quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Corra!

FEVEREIRO DE 2010 — EDIÇÃO Nº 498

"Num claro dia de sol, eu corria desesperado por uma ladeira. De repente, o presidente Ikeda surge à minha frente. Rigorosidade e benevolência mesclavam-se em sua altiva voz ao dizer: ‘Corra, meu rei leão. Corra!’”
Sim. Foi um sonho. Mas, Carmo Dalla Vecchia, 39, revela o devaneio com a nitidez de ter sentido na pele a exaltação daquela corrida. O sonho enfeitou uma das noites de Carmo em 2008, quando aguardava por sua estreia como protagonista da novela das oito, A Favorita, da Rede Globo — a maior emissora de TV da América Latina.
Ao lembrar daquele episódio, Carmo suspira. Seus penetrantes olhos verdes fixam o horizonte e parecem relembrar os acontecimentos de sua vida desde aquela noite.

“Sou um cara que tem grandes sonhos. Nunca ouvia os ‘nãos’ e continuava seguindo em frente.” Os sonhos de Carmo são mais que uma sequência de imagens produzida durante o sono. O ator é uma dessas pessoas que sonha acordada, mas com os pés no chão.

Ao gesticular ritmicamente, Carmo rege os pensamentos que lhe vêm à mente. Na entrevista à TC, é ele quem segura o gravador com a mão esquerda. Ora devagar, ora veloz, sua mão direita protagoniza e interpreta suas emoções.
O sonhador
A partir do trabalho em A Favorita , a carreira do ator voa alto. No entanto, nem sempre foi assim. Como toda estrada, teve curvas, subidas e descidas.

Em 1993, uma grande decisão modificou a vida de Carmo. “Saí de Santa Maria, Rio Grande do Sul, em busca do sonho de ser ator”, relembra com carinho.

Foi em 1997 que Carmo conheceu a energia proveniente da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. O momento era de mudança, mas não havia um grande dilema.
“Essa prática foi ao encontro de uma série de ideias que eu já tinha a respeito de uma conduta de vida correta”, afirma.

Participar de atividades da BSGI e recitar Daimoku tornou-se fundamental para o ator. Além disso, ele começou a perceber as razões de ter escolhido a profissão.
“A prática budista faz a pessoa se olhar com mais clareza e ter noção de que é responsável pelas coisas que estão acontecendo.”

Enxergar essas mudanças foi essencial para Carmo Dalla Vecchia. Hoje seu trabalho tem “um quê” diferente. “Eu incorporo o budismo em meus trabalhos e até na elaboração de um personagem”, releva.

Na atual novela global, Cama de Gato, Carmo interpreta Alcino. O personagem tem uma doença grave, em estado terminal. Com muita sabedoria, Carmo faz o personagem sair do papel de vítima.
“Mais importante que a morte é fazer o bem às pessoas. O posicionamento que ele tem sobre a questão é baseado no budismo.” O que seduziu Carmo para construir Alcino foi a possibilidade de falar sobre a morte. “As pessoas têm certo receio em tratar do assunto. Nós, budistas, não. Temos clareza maior e podemos conversar sobre isso.”

O ator que adora montar quebra-cabeças para organizar os pensamentos, prepara sua agenda para conciliar a atuação como responsável pela DS da Comunidade Ipanema, CRJ, e a profissão. Porém, na atual fase, trabalhando na TV, e nos fins de semana, com uma peça de teatro em São Paulo , ele conta com o apoio das demais Divisões para a realização das atividades. “Quando termina esse processo, eu automaticamente estou presente na Organização. Entendo quanto é importante a responsabilidade que tenho, ainda mais por ser uma figura pública.”

Aprendizado para sempre

Carmo obteve muitas vitórias profissionais e pessoais com a prática do budismo.
“Tive muitos benefícios com a prática. Alguns eu nem havia sonhado”, diz.
Há um tempo, Carmo não gostava de falar de suas conquistas. Isso porque receava passar a imagem de que o budismo proporciona apenas benefícios materiais.

