofrimento, tudo é boa sorte e oportunidade de evidenciar o verdadeiro buda que existe dentro de você. Evidenciar o Deus que mora em você. Evidenciar o paraíso prometido que está dentro de você, com você e agora.

Foi isso que aprendi no budismo e selei de fato minha conversão à essa maravilhosa doutrina, filosofia e religião. O budismo é algo realmente libertador e encorajador para fazermos de nossas vidas exatamente aquilo que desejamos, sem precisar intermediários.

Nam-myoho-rengue-kyo.

Estou aberto para novos diálogos, gosto muito.

Wanderson Nunes Ferreira
Converti-me em Corumbá/MS e sou filho dessa terra, de Jardim.

domingo, 3 de julho de 2011

Unicidade de Pessoa e Lei “Faça da Lei uma ilha e nela construa sua vida”

BS 2090 - Publicado em 02/Julho/2011 -
Introdução

Este princípio explica a relação da pessoa com a Lei. Existem diversas maneiras de considerá-la. Nesta matéria, será exposta a mais simples relação e seu desdobramento no cotidiano. O Budismo Nitiren não possui como ponto central o conceito de um salvador.

Portanto, não existe diferença entre a pessoa e a Lei; a relação é da mais absoluta igualdade. A filosofia budista ensina um meio prático e eficaz de transformar o destino por meio do princípio da Unicidade de Pessoa e Lei.
 
O objetivo da prática

Uma pessoa não pratica o Budismo para atingir aquilo que ela já é. Todos são budas. A prática da fé existe para manifestar essa verdade na realidade diária. Ela reeduca as ações a ponto de torná-las totalmente baseadas no estado de Buda. Sendo direto, uma pessoa não pratica para ser conduzida, ela pratica para conduzir a própria vida, inspirada pelo estado de Buda.

O mortal comum é o buda

“O mortal comum é o Buda verdadeiro. Gostaria de interpretar esse ponto como a suprema declaração da ‘humanização do Budismo’”.

Por que é tão difícil acreditar que sou um buda?

Porque, no fundo, o que se deseja é viver na dependência de alguém ou de algo superior. Aparentemente, é mais fácil viver como vítima ou subserviente; mas na verdade não é. Muitos usam a fé para adorar algo externo ou pessoas, para esconder seu desejo por dependência. O resultado de uma vida assim são dificuldades, sofrimentos e infelicidade.
 
Suprema igualdade

Todos são iguais na iluminação, somos budas, e um buda é a Lei Mística. Portanto, cada pessoa representa a Unicidade de Pessoa e Lei. Todas são dignas do mais elevado respeito.

Religiões autoritárias

Devido a esse princípio, uma religião autoritária não produz resultados concretos. Quando seus ensinos pregam a diferença entre as pessoas, revelando que algumas são superiores, essas ­religiões falham em enxergar a natureza iluminada do ser humano. E, sem essa visão, são incapazes de transformar a vida das pessoas.

Torne-se uma ilha

“Ananda, que sempre havia seguido as orientações do Buda Sakyamuni, em certo momento, questiona o Buda: “’Como iremos orientar nossa prática após sua morte?’’
E Sakyamuni responde: ‘Ananda, torne-se uma ilha e dependa de si mesmo. Por meio de seus esforços, faça da Lei uma ilha e nela construa sua vida’.” Sobre o trecho acima, o presidente Ikeda comenta: “Na verdade, ele está dizendo: ‘Torne-se senhor de sua mente’, para nós, isso significa devotar-nos completamente à fé.
 
Coragem indomável

“O ensino de Nitiren Daishonin refuta todas as filosofias e religiões que forçam as pessoas a se ajoelharem diante da ‘autoridade religiosa’, e faz que abram a ‘grandiosa vida sagrada’ que existe dentro delas. Foi por essa razão que Daishonin enfrentou grandes perseguições. Ele empreendeu uma nobre luta pelos direitos humanos com uma coragem indomável.”
 
Entenda o funcionamento da Lei Mística

A Lei Mística é o ritmo vital constante que conduz todos em direção à iluminação. É o fluxo natural da vida, e esse fluxo é o próprio estado de Buda.
 
Como ela se manifesta na vida diária?

A Lei Mística se manifesta na realidade diária por meio da pessoa. E o princípio da Unicidade de pessoa e Lei ensina como fazer isso.