“O processo de aprendizagem pelo qual você passa no decorrer da prática é mais essencial que o benefício mundano que você vai adquirir depois. Ter harmonia familiar é um bem inconspícuo muito mais importante do que ter a sorte de ser o protagonista da novela das oito na Globo.”

E é por esse entendimento sublime do Budismo Nitiren que Carmo divulga o ensino para os amigos. “Fazer Chakubuku é a comprovação do budismo na vida. Quando incorporei o budismo, concretizar Chakubuku se tornou infinitamente mais fácil.”

Na corrida da vida, Carmo tem o grande sonho de ir ao encontro de seu mestre, Daisaku Ikeda, no Japão. É Dalla Vecchia... “Corra, rei leão. Corra!”

Estranho Casal
Em temporada no Teatro Folha, São Paulo, até o dia 28 de março, está a peça Estranho Casal, com Carmo Dalla Vecchia, Edson Fieschi e grande elenco é sucesso de público e crítica.

O texto é de Neil Simon, consagrado dramaturgo de teatro e cinema. Originalmente encenada na Broadway na década de 60, a comédia reuniu, no cinema, Jack Lemmon e Walter Matthau.

Fieschi e Vecchia interpretam os protagonistas: dois divorciados (Félix e Oscar). Quando vão morar juntos, descobrem no dia a dia uma relação tão complicada quanto a do ex-casamento de cada um.

Destaque também para Bel Garcia e Susana Ribeiro. Elas dão vida a duas irmãs gaúchas com um sotaque hilariante.
A montagem brasileira estreou em junho de 2009 com a direção de Celso Nunes e tradução e adaptação de Gilberto Braga.

Teatro Folha
End: Av. Higienópolis, 618, piso 2 — Consolação — São Paulo
Tel: (11) 3823-2323
Sexta: às 21h30/ Sábado: às 20h e às 22h/
Domingo: às 20h

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Como ler o Gosho!

Existem três leituras:

1. A primeira seria pensar que os Goshos foram escritos no Século XIII no Japão para um seguidor. Que relação tinha Daishonin com essa pessoa? Como o orientava em suas circunstâncias? Qual era a realidade nessa época?,etc. Esta seria uma leitura geral, mas superficial.

2. A segunda forma de ler o Gosho é pelo ponto de vista da minha própria fé. Pensar que esse Gosho foi escrito para mim, para as minhas circunstâncias, como se o carteiro tivesse batido à minha porta e entregue em minhas mãos um ensinamento que o Buda escreveu para que eu forjasse a minha fé. Desse modo, o Gosho se converte num ensinamento transcendental, que supera todo limite de tempo e espaço, pois trata-se de uma transmissão direta, de vida a vida, através das três existências.

O fato de que nos sintamos discípulos de Daishonin ou não, depende exclusivamente de nós, pois o mestre sempre está aberto igualmente para todas as pessoas. Quem pode sentir o laço eterno entre a vida do mestre e sua própria vida, quem pode cultivar, através de seus esforços, seriedade e determinação, a relação de mestre e discípulo, é a pessoa que cresce ilimitadamente e que, por sua vez, forja inumeráveis seguidores, sem deter-se diante de qualquer obstáculo.

Quando alguém lê o Gosho a partir deste enfoque, pode sentir a emoção e a riqueza que só se experimenta no mundo da fé. Só com base no Gosho e no Gohonzon, alguém pode forja-se como devoto verdadeiro e levantar-se só com o coração valente de um discípulo...

3. A terceira leitura, a mais profunda, é buscar o ensinamento do Gosho com séria determinação de refleti-la em cada um de nossos atos. Quer dizer, ler o Gosho com a vida e alcançar uma absoluta coerência e inseparabilidade entre o ensino de Daishonin e nosso comportamento como pessoa na vida diária.

A fé não existe fora de nossa conduta diária como seres humanos. Assim o disse o Gosho. Esta leitura, entrelaçada com a ação, implica um compromisso sem reservas e uma decisão que vá mais longe do que as teorias ou palavras. Todos devemos ter este tipo de fé, inseparável da vida cotidiana.

Então, abordemos o estudo do Gosho com toda a seriedade e responsabilidade e reflitamos sobre estas perguntas:

1. Qual é a essência profunda do Gosho que acabo de estudar? Pude compreende-lo verdadeiramente, além do aspecto superficial?

2. Que decisão pude tomar em minha vida diária, para aplicar o espírito deste ensino e triunfar?

Outro aspecto importante é não encarar o estudo do Gosho como uma aquisição de conhecimentos de fora para dentro. Dessa forma, nunca poderá sentir o Gosho como parte de si. Ao contrário, o estudo do Gosho é despertar algo que está dentro de nós e que, portanto, não será necessário memorizar ou recordar, pois nos pertence.

Uma vez que termine a reunião, porque não voltar a ler as frases de ouro a cada semana, depois de fazer daimoku, até sentir a emoção de haver extraído todo seu significado?

O processo de incorporar o Gosho à vida diária e fazer dele a base de nossos atos, é tão árduo e longo, como a vida de todo devoto. De modo que estudemos com perseverança e assiduidade este ano e todos os anos vindouros...

Fonte: Argentina Seikyo (01 de fevereiro de 1992) enviado originalmente em espanhol por SELVIS STOCEL
Tradução: Cristina De Gregório Grimaldi Muniz Revisão: Rita de Cássia Ribeiro

O que é o Gosho?

Chama-se "Gosho" ou "Gosho Zenshu", a recopilação de escritos que estabeleceu o Buda Original, Nitiren Daishonin, ao longo de sua vida consagrada a propagar o Budismo e estabelecer as bases do Kosen-Rufu.

A palavra Gosho aplica-se a todo o corpo de escrituras, a cada carta que Nitiren Daishonin escreveu. "Go" é um prefixo honorífico. "Sho" significa "escrito".

A designação Gosho não foi empregada pessoalmente por Daishonin, mas quem a empregou foi Nikko Shonin, seu sucessor imediato, para enaltecer cada uma das frases escritas por seu mestre com o fim de estabelecer o Verdadeiro Budismo.

Nikko Shonin fez esforços extraordinários para recopilar, copiar e preservar a obra de seu mestre. Sua grande preocupação era evitar que as cartas e teses do Buda se perdessem, pois, graças a relação de mestre e discípulo, ele sentia que nelas estava a base do futuro do Kossen-Rufu.

Muitos mestres e sábios da época escreviam seus ensinamentos em chinês clássico, que era incompreensível às pessoas sem erudição. Também dedicavam-se a escrever apenas teses e tratados de fundo acadêmico.

Sem dúvida, Daishonin tinha uma única preocupação: salvar as pessoas anônimas e manifestar em cada uma seu próprio estado de budicidade; dar ao povo sua verdadeira dignidade, compartilhando com ele a grandiosa sabedoria de Buda e fazer com todos fossem budas como ele.

Por isso escrevia com estilo sobressalente e depurado, mas com simplicidade de um verdadeiro sábio. Quando dirigia-se a uma senhora que não havia tido uma educação acadêmica, escrevia em um dialeto popular, o que lhe valia o desdém de certos eruditos e elitistas.

Quando dirigia-se ao governo, aplicava os recursos do estilo literário, mas iluminado pela chama da verdade e da sabedoria. Seu modo de escrever era contundente, antecipado a sua época, vigoroso, cheio de benevolência, livre de toda superficialidade. Cada palavra de Daishonin é letra viva e transcende toda circunstância de tempo e espaço. Por isso, hoje, sete séculos depois, continuamos lendo o Gosho com se houvesse sido escrito para nós, na época atual.

No Gosho incluem-se tratados da doutrina, registros de ensinos orais, cartas de admoestação, gráficos, cartas a seus discípulos e seguidores leigos, e outras escrituras. Hoje são preservadas mais de setecentas obras de Daishonin, entre as quais, manuscritos originais e cópias de seus sucessores, textos completos e fragmentos.