Gosho

“Em Sobre Atingir o Estado de Buda nesta Existência, Nitiren Daishonin afirma:
‘Se pensa que o estado de Buda existe fora do seu coração, isso já não é mais Lei Mística; é um ensino contrário a ela’.
Embora a ‘Lei’ pareça sugerir algo separado de nossa vida diária, na verdade, ela somente pode existir em nosso coração.”

Realize o trabalho do Buda

A Lei Mística direciona as ­pessoas à iluminação, este é o trabalho do Buda. A pessoa que realiza o mesmo trabalho, se torna una com a Lei e manifesta o estado de Buda. Isso é Unicidade de Pessoa e Lei, é atingir o estado de Buda.

Felicidade absoluta

Ao realizar o “trabalho do Buda”, a pessoa deixa de ser vítima, de ficar nas mãos do destino e torna-se livre e capaz de viver feliz, absolutamente.

Missão de vida é viver no ritmo da Lei

O presidente Ikeda afirma: “O Buda do tempo sem início, ou kuon ganjo, o buda que existe eternamente sem início ou fim é a própria vida do universo. É o constante e incessante trabalho de conduzir todas as pessoas à iluminação, sem um instante de pausa.

De fato, esse buda eterno e nós próprios somos um só. Isso significa que viemos trabalhando para conduzir as pessoas à felicidade e empenhando-nos pelo Kossen-rufu desde o remoto passado, e não somente nesta existência.

Quando nosso ponto de vista expande-se do presente para a totalidade de todo o eterno universo, despertamos para a nossa profunda missão de vida”.

O meio prático e direto

Para se manter nesse ritmo universal, existe o Daimoku e o Gohonzon. “O Nam-myoho-rengue-kyo é a Lei mas, ao mesmo tempo, é também a vida do Buda.
A Pessoa e a Lei são unas. E a Unicidade de pessoa e Lei é o ponto mais importante.”
 
O propósito do Gohonzon

Foi exatamente por isso que Nitiren Daishonin inscreveu o Gohonzon. Nada poderia ser mais concreto ou verdadeiro. Pela recitação da Lei Mística ao Gohonzon, Daishonin tornou possível para as pessoas comuns dos Últimos Dias ficarem unas com o ‘Buda que está sempre aqui, pregando a Lei’. O Gohonzon incorpora a Unicidade de Pessoa e Lei.”
 
Oração e ação

‘‘Quando abraçamos o Gohonzon e nos empenhamos pelo Kossen-rufu, o ‘Buda eterno que está sempre aqui, pregando a Lei’, surge em nossa vida. [...] Sobre isso o presidente Toda fez o seguinte comentário:

‘Isso significa que o universo é uno com o Gohonzon. Desde o remoto passado, a vida do Nam-myoho-rengue-kyo é una com o universo. Como nossa vida é o Nam-myoho-rengue-kyo, ao orarmos ao Gohonzon e fundirmos nossa vida com a vida do Gohonzon, o poder deste flui dentro de nós. Podemos observar as questões do mundo sem nenhum erro de julgamento.’”
Conclusão

O presidente Ikeda conclui: “A essência do Budismo consiste no desenvolvimento do próprio indivíduo por meio de sua determinação e árduo esforço e não na dependência de alguém ou de algo. Devemos desenvolver um espírito de iniciativa própria, sem ficarmos na dependência de outros.

Não precisamos da compaixão nem da piedade alheias. Devemos nos levantar sozinhos e seguir adiante, mesmo que não haja ninguém para nos incentivar. Com alegria e determinação, nós assumimos a responsabilidade de transformar nossa vida, nossa vizinhança, a sociedade e o país onde vivemos. (...)

O Budismo não ensina teorias abstratas, ou um modo de vida covarde de se apegar constantemente a algo para sobreviver. Por outro lado, não torna o indivíduo egoísta a ponto de ele mesmo acreditar arrogantemente que ‘eu sou o dono da verdade e mereço consideração’.

Se a pessoa acreditar na grandiosa força vital inerente em sua vida, simultaneamente compreenderá que a mesma força vital existe na vida de todas as outras pessoas. O Budismo ensina que devemos valorizar a vida dos outros da mesma maneira que valorizamos nossa própria vida”.

Todas as citações desta matéria constam nas seguintes fontes: Brasil Seikyo, edição no 1.477, 19 de setembro de 1998, p. 3 e 4 e Ibidem, edição no 1.478, 26 de setembro de 1998, p. 3.