No ano de 1951, o segundo Presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, teve a determinação de promover a edição e compilação do Gosho. Para isso solicitou autorização ao Sumo Prelado Nitiko Hori, brilhante erudito, que aplaudiu o projeto e se uniu a ele encarregando-se da supervisão editorial.

Desta forma, em abril de 1952, o dia da celebração do sétimo centenário do Verdadeiro Budismo, pode-se contar com a versão autorizada e definitiva do Gosho Zenshu, graças ao trabalho da Soka Gakkai.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Budismo é vitória ou derrota ( parte 1 )

Por diversas vezes ouvimos ou lemos a frase “o budismo é vitória ou derrota”. Na verdade, trata-se de um conceito utilizado para examinar nossa prática budista como uma luta em que precisamos triunfar sobre todos os obstáculos e sermos vitoriosos.

Este conceito é tratado de diversas formas em muitos escritos de Nitiren Daishonin. Podemos encontrá-lo sintetizado especialmente na carta “O Supremo Líder do Mundo”, em que Daishonin declara:
“O budismo preocupa-se principalmente com a vitória ou a derrota, ao passo que a autoridade secular baseia-se no princípio da recompensa e punição. Por essa razão, um buda é visto como o Supremo Líder do Mundo, enquanto um rei é considerado como aquele que governa conforme sua vontade”. (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 835.)

Embora não se saiba ao certo a data em que esta carta, endereçada a Shijo Kingo, foi escrita, por seu conteúdo supõe-se que tenha sido no segundo semestre de 1277, ou seja, desde aquela época, esse conceito já era utilizado pelo Buda como forma de encorajar seus discípulos. No caso, Shijo Kingo, destinatário da carta, vinha injustamente sofrendo ameaças por parte de seu lorde que pretendia lhe confiscar as propriedades caso não abandonasse sua fé no Sutra de Lótus. Mesmo diante da realidade em que vivia, Shijo Kingo jurou a Daishonin que ele jamais abandonaria sua fé no Sutra de Lótus.

O exemplo de Shijo Kingo demonstra claramente o quanto ele vinha sofrendo com a punição que a autoridade, no caso, o seu lorde, pretendia lhe impor. Naquela época, a sociedade de samurais era governada pelo sistema de “recompensa e punição”, o que demonstra o quão difícil era manter o modo de vida baseado no correto ensino do budismo.
Ainda assim, sabendo do sofrimento de seu discípulo, Nitiren Daishonin encorajou-o a triunfar sobre as adversidades, fazendo do conceito “budismo é vitória ou derrota” seu padrão de vida, ou seja, a fazer de todas as ocorrências, mesmo a mais insignificante, o ponto de partida para a vitória total.

Do contrário, sem os incentivos de Daishonin, Shijo Kingo poderia encarar aquelas dificuldades em termos de “recompensa e punição” e, assim, não compreenderia em termos de “budismo é vitória ou derrota”, ou seja, como uma luta em defesa da fé.

Por vezes, nós também podemos encarar essa realidade em nossa vida diária. Todavia, conforme o presidente Ikeda orienta, esse modo de vida fundamental do budismo considera todas as fases e aspectos de nossa existência como uma sucessão de batalhas que devem ser travadas e vencidas. Essa é, de fato, a realidade de nossa existência. E, para aqueles que se empenham intensamente nessas batalhas, tudo que ocorre na vida, mesmo na sociedade, torna-se parte de sua prática budista. Ou seja, tudo torna-se de acordo com o princípio de que “budismo é vitória ou derrota”.

Nesse sentido, tanto o budismo como a vida são uma batalha de vitória ou derrota. Não é exagero dizer que o budismo foi exposto para possibilitar todas as pessoas triunfarem na batalha fundamental da própria vida — a luta entre o Buda e as funções do mal.
Será que derrotaremos as funções maléficas e atingiremos a iluminação?
Ou sucumbiremos a elas e viveremos encobertos pela escuridão e ilusão?
O propósito principal da prática budista é conquistar a vitória nessa batalha fundamental.

Brasil Seikyo, edição nº 1988, 23/05/2009, página A8.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Prática individual e prática altruística - jigyo keta.

Quando o poeta inglês John Donne escreveu no século XVII, “Nenhum ser humano é uma ilha, ninguém vive somente para si, todos fazem parte do continente, uma parte da terra firme”, ele expressou uma premissa básica do Budismo Mahayana. Ninguém existe isoladamente. Estamos ligados aos nossos pais que nos conceberam e nos criaram, aos professores que nos educaram e aos amigos que nos incentivaram. Estamos também unidos àqueles com quem nunca nos encontramos, mas que nos beneficiam plantando as frutas e verduras que comemos, confeccionando as roupas que vestimos, escrevendo os livros que nos transmitem conhecimento, enfim a uma infinidade de pessoas.

Essa compreensão deu origem ao que o budismo chama de caminho do bodhisattva. Um bodhisattva é aquele que se esforça para atingir a iluminação e para que outros também possam atingi-la.
Ele realiza os dois tipos de prática budista: a prática individual (jigyo) e a prática altruística (keta).

A prática individual consiste, por exemplo, da recitação do Gongyo (liturgia do Budismo de Nitiren Daishonin) e do Daimoku (Nam-myoho-rengue-kyo) diariamente, da participação nas diversas atividades e da dedicação ao estudo do budismo.

Como exemplos de prática altruística, podemos citar os esforços que realizamos para ensinar sobre o Gohonzon aos outros (Chakubuku) e as visitas para incentivar alguém a aprofundar a fé no budismo.
Em termos de benefícios, não há distinção entre os dois tipos de prática, ou seja, a realização tanto de uma como de outra, beneficiam tanto a nós próprios como aos outros. Por exemplo, o Daimoku que recitamos beneficia a nós próprios e àqueles a quem dedicamos nossas orações.

Os esforços que realizamos para incentivar os que se encontram em dificuldades beneficiam a nós próprios também. Quando uma pessoa inicia a prática e consegue comprovar a veracidade do budismo, esse benefício não é desfrutado somente por ela, mas por quem lhe ensinou essa filosofia. Isso se deve à profunda relação que temos com essas pessoas e às causas extremamente positivas que realizamos com essas nobres ações.

É por essa razão que ouvimos com freqüência que o caminho mais seguro para nossa revolução humana é a prática do Chakubuku.

Na escritura “Questões sobre os Três Grandes Ensinos Fundamentais”, Nitiren Daishonin declara: “O Daimoku que Nitiren recita agora no início dos Últimos Dias da Lei é o Nam-myoho-rengue-kyo que abrange tanto a prática individual como a altruística.” (Gosho Zenshu, pág. 1.023.)
Ele afirma também o seguinte na escritura “Perguntas e respostas sobre abraçar o Sutra de Lótus”: “Recite resolutamente o Nam-myoho-rengue-kyo e recomende aos outros que façam o mesmo, isso permanecerá como a única lembrança de sua presente vida neste mundo humano.” (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 166.)

Com base nessas frases, devemos recitar o Daimoku acreditando no Gohonzon e empenharmo-nos em ensinar sobre seus benefícios às demais pessoas. A fim de atingirmos as principais metas como praticantes do Budismo de Nitiren Daishonin — a revolução humana e o Kossen-rufu (paz mundial) — precisamos nos empenhar nas duas práticas: individual e altruística. Essas duas formas de prática são como as rodas de um carro, uma completa a outra.

Fonte: TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 401, PÁG. 10, JANEIRO DE 2002.

O que é levantar-se só?

REVISTA DEZ, EDIÇÃO Nº 95, PÁG. 21, NOVEMBRO DE 2009.
A matéria deste mês é o espírito de “levantar-se só”. Nessas poucas palavras estão contidas toda a essência do Budismo Nitiren e vem sendo a base para a construção da Soka Gakkai até hoje.
Em uma escritura, Nitiren Daishonin diz: “Quando eu, Nitiren, inicialmente abracei a fé no Sutra de Lótus, eu era como uma única gota d’água ou uma única partícula em todo o país do Japão”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. III, pág. 82.)

Naquela época, mesmo sofrendo vários ataques, Nitiren não recuou em nenhum momento possibilitando-nos a oportunidade de praticar o Budismo Nitiren hoje. Isso é “levantar-se só”.

Todos os dias é uma nova partida e nem sempre temos pessoas ao nosso lado que nos ajudam. Nesses momentos, devemos nos levantar com coragem conscientes de nossa nobre missão, não sermos influenciados pelas dificuldades e ultrapassar cada obstáculo com a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.

Outro capítulo marcante na história da Gakkai é: “Contudo, eu irei. Existem companheiros que estão me aguardando (...) Houve alguma vez em que o presidente Toda recuou em meio a uma luta?! Eu sou discípulo do presidente Toda! Eu vou. Vou sem falta, custe o que custar! Se tiver de tombar, então tombarei em combate! Que desventura pode haver nisso?” (Nova Revolução Humana, vol. 1, pág. 178.)

Ikeda Sensei encontrava-se extremamente debilitado, porém seu brado de coragem ecoou mais forte do que qualquer circunstância externa.
Levantar-se só é romper limites, isto é, avançar, fazer a revolução humana e fazer a “vida acontecer”.

Vamos sempre tomar a iniciativa com alegria e coragem, pois a vitória ou derrota está contida na determinação. Cada dia é uma nova batalha e devemos levantar com renovada disposição, assumindo a responsabilidade de representar o Mestre onde ele não pode estar e levar felicidade todas as pessoas. Não vamos perder nenhuma oportunidade nessa época de ouro em que temos a grande boa sorte de avançar e criar uma gloriosa história junto com o Mestre.

Nitiren declara: “Cada um dos senhores deve reunir a coragem de um leão e jamais sucumbir às ameaças de ninguém. O leão não teme nenhum outro animal”. (Ibidem, vol. I, pág. 303.)

O final do ano está chegando, então este é o momento de levantarmos como bravos leões e conquistarmos grandes vitórias

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

De todos os papéis, o melhor é o de ser feliz!

30 DE JANEIRO DE 2010 — EDIÇÃO Nº 2021
Um ator vive os mais variados personagens e histórias. E como encarar o drama da vida diária, livre de um personagem, com os seus próprios conflitos, medos, descobertas, alegrias? Esse grande ator, homem carismático e simplesmente adorável conta como descobriu o seu maior papel — o de ser feliz no palco da vida.
São experiências riquíssimas que tem vivenciado a partir do seu encontro com o Budismo Nitiren.
Rogério Freitas é responsável pelo Distrito Ipanema, Subcoordenadoria Centro, CRJ.

Budismo é comportamento, atitude, exemplo
Posso resumir minha história numa única frase: Sou feliz! Budismo é comportamento, atitude, exemplo. É estar bem não importando o que aconteça. E isso só se consegue por meio de uma revolução interior adquirida pela recitação de Nam-myoho-rengue-kyo.
Levei anos para entender que precisava primeiro realizar a minha transformação interna para então obter a tão almejada transformação externa. Costumo dizer aos iniciantes na prática do Budismo Nitiren: Acreditem! Recitem Daimoku e solucionem os problemas mais prementes; depois, continuem recitando Daimoku que a vida mudará com certeza! E quando sentirem que estão mudando, recitem ainda mais Daimoku em agradecimento!
Como ator de teatro sempre tive uma situação financeira muito difícil. No auge da minha angústia profissional, econômica, emocional, afetiva, depois de muitas noites de insônia, fui a uma reunião para convidados que mudou minha maneira de pensar e agir. Talvez não tivesse a dimensão do que o meu amigo estava me apresentando — a filosofia do Budismo Nitiren. Era algo extraordinário! Sem perceber, iniciava ali a minha revolução humana.
Naquela noite, dormi como há muito tempo não fazia. Não só dormi como sonhei. Sonhei que escalava um pico com muita dificuldade. Ao chegar no cume, descobri um vale muito grande com uma vila onde todos viviam muito felizes e era ali que eu desejava viver... No dia seguinte, iniciei a recitação de Daimoku para valer. Primeiro cinco minutos, depois 20 minutos diários. Os efeitos logo começaram a surgir. Inexplicavelmente, fui começando a sair daquela angústia, parei de choramingar e me fazer de coitadinho. Fui eliminando meus problemas emocionais e afetivos. Entre os amigos, passei a causar espanto. Achavam-me bem, tranquilo, perguntavam o que estava acontecendo comigo. Era a energia do Daimoku!
Os perrengues continuavam, mas eu passava melhor por eles. Comecei a achar que merecia uma vida melhor. Resolvi colocar os meus objetivos num papel, dando-me um prazo para cada um deles. Determinei que tivesse um trabalho com um salário que merecesse, que fosse tratado como o grande ator que sou e passei a recitar 40 minutos de Daimoku diários. Exatamente um mês depois, recebi um telefonema para protagonizar um espetáculo, num dos melhores teatros do Rio de Janeiro, com um elenco de peso, salário fixo e sem depender de bilheteria — o valor que eu havia determinado. Com esse trabalho, conquistei maior respeito da crítica e da classe. Essa foi a primeira prova real que me fez ingressar na BSGI em 2003.

A mudança veio de dentro para fora
Porém, a situação financeira voltou a ficar a mesma logo em seguida. Estudando o budismo, praticando e participando das reuniões fui percebendo que era uma tendência cármica que se repetia, mais ou menos, de quatro em quatro anos. De fato, fui me tornando uma pessoa melhor, mas no que dizia respeito à grana foi ficando cada vez pior. Cheguei ao ponto de ter todos os meus cartões de créditos cancelados por falta de pagamento, meu cheque especial suspenso, devia dinheiro ao meu irmão, à minha irmã, a amigos, além de ter três empréstimos com juros altíssimos no banco. Trabalho que era bom, nada. Não surgiam boas oportunidades.
A essa altura, eu já vinha assumindo funções dentro da organização.
Como líder, eu transmitia as palavras do presidente da SGI, Daisaku Ikeda, incentivava as pessoas e ajudava os membros a comprovarem a Lei Mística na vida.
Tarefa nada fácil quando não se está comprovando na própria vida. Mas, sabia que não existe oração sem resposta. Se eu ainda não tinha mudado essa questão era porque ainda precisava mudar algo dentro de mim. Seguia em frente nas atividades da organização, sem desanimar, recitando muito Daimoku, às vezes só com o dinheiro da ­passagem ou a pé. Confiante que isso ia mudar. Como diz uma veterana amiga “enquanto se tem dúvida e sofre, nada adianta”.
Ouvi de outra veterana: “Rogério, você tem que transformar sua condição econômica a partir da participação no Departamento de Kofu. O que está esperando?” Palavras duras, mas que me fizeram mudar. A partir daí, comecei a dar mais atenção ao Kofu. Dediquei-me mais às visitas, passando de um total de dez no ano para dez no mês. No banco em que movimentava meu dinheiro, ou seja, minhas dívidas, não conseguia mais manter a conta. Minha contribuição no Departamento de Kofu era sempre de três cotas, que tirava do especial, aumentando meu negativo. “Isso não é budismo!”, pensava.
Determinei tirar a minha contribuição de um saldo positivo e negociar as dívidas assim que pudesse. Antes de praticar o budismo, uma situação como essa me levaria ao total desespero. Paralelamente, procurei algo que pudesse me dar um dinheiro a mais. Não dava para ficar esperando pintar um trabalho no teatro e parti para a área de vendas.
Acordava às 6h da manhã, comecei o treinamento e as visitas aos clientes. E recitava duas horas de Daimoku diárias. Essa era a minha determinação!

O caminho extraordinário da filosofia budista
A partir dessa ação, os trabalhos como ator começaram a surgir. De tal maneira, que eu não tive mais tempo de ir ao treinamento. Não vendi nada. Os cachês aumentaram a partir do momento em que decidi me valorizar, recusando trabalhos com cachês baixos mesmo precisando muito e estando zerado. Concluí que precisava apenas fazer o movimento para que o Universo conspirasse a meu favor. Como disse outro veterano: “você ainda não transformou isso porque é covarde!”.
Entendi... O que faltava era a ação! Ao encerrar aquele trimestre, eu tinha triplicado o valor da minha contribuição, somando vários papeizinhos de depósito de cada dinheiro que entrava e parte das minhas contas também já tinham sido pagas. Os trabalhos continuaram aparecendo com cachês muito bons e o dinheiro surgia de situações que eu jamais poderia imaginar. Quitei todas as dívidas e ainda fiquei com uma pequena poupança. Profissionalmente, nunca mais faltou trabalho.
Participo do espetáculo “Estranho Casal”, em São Paulo , com mais três budistas (Carmo Dalla Vecchia — meu apresentador; Edson Fieschi — ator e produtor do espetáculo junto com Luciano Borges Rezende, também produtor). Este espetáculo é fruto de oração e ação, principalmente da determinação do Luciano. É um sucesso de crítica e de público! Participei da novela “A Favorita” e hoje já estou ensaiando um musical para estrear em março no Rio de Janeiro. Procuro sempre ensinar às pessoas esse caminho extraordinário da filosofia budista. Oito pessoas se tornaram membros da BSGI. Tenho a boa sorte de ter alguns deles como líderes de bloco, comunidade e distrito (minha responsável pela DF de distrito, por exemplo, Giselda Mauler, foi apresentada ao budismo por mim).
O budismo me trouxe serenidade, sabedoria para enfrentar qualquer dificuldade quer seja no trabalho, na família, na roda de amigos ou na sociedade. Hoje, muito mais do que me ajudar a resolver meus problemas, é perceber que não existe problema que me abale.
Foi num desses elencos, numa produção que pagava muito mal também, que conheci o Carmo. Durante os ensaios, ele me chamava a atenção porque estava sempre bem. Tudo dava errado, mas ele saía feliz, tranquilo, enquanto eu me estressava totalmente. Quando me falou sobre o Budismo Nitiren, comecei a perceber de onde vinha a tranquilidade dele e a felicidade que ele me apresentava tinha fundamento. Estava apoiado numa convicção de viver bem, independentemente do obstáculo.
Ele prometeu me levar numa reunião para convidados. Nesse meio tempo, ele me falava de carma, causa e efeito, veneno em remédio, Daishonin, onshitsu (levei séculos para decorar essa palavra), me passou o Nam-myoho-rengue-kyo e me pediu que recitasse por cinco minutos. Eu fazia de vez em quando só para dizer a ele que fiz, caso perguntasse. Quando eu perguntava o que significava vinha um monte de coisa confusa (para mim).
Às vezes, ele ainda dizia: “tô com uma vontade de recitar Daimoku!” Eu ficava besta... mais besta ainda fiquei ao ver o tamanho do oratório na casa dele. Pensei: “Esse móvel não tem nada a ver com a sala...” Um dia entre um ensaio e outro de uma cena, ele pediu que eu lesse um artigo na Terceira Civilização e sentou do meu lado. Tive que ler! (risos). Era um artigo do presidente Ikeda sobre como recitar Daimoku e os benefícios que traz. Foi aí que passei a aceitar mais algumas coisas que o Carmo falava. Um tempo depois fui a reunião para convidados e descobri a extraordinária força da Lei Mística. Bom... essa parte já contei!
Agradeço ao meu amigo Carmo Dalla Vecchia por ter me apresentado essa poderosa filosofia de vida e ao meu Mestre, Daisaku Ikeda.